Palestina

Quatro mortos e centenas de feridos na quarta sexta-feira de protestos em Gaza

21/04/2018

Estima-se que entre cinco mil e 10 mil palestinos participaram nas manifestações desta sexta-feira (20)junto à barreira que cerca a Faixa de Gaza. De acordo com as informações divulgadas pelo Ministério da Saúde em Gaza, a repressão das forças israelenses provocou pelo menos quatro mortos, um deles menor, e mais de 700 feridos.

A mesma fonte, citada pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM), revelou que 305 pessoas foram hospitalizadas, 156 das quais tinham sido atingidas por balas reais.

Entre os quatro mortos conta-se Mohammed Ayoub, de 15 anos. A equipe de socorro que evacuou o menor afirmou que este foi atingido na cabeça com munições reais, a cerca de 50 metros da barreira, sem haver quaisquer indícios de que representava uma ameaça para as forças israelenses.

De acordo com a nota emitida pelo MPPM, as forças israelenses reprimiram as manifestações com bombas de gás lacrimogêneo (também lançadas por drones), balas de borracha e balas reais, que foram disparadas, em alguns casos e como aconteceu em semanas anteriores, por atiradores de elite.

Protestos da Grande Marcha do Retorno

Desde o início da Grande Marcha do Retorno, a 30 de Março (Dia da Terra), as forças israelenses mataram 37 palestinos, relata o MPPM. Algumas fontes apontam para quatro dezenas, durante as manifestações e fora delas. Dois dos palestinos foram mortos a tiro em Israel, depois de atravessarem a barreira, e os seus corpos estão retidos pelas autoridades israelenses. O número de feridos é superior aos 4.900, segundo o Ministério da Saúde.

Esta foi a quarta sexta-feira consecutiva de protestos massivos na Faixa de Gaza, durante os quais milhares palestinos se dirigem até à fronteira fortemente militarizada com Israel para exigir seu direito coletivo de retorno à sua terra natal.

Este protesto, que é designado como Grande Marcha do Retorno, deve prolongar-se até 15 de Maio, quando se assinala o 70º aniversário da Nakba (“catástrofe”) palestina.

O termo refere-se à expulsão de cerca de 750 mil palestinos e à limpeza étnica levada a cabo quando da criação do Estado de Israel. Hoje, existem milhões de refugiados palestinos no mundo e estima-se que 70% dos habitantes de Gaza sejam refugiados ou seus descendentes.

Crimes de Israel no Conselho de Direitos Humanos

O representante da Palestina junto às Nações Unidas, Riyad Mansour, anunciou na sexta-feira que o seu país está a ultimar um relatório sobre as atrocidades cometidas por Israel na Faixa de Gaza para apresentá-lo no Conselho de Direitos Humanos (CDH), em Genebra (Suíça), informa a Prensa Latina.

Mansour disse à imprensa que em breve vão ter início consultas com membros do CDH, com o propósito de levar a cabo uma investigação imparcial e credível sobre os fatos.

“Não podemos permitir que a comunidade internacional continue parada quando são cometidos estes crimes horríveis contra a Palestina”, afirmou o diplomata, que questionou a seriedade de uma eventual investigação liderada por Israel, “autor dos crimes”.

Mansour lembrou ainda que o seu país exigiu uma tomada de posição ao Conselho de Segurança das Nações Unidas logo após a brutal repressão sobre os manifestantes na primeira mobilização da Grande Marcha do Retorno, mas, até o momento, aquele órgão continua sem se manifestar, “nem sequer através de uma nota de imprensa”.

Resistência, com AbrilAbril

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