Síria
Síria: Relatório da Anistia Internacional sobre supostas execuções tem fins políticos bem conhecidos
O Governo sírio classificou como “falso”, “infundado” e “politicamente motivado” o relatório publicado nesta terça-feira (7) pela Anistia Internacional (AI) sobre alegadas execuções massivas na prisão de Sednaya, perto de Damasco.
O Ministério da Justiça sírio refutou de forma veemente, num comunicado emitido na própria terça-feira, as acusações da AI relativas a “enforcamentos massivos”, alegadamente levados a cabo entre 2011 e 2015, no centro prisional de Sednaya, nos arredores da capital síria, Damasco.
Na nota oficial, o Governo sírio explica que, no âmbito da legislação síria, uma condenação à morte só é decretada após a realização de um processo judicial, que passa por várias etapas. Neste sentido, classifica o documento da AI como inteiramente “falso” e afirma que a sua publicação visa “prejudicar a reputação” do país.
“Aqueles que estão por trás dessas calúnias procuram alcançar o que os grupos terroristas não conseguiram, especialmente depois das constantes vitórias do Exército sírio”, salienta o comunicado, citado pela Prensa Latina.
“O Ministério da Justiça nega todo o conteúdo do relatório e condena-o energicamente, pois não se baseia em provas corretas, mas antes em emoções pessoais que visam lograr fins políticos bem conhecidos”, acrescenta.
As acusações vertidas pela AI contra o Governo sírio surgem num contexto em que o Exército Árabe Sírio e os seus aliados estão envolvidos em importantes batalhas e têm alcançado avanços determinantes, no terreno, contra as forças terroristas – nomeadamente nas províncias de Damasco, Homs, Alepo e Deir ez-Zor. Surgem igualmente num momento em quem estão a decorrer conversações de paz entre o Governo sírio e a “oposição armada” em Astana, capital do Cazaquistão, e a menos de duas semanas das conversações de paz sobre a Síria que irão decorrer em Genebra, sob os auspícios da ONU.
Exercício de especulação
No relatório sugestivamente intitulado “Matadouro humano: enforcamentos e extermínio massivo na prisão de Sednaya”, ontem publicado, a AI acusa o Governo sírio de ter executado, de forma sumária e sem garantias processuais, entre 5000 e 13 mil pessoas, de 2011 a 2015.
A organização publicou uma extensa nota de imprensa, juntamente com um documento mais detalhado, de 48 páginas. É numa nota ao fundo da página 17 deste texto em anexo que a AI explica como lhe apareceram estes números tão díspares: trata-se de uma especulação, baseada em cálculos do gênero: “se tiverem sido entre tantos e tantos, chegamos ao número tal.”
Ora, o que se encontra na letra mínima da escondida nota 40 da página 17 – os “cálculos” que permitiram chegar a números extrapolados, não provados – está na base da verdade verdadeira que a comunicação social fez circular em títulos e rodapés. Curiosamente, a explicação do “como se chega a 5000 ou a 13 mil” não se encontra na nota de imprensa publicada pela AI; algo que permitiria a qualquer leitor assustado pelas novas do “Matadouro humano” aperceber-se do “rigor” e da “precisão” dos números.
Campanha em curso
A Al-Masdar News sublinha que o relatório da AI se baseia em entrevistas a testemunhas anônimas, realizadas na sua maioria no Sul da Turquia ou por via telefônica. “Faltam fatos concretos. E não basta um relatório de uma organização que cita fontes anônimas”, disse Konstantin Kosachev, presidente da Comissão de Assuntos Externos da Câmara Alta do Conselho da Federação Russa. Criticando o documento, acrescentou que “parece integrar-se na campanha midiática em curso contra a Síria”, revela a Al-Masdar News.
Por seu lado, o deputado sírio Fares Shehabi disse à Sputnik News que as acusações da AI contra o Governo sírio são “ridículas” e sublinhou que as execuções em massa perpetradas na Síria foram da responsabilidade de grupos terroristas e da chamada “oposição moderada”.
Lembrou ainda que não é a primeira vez que o Ocidente lança campanhas de desinformação com o objetivo de prejudicar o Governo sírio, que tem renovado sucessivamente, ao longo dos anos, o decreto de anistia geral para os desertores e os combatentes takfiris que voluntariamente deponham as armas.
Parcialidade e pouca independência
A Anistia Internacional, organização que diz ter como propósito zelar pela defesa dos direitos humanos, foi criticada, em múltiplas ocasiões, por emitir publicações seletivas e parciais, obviando aspectos relativos a países que foram alvo de agressões imperialistas, como sejam a Líbia, o Afeganistão ou o Iraque.
As críticas à parcialidade não se alheiam das críticas à sua alegada independência. Embora o grupo se defina como “livre de financiamento governamental”, a organização é acusada de ser muito pouco independente a esse nível, recebendo verbas de diversas potências ocidentais – incluindo os EUA, o Reino Unido e a União Europeia –, bem como de instituições e fundações ligadas aos seus interesses, como o milionário George Soros, através da sua Open Society, indica a Sputnik News.
Fonte: AbrilAbril