Coronavírus

Vozes internacionalistas na crise do coronavírus

01/04/2020

Por José Reinaldo Carvalho (*)

Desde a semana passada, circulam em páginas de partidos comunistas na internet, blogs, listas digitais e redes sociais manifestos, notas conjuntas, pronunciamentos de distintas naturezas de organizações políticas e sociais, no quadro da crise de pandemia do novo coronavírus. 

São vozes internacionalistas que se levantam em defesa de medidas emergenciais para proteger a saúde e os direitos dos povos, em meio ao agravamento da pandemia, criticam os governos de países capitalistas e imperialistas, condenam as políticas neoliberais que devastaram os sistemas públicos de saúde, cortaram direitos de trabalhadores e lançaram milhões deles no abismo do desemprego, da informalidade e indigência. 

“O perigo da pandemia de covid-19 demonstra tragicamente as profundas deficiências dos sistemas de saúde pública em todos os países capitalistas que já eram conhecidas antes do surgimento do coronavírus. Essas deficiências não ocorreram por acidente, são o resultado de políticas antipopulares aplicadas pelos governos a serviço do grande capital para comercializar e privatizar a saúde, para apoiar os lucros dos grupos monopolistas. Essa política mina as grandes capacidades científicas e tecnológicas disponíveis hoje para satisfazer todas as necessidades de prevenção e atenção ao povo”, assinala a declaração conjunta dos Partidos Comunistas e Operários. 

“A experiência atual põe em evidência a natureza antissocial e parasitária do capitalismo e destaca a superioridade e a atualidade do socialismo e do planejamento central científico, tendo como critério as necessidades populares, que podem fornecer atenção e prevenção primária, hospitais, médicos e enfermeiros, medicamentos, laboratórios, exames médicos e tudo o que for necessário para satisfazer as constantes e urgentes necessidades de saúde das pessoas”, prossegue o documento.

“A desaceleração da economia global preexistente é agora reforçada pela disseminação do coronavírus e aumenta o risco de uma nova crise no próximo período. Apesar da propaganda do ‘pacto nacional’, os governos que servem ao grande capital concentram as medidas econômicas no apoio aos grupos monopolistas e mais uma vez descarregar o custo o custo da crise sobre os trabalhadores e as demais estratos populares. Os trabalhadores e os povos não podem e não devem pagar novamente!” – pontua. 

Vai na mesma direção a nota coletiva dos partidos comunistas da região sul-americana. 

Diz o texto: “A pandemia de covid-19 demonstra tragicamente as profundas deficiências dos sistemas de saúde pública na maioria dos países da região, já conhecidas antes do surgimento do coronavírus. Essas deficiências são o resultado de políticas antipopulares aplicadas pelos governos a serviço do grande capital para comercializar e privatizar os serviços de saúde, apoiando a lucratividade de grupos monopolistas. Essas políticas, além disso, minaram as capacidades científicas e tecnológicas disponíveis para satisfazer as necessidades de prevenção e atenção maciça à população”.

Contornando polêmicas secundárias, ambos os documentos ressaltam o notável papel de China, Cuba e Rússia, que realizam ações de solidariedade com os países mais afetados, enviando médicos, demais profissionais da área da saúde e equipamentos.

Com denúncia forte contra os governos neoliberais e defendendo os direitos dos povos, a partir da tomada de medidas emergenciais, o Tricontinental, uma instituição internacional focada em estimular o debate intelectual a serviço das aspirações dos povos, repudia as políticas neoliberais, responsáveis pelo ataque aos direitos sociais, e enfatiza a necessidade de colocar a vida antes do capital. 

(*) Jornalista, editor do Resistência, membro do Comitê Central e Comissão Política Nacional do PCdoB

 

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