A maior parte da cúpula do Partido Republicano ainda sonha em emplacar Ted Cruz como o candidato do partido à Casa Branca. Não que Ted Cruz seja menos reacionário do que Donald Trump, o franco favorito nas prévias dos “elefantes” (o elefante é o símbolo do Partido Republicano), mas por que avaliam que Trump seria um candidato mais fácil de ser batido pelo oponente do Partido Democrata. Para viabilizar Ted Cruz, estão sendo empregadas técnicas de “operações psicológicas”, como nos conta Thierry Meyssan neste artigo.
Ted Cruz PsyOp
Pela primeira vez na História, uma equipe especializada em operações psicológicas tenta fabricar um candidato à eleição presidencial estadunidense e leva-lo à Casa Branca. Sua vitória, se ocorrer, atestaria a possibilidade de falsificar o próprio processo eleitoral. Ou, poria a questão do poder dos militares sobre as instituições civis.
Por Thierry Meyssan*
As “operações psicológicas” (Psy Ops) são “artifícios de guerra”, à imagem do Cavalo de Troia. Sob a influência do general Edward Lansdale, os Estados Unidos dotaram seus exércitos e a CIA de unidades especializadas, inicialmente nas Filipinas, no Vietnã e contra Cuba, depois de maneira permanente [1].
As operações psicológicas são muito mais complexas que a propaganda que não visa a outro objetivo senão deformar a percepção da realidade. Por exemplo, durante a guerra contra a Síria em 2011, a propaganda aliada consistia em convencer a população de que o presidente Assad fugiria como o presidente Ben Ali tinha fugido na Tunísia. Os sírios deveriam então se preparar para um novo regime. Enquanto no começo de 2012, uma operação psicológica previa substituir nos canais de televisão nacional com falsos programas pondo em cena a queda da República Árabe Síria de sorte que a população não opusesse mais qualquer resistência [2].
Da mesma maneira que existem hoje exércitos de mercenários, tais como Blackwater-Academi, DynCorp ou CACI, existem companhias privadas especializadas nas operações psicológicas como a britânica SCL (Strategic Communications Laboratories) e sua filial estadunidense Cambridge Analytica. No maior segredo, elas ajudam a CIA a organizar as “revoluções coloridas” e se lançam à manipulação dos eleitores. Desde 2005, elas participam no salão britânico Defense Systems & Equipment International (DSEI) e vendem seus serviços aos que dão os melhores lances [3]. No exemplo sírio, a SCL trabalhou no início de 2011 no Líbano onde estudou as possibilidades de manipulação da população em cada comunidade.
Operações psicológicas e eleitorado
Nas sociedades modernas, as autoridades políticas são designadas pela via eleitoral. Isto pode ocorrer com uma simples escolha — segundo as qualidades pessoais — entre candidatos pré-selecionados até a designação de personalidades portadoras de um projeto político determinado. Em todos os casos, os candidatos devem apoiar-se em militantes ou funcionários para fazer sua campanha. Sabe-se que o vencedor é quase sempre aquele que consegue reunir atrás de si o maior número de apoiadores. Portanto, convém não somente fabricar um candidato, mas também um partido ou um movimento para apoiá-lo. Ora, os eleitores hoje em dia hesitam em se filiar numa organização e os funcionários custam caro. A SCL teve a ideia de utilizar técnicas comportamentais para fabricar um partido político que levará seu cliente ao poder. Seus psicólogos elaboraram o perfil padrão do militante sincero e manipulável, depois coletaram os dados sobre a população alvo, determinaram quem corresponde ao perfil padrão e as mensagens mais eficazes para convencê-la a apoiar seu cliente.
Pela primeira vez isto acaba de ter lugar em larga escala: nos Estados Unidos com Ted Cruz.
O slogan da campanha de Ted Cruz : “TrusTed”, um jogo de palavras significando “Ted, aquele em quem se acredita”.
O financiamento da operação
Robert Mercer, um dos dez principais doadores da vida pública estadunidense, pagou indiretamente mais de 15 milhões de dólares à SCL-Cambridge Analytica para que se encarregue da campanha de Ted Cruz [4].
Inventor de um software de reconhecimento vocal, Mercer é hoje o patrão da Renaissance, uma sociedade de investimentos que está entre as mais eficazes do mundo. Seu célebre fundo Medaillon realizou de 1989 a 2006 em média 35 % de lucros por ano fazendo funcionar um sistema de evasão fiscal para seus clientes [5].
Robert Mercer jamais manifestou opiniões políticas publicamente e os comentaristas estadunidenses não sabem muito como classificar esse “republicano”. Não se conhece, por exemplo, suas posições sobre problemas da sociedade como o direito ao aborto ou o casamento gay. No máximo, sabe-se que ele não acredita que as mudanças climáticas são provocadas pela atividade humana. E que ele combate claramente Hillary Clinton e seu amigo Donald Trump, e que é próximo de John Bolton.
A coleta de dados pessoais
Para selecionar os cidadãos suscetíveis de se tornarem militantes, a SCL/Cambridge Analytica reuniu secretamente dados pessoais entre milhões de eleitores [6].
O doutor Aleksandr Kogan comprou os dados da Amazon, gigante da venda on line nos Estados Unidos, depois pagou cerca de um dólar suplementar por cliente para que um questionário fosse enviado via Mechanical Turk (MTurk). Aceitando se identificar via Facebook, o internauta permitia a MTurk ter acesso a seus dados pessoais que eram cruzados com os da Amazon e os transmitia por meio da sociedade de Kogan, Global Science Research (GSR), à SCL. Embora o doutor Kogan tenha assegurado ao Guardian trabalhar apenas com fins de pesquisa científica e unicamente com dados anônimos, estes estão hoje em posse da SCL [7].
Em alguns meses, a SCL dispõe de uma base de dados detalhada de mais de 40 milhões de eleitores estadunidenses, sem que tenham sido voluntários.
Em 2008, a Corte Internacional de Justiça decidiu se opor aos Estados Unidos na revisão de um processo de um mexicano condenado sem o benefício da assistência jurídica consular. Entretanto, Ted Cruz, então advogado geral do Texas, arguiu perante a Corte Suprema que um Estado federado não era obrigado a obedecer a uma Corte estrangeira. Ele ganhou, os Estados Unidos denunciaram o protocolo adicional à Convenção de Viena, e o condenado foi executado.
A interpretação dos dados pessoais
A Cambridge Analytica Então procedeu a uma avaliação de cada perfil segundo o método de analisar:
– a “Abertura” (apreciação da arte, da emoção, da aventura, das ideias pouco comuns, da curiosidade e da imaginação);
– ser “Consciencioso” (autodisciplina, cumprimento das obrigações, organização acima da espontaneidade; a orientação em face dos objetivos buts);
– a “Extroversão” (energia, emoções positivas, tendência a buscar estímulo e a companhia dos outros, ir em frente) ;
– ser “Agradável” (tendência a ser compassivo e cooperativo mais do que suspicaz e antagônico em relação aos outros) ;
– “Neuroticismo” (tendência a suportar facilmente emoções desagradáveis como a raiva, a inquietude ou a depressão, vulnerabilidade).
Para cada pessoa estabeleceu-se um gráfico de personalidade utilizando 240 questões de testes NEO PI-R (Neuroticism-Extraversion-Openness Personality Inventory-Revised).
Sobre essa base, a SCL identificou os indivíduos que seriam os militantes sinceros e manipuláveis, em seguida elaborou argumentos personalizados para convencê-los.
Podia-se pensar que estudos de personalidade elaborados independentemente da vontade das pessoas seriam bastante aproximados. Porém…
Brilhante jurista, Ted Cruz defendeu o monumento dos Dez Comandos instalado no Capitólio do estado do Texas. Ele redigiu o memorial dos procuradores gerais de 31 estados, segundo os quais a proibição das armas viola o direito ao porte der armas garantido pela segunda emenda da Constituição dos Estados Unidos. Ele defendeu igualmente a recitação do Juramento à bandeira dos Estados Unidos, uma “Nação sob a proteção de Deus”, nas escolas públicas.
O candidato Ted Cruz
O candidato à Casa Branca Ted Cruz é um excelente jurista, brilhante orador e debatedor. Ele peticionou muitas vezes junto à Corte Suprema dos Estados Unidos. É mais liberal que conservador.
Seu pai, o pastor evangélico Rafael Cruz, é um emigrado cubano que prega o mandato que Deus teria dado aos homens de fé para governar a “América”. Ele assegura que no final dos tempos, que não tardará, Deus dará aos justos as riquezas das naus [8].
A esposa de Ted, Heidi Cruz, foi diretora para a América do Sul no Conselho de Segurança Nacional à época de Condoleezza Rice, depois vice-presidente do Goldman Sachs encarregada da gestão das fortunas dos clientes do Sudoeste do país [9].
No começo da campanha presidencial, Ted Cruz recebia poucas opiniões favoráveis e a imprensa falava de sua personalidade como pouco empático. Entretanto, graças à ajuda da SCL/Cambridge Analytica, constituiu-se rapidamente um vasto grupo de apoio e ele ganhou as primárias de Iowa.
Em 1988, Ted Cruz afirmava seu ideal de vida: “Assumir o controle do mundo. A dominação mundial, administrar tudo, ser rico, poderoso, esse tipo de coisa”.
Seu eventual acesso à Casa Branca Maison-provaria a possibilidade de subverter uma campanha eleitoral recorrendo ás técnicas das operações psicológicas.
* Thierry Meyssan é consultor político, presidente-fundador da Rede Voltaire e da Conferência Axis for Peace (Eixos para a Paz)
Tradução: José Reinaldo Carvalho
Fonte: Rede Voltaire
[1] Edward Lansdale’s Cold War, Jonathan Nashel, University of Massachusetts Press, 2005.
[2] “A Otan prepara uma vasta operação de intoxicação”, por Thierry Meyssan, Komsomolskaïa Pravda (Russie), Réseau Voltaire, 10 junho de 2012. “PsyOp imminente de l’OTAN contre la Syrie”, Réseau Voltaire, 20 juillet 2012.
[3] “You Can’t Handle the Truth. Psy-ops propaganda goes mainstream”, Sharon Weinberger, Slate, September 2005.
[4] “The Man Who Out-Koched the Kochs”, Annie Linskey, Bloomberg, October 23, 2014.
[5] “Renaissance Avoided More Than $6 Billion Tax, Report Says”, Zachary R. Mider, Bloomberg, July 22, 2014.
[6] “Cruz partners with donor’s ’psychographic’ firm. The GOP candidate’s campaign is working closely with a data company owned by Cruz’s biggest donor”, Kenneth P. Vogel and Tarini Parti, Politico, July 7, 2015. “Cruz-Connected Data Miner Aims to Get Inside U.S. Voters’ Heads”, Sasha Issenberg, Bloomberg, November 12, 2015. “Cruz campaign credits psychological data and analytics for its rising success”, Tom Hamburger, The Washington Post, December 13, 2015.
[7] “Ted Cruz sing firm that harvested data on millions of unwitting Facebook users”, Harry Davies, The Guardian, December 11, 2015.
[8] “Ted Cruz’s Father Fires Up Campaign Rhetoric. Rafael Cruz’s Bible-laced speeches appeal to conservatives, but could alienate swing voters”, Janet Hook, Wall Street Journal, June 21, 2015. “Ted Cruz’s dad is even more frightening than Ted Cruz”, Robert Leonard, Salon, September 24, 2015.
[9] “Heidi Nelson Cruz, Ted’s Wife : 5 Fast Facts You Need to Know”, Tom Cleary, Heavy, March 23, 2015. “Heidi Nelson Cruz: A Political Spouse Making Sacrifices and Courting Donors”, Steve Eder & Matt Flegenheimer, The New York Times, January 18, 2016.
[:es]Por primera vez en la Historia, un equipo especializado en operaciones de guerra sicológica trata de fabricar un candidato a la elección presidencial estadounidense para instalarlo en la Casa Blanca. De llegar a concretarse, la victoria de ese candidato demostraría que es posible falsificar el proceso electoral.
Por Thierry Meyssan*
Las PsyOps («operaciones sicológicas»), están consideradas comúnmente como «artimañas de guerra», como el clásico Caballo de Troya. Bajo la influencia del general Edward Lansdale, Estados Unidos dotó a sus fuerzas armadas y a la CIA de unidades especializadas en guerra sicológica, utilizadas primeramente en Filipinas –a inicios de los años 1950–, así como en Vietnam y contra Cuba, antes de pasar a ser de uso permanente [1].
Las operaciones sicológicas son mucho más complejas que las operaciones de propaganda, que no buscan otra cosa que deformar la percepción de la realidad. Por ejemplo, en 2011, durante la guerra contra Siria, la propaganda atlantista consistía en convencer a la población de que el presidente Assad iba a huir del país, como había hecho el presidente Ben Alí en Túnez. El objetivo era que los sirios creyeran que el surgimiento de un nuevo régimen era inevitable. Pero al año siguiente, en 2012, una operación sicológica preveía suplantar la televisión nacional siria con la transmisión de falsos programas –supuestamente de los canales sirios– que pondrían en escena la caída de la República Árabe Siria, de manera que la población creyera que todo había terminado y que era inútil toda resistencia [2].
Exactamente de la misma manera que hoy existen ejércitos de mercenarios –como Blackwater-Academi, DynCorp y CACI– también existen ahora compañías privadas especializadas en la realización de operaciones sicológicas, como la británica SCL (Strategic Communications Laboratories) y su filial estadounidense Cambridge Analytica. Rodeadas del mayor secreto, esas compañías privadas ayudan a la CIA en la organización de «revoluciones de colores» y ahora están trabajando incluso en la manipulación de los electores. Desde 2005, han venido participando en la exposición británica Defense Systems & Equipment International (DSEi) y venden sus servicios al mejor postor [3]. En el caso de Siria, SCL trabajó en Líbano a principios de 2011 estudiando allí las posibilidades de manipular cada una de las comunidades que componen su población.
Operaciones sicológicas y electores
En las sociedades modernas, las autoridades políticas se designan por vía electoral. Esto puede ir desde una opción simple –según sus cualidades personales– entre varios candidatos preseleccionados hasta la designación de personalidades portadoras de un proyecto político determinado. En todos los casos, los candidatos tienen que recurrir al apoyo de militantes o de empleados para poder llevar a cabo su campaña. Se sabe que el vencedor es casi siempre el candidato que logra reunir la mayor cantidad de militantes. Por consiguiente, resulta conveniente no sólo fabricar un candidato sino también un partido o un movimiento para respaldarlo.
Pero, hoy en día, los electores son cada vez menos propensos a inscribirse en una organización y los empleados cuestan caro. Así que a SLC se le ocurrió una idea: utilizar las técnicas de manipulación del comportamiento para fabricar un partido que llevará al poder a su cliente. Los sicólogos de SLC determinaron el perfil típico del militante sincero y manipulable, recolectaron datos sobre la población que iba a ser blanco de su acción, analizaron quién correspondía a su perfil típico y determinaron también los mensajes más eficaces para convencerlos de que debían apoyar a su cliente.
Por primera vez, todo eso acaba de hacerse a gran escala… en Estados Unidos y con Ted Cruz.
El financiamiento de la operación
Robert Mercer, uno de los 10 principales donantes de la vida pública estadounidense, ha pagado indirectamente más de 15 millones de dólares a SCL-Cambridge Analytica para que se encargue de la campaña de Ted Cruz [4].
Inventor de un programa informático de reconocimiento vocal, Robert Mercer es actualmente el patrón de Renaissance, una firma de inversiones considerada entre las más eficaces del mundo. Entre 1989 y 2006, su célebre fondo Medaillon obtuvo como promedio un 35% de ganancias anuales gracias a la creación de un sistema de evasión fiscal para sus clientes [5].
Robert Mercer nunca se ha expresado públicamente sobre sus opiniones políticas y los comentaristas estadounidenses ni siquiera saben bien cómo clasificar a este «republicano». Se desconocen, por ejemplo, sus posiciones sobre problemas sociales como el derecho al aborto o el matrimonio entre personas de un mismo sexo. Lo único que se sabe es que no cree que el cambio climático sea consecuencia de la actividad humana. En todo caso, Mercer combate claramente a Hillary Clinton y a su amigo Donald Trump y es cercano a John Bolton.
La compilación de datos personales
Para seleccionar a los ciudadanos con inclinación a convertirse en militantes, SCL/Cambridge Analytica reunió en secreto datos personales sobre millones de electores [6].
El doctor Aleksandr Kogan compró los datos de Amazon, el gigante de ventas online en Estados Unidos y posteriormente pagó alrededor de 1 dólar adicional por cada cliente para que se enviara a estos últimos un cuestionario a través de Mechanical Turk (MTurk). Al aceptar identificarse vía Facebook, el internauta permitía que MTurk tuviera acceso a sus datos personales, y MTurk cruzaba dichos datos con los de Amazon y los transmitía a SCL a través de la empresa de Kogan, Global Science Research (GSR). Aunque el Dr. Kogan aseguró al Guardian que su trabajo sólo tenía fines de investigación científica y que trabajaba únicamente con datos anónimos, el hecho es que esos datos están hoy en manos de SCL [7].
En pocos meses, SCL ya disponía de una base de datos detallada sobre más de 40 millones de electores estadounidenses, datos compilados a espaldas de esas personas.
En 2008, la Corte Internacional de Justicia decidió obligar a Estados Unidos a revisar el juicio contra un mexicano que había sido condenado a muerte sin haber recibido asistencia jurídica consular. Pero el entonces Sollicitor General de Texas argumentó ante la Corte Suprema de Estados Unidos que un Estado estadounidense no estaba obligado a obedecer el veredicto de ninguna Corte extranjera mientras el tratado firmado por Washington (o sea, por el gobierno federal) no fuese transcrito en derecho interno. La Corte Suprema de Estados Unidos falló a favor de ese argumento, Estados Unidos denunció el protocolo adicional de la Convención de Viena y el mexicano condenado fue ejecutado.
La interpretación de los datos personales
Cambridge Analytica procedió entonces a evaluar cada perfil según el método designado por sus siglas en inglés como OCEAN, o sea:
«Apertura», o sea «Opennes» (apreciación del arte, de la emoción, de la aventura, de las ideas poco comunes, curiosidad e imaginación del individuo);
«Grado de atención y detenimiento», o sea «Conscientiousness» (autodisciplina, respeto por las obligaciones, organización más que espontaneidad, nivel de orientación hacia objetivos determinados);
«Extraversión» (energía, emociones positivas, tendencia a buscar el estímulo y la compañía de los demás, es o no un individuo decidido);
«Agreabilidad» (tendencia a ser compasivo y cooperativo más que suspicaz y antagónico hacia los demás);
«Neuroticismo» (tendencia a sufrir fácilmente emociones desagradables como cólera, inquietud o depresión, es o no vulnerable).
Utilizando las 240 preguntas de los tests NEO PI-R (Neuroticism-Extraversion-Openness Personality Inventory-Revised), se logró establecer un gráfico de personalidad de cada sujeto.
Sobre esa base, SCL identificó a los individuos que serían militantes sinceros y manipulables. Después procedió a elaborar argumentos personalizados para convencer a cada uno de ellos.
Es posible pensar que estos estudios de personalidades realizados a espaldas de los sujetos podrían resultar demasiado aproximativos. Pero…
Jurista brillante, Td Cruz defendió el monumento de los Diez Mandamientos instalado en el Capitolio del Estado de Texas. Redactó el documento de los fiscales generales de 31 Estados donde se afirma que una prohibición de las armas cortas violaría el derecho a portar armas garantizado por la Segunda Enmienda de la Constitución estadounidense. También defendió que en las escuelas públicas se recite el Juramento de Fidelidad a la bandera de Estados Unidos, una «Nación bajo Dios».
El candidato Ted Cruz
El candidato que se quiere llevar a la Casa Blanca, Ted Cruz, es un excelente jurista, brillante orador y polemista que ha defendido con éxito varios casos ante la Corte Suprema de Estados Unidos. Más que un conservador, es un libertariano.
Su padre, el pastor evangélico Rafael Cruz es un emigrado cubano que predica el mandato que Dios extendió a los hombres de fe para que gobiernen «América». Asegura que cuando llegue el fin del mundo –que según él no tardará mucho– Dios dará a los justos las riquezas de los malos [8].
La esposa de Ted, Heidi Cruz, fue directora de Sudamérica en el Consejo de Seguridad Nacional, en tiempos de Condoleezza Rice, antes de pasar a ser vicepresidenta de Goldman Sachs a cargo de las fortunas de los clientes del suroeste de Estados Unidos [9].
Al inicio de la campaña presidencial, Ted Cruz disponía de pocas opiniones favorables y la prensa se refería a su personalidad como muy poco empática. Sin embargo, gracias a la ayuda de SCL/Cambridge Analytica, se rodeó rápidamente de un amplio grupo de apoyo y ganó las primarias del Partido Republicano en el Estado de Iowa.
En 1988, Ted Cruz enunciaba su ideal en la vida: «Controlar el mundo. La dominación mundial, controlarlo todo, ser rico, poderoso y todo eso.»
La posible llegada de Ted Cruz a la Casa Blanca demostraría que es posible manipular una campaña electoral recurriendo a las técnicas de las operaciones sicológicas.
* Intelectual francés, presidente-fundador de la Red Voltaire y de la conferencia Axis for Peace. Sus análisis sobre política exterior se publican en la prensa árabe, latinoamericana y rusa. Última obra publicada en español: La gran impostura II. Manipulación y desinformación en los medios de comunicación (Monte Ávila Editores, 2008).
[1] Edward Lansdale’s Cold War, Jonathan Nashel, university of Massachusetts Press, 2005.
[2] «La OTAN prepara la mayor operación de intoxicación de la Historia», por Thierry Meyssan, Komsomolskaya Pravda (Rusia), Red Voltaire, 12 de junio de 2012. «Inminente operación de guerra sicológica de la OTAN contra Siria», Red Voltaire, 21 de julio de 2012.
[3] “You Can’t Handle the Truth. Psy-ops propaganda goes mainstream”, por Sharon Weinberger, Slate, septiembre de 2005.
[4] “The Man Who Out-Koched the Kochs”, por Annie Linskey, Bloomberg, 23 de octubre de 2014.
[5] “Renaissance Avoided More Than $6 Billion Tax, Report Says”, por Zachary R. Mider, Bloomberg, 22 de julio de 2014.
[6] “Cruz partners with donor’s ’psychographic’ firm. The GOP candidate’s campaign is working closely with a data company owned by Cruz’s biggest donor”, por Kenneth P. Vogel y Tarini Parti, Politico, 7 de julio de 2015. “Cruz-Connected Data Miner Aims to Get Inside U.S. Voters’ Heads”, por Sasha Issenberg, Bloomberg, 12 de noviembre de 2015. “Cruz campaign credits psychological data and analytics for its rising success”, por Tom Hamburger, The Washington Post, 13 de diciembre de 2015.
[7] “Ted Cruz sing firm that harvested data on millions of unwitting Facebook users”, por Harry Davies, The Guardian, 11 de diciembre de 2015.
[8] “Ted Cruz’s Father Fires Up Campaign Rhetoric. Rafael Cruz’s Bible-laced speeches appeal to conservatives, but could alienate swing voters”, por Janet Hook, Wall Street Journal, 21 de junio de 2015. “Ted Cruz’s dad is even more frightening than Ted Cruz”, por Robert Leonard, Salon, 24 de septiembre de 2015.
[9] “Heidi Nelson Cruz, Ted’s Wife: 5 Fast Facts You Need to Know”, por Tom Cleary, Heavy, 23 de marzo de 2015. “Heidi Nelson Cruz: A Political Spouse Making Sacrifices and Courting Donors”, por Steve Eder y Matt Flegenheimer, The New York Times, 18 de enero de 2016.
