Ucrânia: grave crise política e militar no Leste europeu

10/03/2014

Os novos fatos em torno do conflito na Ucrânia vão configurando uma crise geopolítica de vastas proporções, com sérias ameaças à paz mundial.

O primeiro-ministro interino da Ucrânia, Arseny Yatsenyuk, anunciou que vai aos Estados Unidos em busca de respaldo político, econômico e militar, numa demonstração do caráter retrógrado do governo golpista e do seu total descompromisso com a soberania nacional.

De forma antecipada, o imperialismo estadunidense já se encontra em ação e tomando iniciativas militares. Sob o pretexto de realizar treinamento, 300 soldados norte-americanos e 12 caças F-16 da Marinha dos EUA serão transferidos para a base aérea na localidade de Lask, na Polônia. Na semana passada, também com o pretexto de participar de exercícios militares, os Estados Unidos deslocaram de sua base militar na Grécia para o Mar Negro, no sul da Ucrânia, a poucos quilômetros da Península da Crimeia, um destróier lança-mísseis, o “USS Truxtun”.

Os porta-vozes do novo regime golpista ucraniano fazem reiterados apelos a uma intervenção direta das potências ocidentais no país, instando os Estados Unidos e o Reino Unido a atuarem como garantidores da “estabilidade”, contrapeso à influência russa e fator repressivo diante da eventual decisão do povo da Crimeia em referendo de aprofundar sua autonomia e até mesmo se separar da Ucrânia.

Os Estados Unidos têm dado sinais de que podem endurecer posições, como demonstram as declarações do chefe do Estado-Maior Conjunto no último fim de semana, assegurando que as forças armadas estadunidenses estão preparadas e dispostas a atuar com a Otan em caso de agravamento da crise no aspecto militar.

Efetivamente, a situação na Ucrânia é a mais grave crise politica ocorrida na Europa desde a guerra de agressão contra a Iugoslávia.

Há 15 anos as potências imperialistas, nomeadamente os Estados Unidos e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), atacaram a Sérvia com intensos bombardeios aéreos, realizados durante uma campanha de quase 80 dias. Naquela ocasião, a Otan, assim como faz agora, apresentava-se como defensora da segurança, da liberdade e das causas humanitárias. Na prática, revelou sua essência agressiva em nome de interesses geopolíticos e econômicos antagônicos aos dos povos.

As semelhanças do golpe na Ucrânia com o processo regressivo ocorrido na Iugoslávia são patentes. Ali atuaram as mesmas forças de caráter fascista que provocaram distúrbios e mortes em Kíev.

O poder de fato na Ucrânia, após o golpe, são grupos extremistas organizados, partidos ultranacionalistas e neofascistas, protagonistas não somente de crimes, como também animadores de uma furiosa campanha anticomunista que se irradia por vários países do Leste europeu.

Contudo, a crise na Ucrânia desenvolve-se em meio a uma nova situação política internacional, em que se torna evidente que as potências imperialistas ocidentais, sob a liderança dos Estados Unidos, não podem fazer tudo o que querem e como querem. Essas potências defrontam-se com a tenaz oposição da Rússia e a resistência nacional na Ucrânia, nomeadamente na região da Crimeia. A provável decisão popular, com apoio do governo russo e do Partido Comunista da Federação Russa, de se separar da Ucrânia, eleva o nível da resistência nacional e objetivamente acrescentará novos fatores à crise.

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