Chile

Pablo Neruda: Mistério sobre a morte se aproxima do fim

20/10/2017

O Chile se aproxima nesta sexta-feira (20) do final do mistério em torno da morte de Pablo Neruda, com a provável certeza científica que o famoso autor de “Canto Geral” foi assassinado pela ditadura de Augusto Pinochet.

Pode ser um dia histórico no Chile e um marco para o mundo forense, se as conclusões do Painel Genômico-Proteômico, composto por especialistas de seis países, conseguir convencer a justiça a iniciar uma queixa no caso.

Uma reveladora reportagem da Chilevisión trouxe à público os fortes argumentos, que parecem corroborar a hipótese de crime, lançados pelo motorista e assistente pessoal de Neruda na época, Manuel Araya.

Araya foi a pessoa que denunciou o caso e, apesar de ter contado com o apoio de meios de comunicação internacional, em primeiro lugar o jornalista Francisco Marín, da revista Proceso de México, também encontrou ataques furiosos.

A Fundação Neruda, acusada pela maioria da família do poeta de colocar acima de tudo o lado mercantil e comercial do autor de Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada, argumentou que era quase uma blasfêmia exumar os restos de Neruda.

Quando a exumação foi feita em 2013, por ordem do juiz Mario Carroza, o Museu da Casa de Isla Negra, onde estavam os restos mortais do poeta, continuou oferecendo visitas aos turistas ao pé do túmulo, sem nunca explicar aos visitantes, como a Prensa Latina pode comprovar, que os vestígios do Prêmio Nobel de Literatura não estavam mais em Isla Negra. Durante todo o tempo os diretores da Fundação rejeitaram a investigação.

Tampouco um dos sobrinhos de Neruda, Bernardo Reyes, aceita a questão, repete que é uma farsa e acusa Araya de mentiroso.

Mas para o advogado e também o sobrinho do escritor, Rodolfo Reyes Muñoz, a maioria esmagadora de sua família e o advogado Eduardo Contreras, arguidos no caso, não têm dúvidas sobre a veracidade das palavras de Araya.

“Precisamos de evidências científicas, mostrando que no corpo de Neruda foram encontradas substâncias tóxicas provavelmente inoculadas por terceiros”, observou Contreras.

Na mesma linha, Reyes Muñoz e outra advogada que representa parte da família, Elisabeth Flores, estão esperançosos que os especialistas do Canadá, Espanha, França, Dinamarca, Estados Unidos e Chile o certifiquem.

Um colaborador muito próximo do presidente Salvador Allende e potencialmente o líder da oposição a Pinochet no exílio – onde ele nunca chegou – as circunstâncias da morte de Neruda ainda são um mistério.

Depois de detectar a existência de staphylococcus dourado em seus ossos, uma substância tóxica muito agressiva, aconteceu um primeiro painel científico que decidiu em 2015 aprofundar as pesquisas.

O Painel que se reúne esta semana em um hotel em Santiago tenta encaixar as peças de um quebra-cabeça, como apontou o especialista espanhol Aurelio Luna, para apresentar o resultado de suas deliberações.

Nesta sexta-feira, no final da tarde, a mídia internacional saberá a opinião que ratifica a possível causa de envenenamento, levando o juiz Carroza a iniciar uma queixa contra vários suspeitos.

“Esta é a primeira vez que uma análise genômica, proteômica e toxicológica foi abordada. Se formos bem, marcaremos um caminho para o futuro “, disse o espanhol Alvaro Luna à Prensa Latina.

A chave para o problema parece ser encontrada nos dados já fornecidos pelos médicos canadenses Hendrik e Debi Poinar do Centro de DNA da Universidade de Hamilton, Ontário.

No laboratório do Centro, considerado um dos três do seu tipo mais importante no mundo, um molar, um fragmento da tíbia e outro do fêmur dos restos de Neruda, foram analisados detalhadamente na busca por bactérias estranhas.

Fonte: Prensa Latina, texto de Fausto Triana, tradução da redação do Resistência

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