Diplomacia
Reuniões em Montevidéu sobre a Venezuela opõem países europeus e latino-americanos
Não houve consenso em Montevidéu sobre a crise venezuelana. Na realidade, foram duas as reuniões realizadas na capital uruguaia. A primeira, por iniciativa do México e Uruguai, à qual se somaram representantes da Comunidade do Caribe, que resultou na proposta do Mecanismo de Montevidéu com suas quatro fases de execução se as partes venezuelanas aceitarem o diálogo.
A segunda foi a do Grupo de Contato Internacional, patrocinado pelos europeus, impulsionada a partir da Casa Branca, para tratar de isolar o governo de Nicolás Maduro, debilitá-lo, amedrontá-lo e criar as condições para legalizar o golpe de Estado em curso.
Não houve consenso em torno da proposta de realizar novas eleições presidenciais na Venezuela, defendida por países europeus. Para o ministro de Relações Exteriores de Portugal, Augusto Santos Silva, “foi um encontro positivo porque reuniu um bom número de países, a maioria da Europa e da América Latina, e concordamos com a necessidade de convocar novas eleições presidenciais por meio de um processo confiável”, disse Silva.
Silva afirmou ainda que o Grupo de Contato Internacional ousa lançar os contatos necessários “com todos os atores relevantes da Venezuela” e também “com os atores internacionais e regionais, a fim de garantir a credibilidade à transparência da nova eleição”.
Anteriormente, o governo de Nicolás Maduro já descartou um ultimato lançado por líderes europeus para a realização de novas eleições no país caribenho.
Por outro lado, o governo da Bolívia confirmou seu rechaço diante de qualquer ameaça de intervenção militar na Venezuela e pediu o diálogo entre as partes.
Depois da reunião realizada nesta quinta-feira (7) em Montevidéu sobre a situação política na Venezuela, a Bolívia anunciou sua decisão de somar-se ao Mecanismo de Montevidéu, que propõe quatro fases para propiciar um diálogo entre las partes envolvidas. Esse Mecanismo foi estabelecido juntamente por México, Uruguai e Comunidade do Caribe.
A Bolívia explicou que não assinou o comunicado do Grupo de Contato Internacional “por não se sentir representada pela totalidade de seu conteúdo”.
O chanceler do México, Marcelo Ebrard, também foi claro ao expressar que seu governo não se somava ao Grupo de Contato Internacional sobre a Venezuela porque rechaça toda ingerência política em outros países.
O México não se soma ao Grupo de Contato Internacional sobre a Venezuela para a realização de eleições porque não participará em algo que determine o processo eleitoral de outra nação e desnudou assim as verdadeiras intenções da União Europeia.
O chanceler do México insistiu no que o presidente López Obrador disse durante a visita do espanhol Pedro Sánchez. Participará do diálogo sem condições, nos marcos do Mecanismo de Montevidéu, do qual “não nos movemos”.
“Acompanhamos o que tenha a ver com a comunicação e o diálogo entre as partes e uma saída pacífica e democrática que exclua o uso da força, mas não podemos participar em algo que implique que nós determinemos o processo político eleitoral de outro país”, afirmou o chanceler Ebrard, do México, em uma coletiva de imprensa ao término da reunião com os europeus em Montevidéu.
Recorrer a alguns países da União Europeia para papel tão triste revelou a precariedade dos planos dos Estados Unidos, da OEA e do Grupo de Lima que, por si sós não podem alcançar seus propósitos, e que a unidade bolivariana é muito mais sólida do que pensam os governantes da Casa Branca e seus órgãos de inteligência.
Demonstra também que a Venezuela não está sozinha no continente, que há muitos países que a acompanham, como demonstra o exemplo da Comunidade Caribenha.
Resistência, com Telesul, Prensa Latina e Sputnik