Enquanto a atenção político-midiática está concentrada no Brexit e outros possíveis descolamentos da União Europeia (UE), a Otan, com a desatenção geral, aumenta sua presença e sua influência na Europa.
Por Manlio Dinucci*
O secretário geral Stoltenberg, tendo tomado conhecimento de que “o povo britânico decidiu sair da União Europeia”, assegura que “o Reino Unido continuará a jogar seu papel dirigente na Otan”. Ele sublinha assim que, diante da crescente instabilidade e incerteza, “A Otan é mais importante do que nunca como base da cooperação entre os aliados europeus e entre a Europa e a América do Norte”.
No momento em que a UE se fissura e perde pedaços, pela rebelião de vastos setores populares deteriorados pelas políticas “comunitárias” e sob o efeito de suas próprias rivalidades internas, a Otan se coloca, de uma maneira mais explícita do que nunca, como base de união entre os Estados europeus. Estes se encontram desta maneira engatados e ainda mais subordinados aos Estados Unidos, os quais reforçam sua liderança nessa aliança.
A Cúpula da Otan de chefes de Estado e de governo, que se realizará em 8 e 9 de julho em Varsóvia, foi preparada por um encontro (13 e 14 de junho) entre os ministros da defesa, ampliado à Ucrânia, que contudo não faz parte oficialmente da Otan. No encontro decidiu-se aumentar a “presença avançada” na Europa Oriental, na fronteira da Rússia, deslocando rotativamente quatro batalhões multinacionais nos Estados bálticos e na Polônia. Esse deslocamento pode ser rapidamente reforçado, como o demonstrou um exercício da “Força máxima” durante o qual um milhar de soldados e 400 veículos foram transferidos em quatro dias da Espanha à Polônia. Com esse mesmo objetivo decidiu-se aumentar a presença naval da Otan no Báltico e no Nar Negro, nas fronteiras das águas territoriais russas. Ao mesmo tempo, a Otan projetará mais forças militares, incluindo aviões radar Awacs, no Mediterrâneo, no Oriente Médio e na África.
Na mesma reunião, os ministros da defesa se comprometeram a aumentar em 2016 a despesa militar em mais de três bilhões de dólares da Otan (que, considerando apenas os orçamentos da defesa, monta a mais da metade da mundial), e a continuar a aumentar nos próximos anos. Eis as preliminares da Cúpula de Varsóvia, que se propõe três objetivos chave: “reforçar a dissuasão” (ou seja, as forças nucleares da Otan na Europa); “projetar a estabilidade além das fronteiras da Aliança” (ou seja, projetar as forças militares no Oriente Médio, na África e Ásia, inclusive além do Afeganistão); “ampliar a cooperação com a UE” (ou seja, integrar ainda mais as forças europeias na Otan sob o comando dos EUA).
A crise da UE, que emergiu com o Brexit, facilita o projeto de Washington: levar a Otan a um nível superior, criando um bloco militar, político e econômico (através do TTIP) EUA-UE, sempre sob comando estadunidense, oposto à área euro-asiática em ascensão, fundada sobre a aliança Rússia-China. Nesse quadro, a afirmação do primeiro-ministro italiano Renzi no fórum de São Petersburgo, de que “a palavra guerra fria está fora da história e da realidade, pois a UE e a Rússia se tornam excelentes vizinhos”, é tragicamente grotesca. O enterro do gasoduto South Stream Rússia-Itália e as sanções contra a Rússia, ambos sob as ordens de Washington, já fizeram com que a Itália perdesse bilhões de euros. E os novos contratos assinados em São Petersburgo podem ir aos ares a qualquer momento no terreno minado pela escalada da Otan contra a Rússia. Escalada na qual o governo Renzi participa. Enquanto ele declara que a guerra fria está fora da realidade, colabora com a instalação na Itália de novas bombas nucleares estadunidenses para o ataque contra a Rússia.
*Jornalista e geógrafo
Fonte: Il Manifesto; traduzido por José Reinaldo Carvalho para Resistência[:it]Mentre l’attenzione politico-mediatica è concentrata sulla Brexit e su possibili altri scollamenti della Ue, la Nato, nella generale disattenzione, accresce la sua presenza e influenza in Europa.
Il segretario generale Stoltenberg, preso atto che «il popolo britannico ha deciso di lasciare l’Unione europea», assicura che «il Regno Unito continuerà a svolgere il suo ruolo dirigente nella Nato». Sottolinea quindi che, di fronte alla crescente instabilità e incertezza, «la Nato è più importante che mai quale base della cooperazione tra gli alleati europei e tra l’Europa e il Nordamerica».
Nel momento in cui la Ue si incrina e perde pezzi, per la ribellione di vasti settori popolari danneggiati dalle politiche «comunitarie» e per effetto delle sue stesse rivalità interne, la Nato si pone, in modo più esplicito che mai, quale base di unione tra gli stati europei. Essi vengono in tal modo agganciati e subordinati ancor più agli Stati uniti d’America, i quali rafforzano la loro leadership in questa alleanza.
Il Summit Nato dei capi di stato e di governo, che si terrà a Varsavia l’8-9 luglio, è stato preparato da un incontro (13-14 giugnotra i ministri della difesa, allargato all’Ucraina pur non facendo essa parte ufficialmente della Nato.
Nell’incontro è stato deciso di accrescere la «presenza avanzata» nell’Europa orientale, a ridosso della Russia, schierando a rotazione quattro battaglioni multinazionali negli stati baltici e in Polonia. Tale schieramento può essere rapidamente rafforzato, come ha dimostrato una esercitazione della «Forza di punta» durante la quale un migliaio di soldati e 400 veicoli militari sono stati trasferiti in quattro giorni dalla Spagna alla Polonia. Per lo stesso fine è stato deciso di accrescere la presenza navale Nato nel Baltico e nel Mar Nero, ai limiti delle acque territoriali russe.
Contemporaneamente la Nato proietterà più forze militari, compresi aerei radar Awacs, nel Mediterraneo, in Medioriente e Africa.
Nella stessa riunione, i ministri della difesa si sono impegnati ad aumentare nel 2016 di oltre 3 miliardi di dollari la spesa militare Nato (che, stando ai soli bilanci della difesa, ammonta a oltre la metà di quella mondiale), e a continuare ad accrescerla nei prossimi anni.
Queste sono le premesse dell’imminente Summit di Varsavia, che si pone tre obiettivi chiave:
«rafforzare la deterrenza» (ossia le forze nucleari Nato in Europa);
«proiettare stabilità al di là dei confini dell’Alleanza» (ossia proiettare forze militari in Medioriente, Africa e Asia, anche oltre l’Afghanistan);
«allargare la cooperazione con la Ue» (ossia integrare ancor più le forze europee nella Nato sotto comando Usa).
La crisi della Ue, emersa con la Brexit, facilita il progetto di Washington: portare la Nato a un livello superiore, creando un blocco militare, politico ed economico (tramite il Ttip) Usa-Ue, sempre sotto comando Usa, contrapposto all’area eurasiatica in ascesa, basata sull’alleanza Russia-Cina.
In tale quadro, l’affermazione del premier Renzi al forum di San Pietroburgo, «la parola guerra fredda è fuori dalla storia e dalla realtà, Ue e Russia tornino ad essere ottimi vicini di casa», è tragicamente grottesca.
L’affossamento del gasdotto South Stream Russia-Italia e le sanzioni contro la Russia, ambedue per ordine di Washington, hanno già fatto perdere all’Italia miliardi di euro. E i nuovi contratti firmati a San Pietroburgo possono saltare in qualsiasi momento sul terreno minato della escalation Nato contro la Russia. Alla quale partecipa il governo Renzi che, mentre dichiara la guerra fredda fuori dalla realtà, collabora allo schieramento in Italia delle nuove bombe nucleari Usa per l’attacco alla Russia.
Il Manifesto[:fr]
