Luta pela paz

Socorro Gomes: Unidade e solidariedade entre os povos para derrotar o imperialismo e conquistar a paz

23/09/2016

Foi com gestos de solidariedade, amizade, reflexão e propostas de diálogo e solução dos conflitos internacionais e especificamente na região latino-americana e caribenha que Cuba celebrou com amigos de diversos países o Dia Internacional da Paz.

Na instalação em Havana na última quarta-feira (21) do primeiro Seminário  Internacional Realidades e  Desafios da Proclamação da América Latina e Caribe como Zona de Paz, depois da execução dos Hinos nacionais de Cuba e do Brasil, num ambiente de entusiasmo e emoção, a presidenta do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, foi condecorada em Havana pelo Partido Comunista de Cuba e o Conselho de Estado da República de Cuba, com a Medalha da Amizade, pelas mãos do membro do Secretariado, chefe do Departamento Internacional do PC de Cuba, e um dos Comandantes da Revolução, o camarada José Ramon Balaguer. Um reconhecimento ao seu apoio à soberania de Cuba, à sua atividade a favor do levantamento do bloqueio econômico dos Estados Unidos à Ilha e à defesa da Revolução cubana. Igualmente, pela persistente e incansável luta da camarada pela paz mundial.

Condecoração foi precedida da execução dos hinos do Brasil e de Cuba

Condecoração foi precedida da execução dos hinos do Brasil e de Cuba

A ativista brasileira afirmou que recebe este reconhecimento por parte do país mais valente e solidário do mundo, ao tempo em que sentenciou que a paz é uma necessidade imperiosa em nível global.

Socorro Gomes fez a intervenção de abertura do Seminário, organizado pelo Movimento Cubano pela Paz e a Soberania dos Povos (MovPaz) e que conta com a presença de ativistas, dirigentes de movimentos sociais e acadêmicos de diferentes regiões do mundo.

“Agradeço, honrada, o convite a este importante evento. Saúdo nossos amigos do Movimiento Cubano pela Paz e a Soberania dos Povos (MovPaz), o Instituto Cubano de Amizade com os Povos (Icap) e a todos os envolvidos na organização de um seminário de tão grande importância para nossas lutas atuais”, disse a presidenta do CMP que exaltou “as conquistas do valente povo cubano, que representam um caminho para a América Latina e o Caribe, e também para todo o mundo, e nos trazem inspiração”.

Socorro Gomes lembrou que há quase três anos, nos dias  28 e 29 de janeiro de 2014, reunidos em Havana, chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), assinaram a Proclamação da América Latina e Caribe como Zona de Paz.
“Nesta Proclamação se afirma o princípio de que a paz é um bem supremo e anseio legítimo de todos os povos, que reflete a consciência dos líderes de Nossa América de que sua preservação é um elemento substancial da integração da América Latina e Caribe, um princípio e um valor comum da Celac, uma condição para o desenvolvimento e o progresso social e uma condição para a própria sobrevivência da Humanidade”, pontuou.

A dirigente do movimento pela paz analisou a conjuntura internacional, destacando que são “cada vez mais inquietantes as ameaças à paz, com a ocorrência de intervenções militares e golpes contra países soberanos”.

Afirmou que “a Síria vive um drama, uma crise humanitária que parece não ter fim, há mais de cinco anos, com sistemáticos ataques de bandos terroristas, causando centenas de milhares de vítimas e perdas materiais incalculáveis”. Denunciou as potências imperialistas que “apostam na fragmentação do país, na formação de novas áreas de influência, no marco da estratégia de construção do chamado novo Oriente Médio, sob o domínio dessas potências”.

Socorro Gomes fez uma enfática defesa do povo palestino, cujo “martírio” prossegue, como “vítima da agressão israelense que conta com o respaldo das potências imperialistas ocidentais”.

De acordo com sua análise, intensifica-se a militarização do planeta, com a multiplicação das bases militares, a construção de novos artefatos convencionais e nucleares, a expansão da Otan e a aplicação de uma estratégia militar norte-americana para a Ásia, ao mesmo tempo que se fazem provocações contra a Rússia e se acendem novos focos de conflitos no Leste da Europa.

Voltando seu olhar para a região latino-americana e caribenha, a presidenta do Conselho Mundial da Paz disse: “Desde o ano de 1999, os povos de Nossa  América construímos um processo regional de afirmação de nossas soberanias populares e nacionais em vários países, inspirados pelos heróis da independência, como José Martí e Simón Bolívar, e valorosos lutadores de nosso tempo, como os comandantes Fidel Castro e Hugo Chávez”.

De acordo com Socorro, “é imensa a obra construída em nossos países pelos governos progressistas, como a erradicação da miséria, a elevação do nível de vida, a ampliação do acesso ao consumo de bens, a educação, a saúde e habitação, além de terem sido dados passos na  defesa da soberania nacional sobre os recursos estratégicos, e esforços para desenvolver a economia nacional, frear as privatizações e a dilapidação do patrimônio nacional perpetrada pelos governos anteriores, submetidos ao imperialismo, ao capital financeiro e ao Consenso de Washington”. Lembrou ainda a ação concertada que derrotou a Alca e construiu mecanismos de integração soberana e solidária, tais como Unasul, Celac e Alba.

A contraofensiva do imperialismo estadunidense na América Latina e Caribe visando a derrocar os governos progressistas esteve no alvo da enérgica denúncia da ativista brasileira. Em sua opinião, o imperialismo move essa contraofensiva visando a controlar os mercados e saquear as matérias primas da região.

Socorro Gomes fez um chamamento à solidariedade com a República Bolivariana da Venezuela, “democrática, popular, anti-imperialista e solidária”, país “pioneiro nas políticas sociais, com suas históricas Missões, que esteve na vanguarda da luta contra a Alca, pela criação da Alba, Petrocaribe, Celac e Telesur”. Chamou a atenção para o fato de que a República Bolivariana “está sob ataque das oligarquias internas e do imperialismo estadunidense, que promovem a desestabilização, a desordem, a guerra econômica e trabalham com desmedido afã pela derrubada de um governo legítimo eleito pelo povo”.

O golpe de estado parlamentar-judicial-midiático no Brasil também ocupou o centro das atenções da dirigente brasileira. “Um golpe com caráter antidemocrático, antipopular e antinacional”. Esclareceu os presentes de que os autores do processo de impeachment não apresentaram nenhuma evidência ou prova de que a presidenta Dilma Rousseff tenha incorrido em crime de responsabilidade.

De acordo com Socorro Gomes, é um golpe de Estado, que faz parte da “estratégia das classes dominantes brasileiras de monopolizar o poder político como uma condição sine qua non para continuar a exploração do povo e o saque da nação, mancomunadas com seus sócios imperialistas internacionais”. Denunciou as classes dominantes como “inimigas da democracia, do progresso social e da soberania nacional, uma reserva estratégica dos planos de hegemonia mundial das potências imperialistas”.

A líder pacifista brasileira não poupou o governo de Michel Temer, que catalogou como “golpista e usurpador”. E denunciou o programa em execução que representa “uma regressão antidemocrática, a liquidação das conquistas sociais, a total abertura ao capital financeiro internacional, o retorno da privatização, a submissão aos ditames do capital monopolista, a liquidação de direitos sociais, trabalhistas e previdenciários, um retrocesso civilizatório”. Chamou a atenção para o fato de que os golpistas estão liquidando as conquistas de uma política exterior independente, que assegurou a integração regional, a solidariedade e a inserção do Brasil no mundo, desde uma visão oposta à hegemonia das grandes potências e pela paz mundial.

Um dos temas candentes do movimento pela paz é a luta contra as quase 80 bases militares estrangeiras disseminadas na região latino-americana e caribenha, destacou, chamando a atenção para o fato de que o governo neoliberal e conservador de Maurício Macri, da Argentina, está tentando instalar novas bases militares, uma delas na tríplice fronteira, com o Paraguai e o Brasil.

Finalmente, a líder do CMP saudou a conquista da paz na Colômbia e o fortalecimento das posições internacionais de Cuba, com o restabelecimento das relações diplomáticas com os Estados Unidos.

A presidenta do CMP terminou seu pronunciamento defendendo a resistência e a luta dos povos, com unidade e solidariedade entre os movimentos sociais, os trabalhadores e os governos progressistas. “O imperialismo não é invencível e será derrotado” – sentenciou. “Os povos, juntos, têm a força incomensurável para derrotar o imperialismo, suas ameaças e ações e construir uma paz justa”.

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