Rússia

Putin: “Ou a Rússia será soberana ou não haverá Rússia”

07/06/2018

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, concedeu entrevista à Corporação de Meios de Comunicação da China no âmbito da qual abordou as relações entre Moscou e Pequim, assim com vários temas da atualidade internacional

Na entrevista, realizada na véspera de sua visita oficial à China, onde participará dias 9 e 10 de junho da Cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), o presidente indicou que a OCX foi criada como uma organização “bastante modesta”, mas atualmente se transformou em um organismo de “enormes recursos”: um quarto do PIB mundial corresponde a seus países membros, onde vivem 43% da população mundial e que cobrem 23% do território do planeta.

Da mesma forma, Putin indicou que as capacidades dos membros da OCX, incluindo os militares, “é uma força colossal que sem dúvida será dirigida por nós não para confrontar alguém, mas para fornecer condições necessárias para uma cooperação integral e abrangente, tanto entre nossos países, como com outras nações, onde quer que estejam, em qualquer continente”.

Cooperação sino-russa

“A China e a Rússia são vizinhas. Estamos conversando durante séculos, temos vínculos e raízes históricas muito profundas”, recordou o presidente russo.

Atualmente, “a China é sócia número 1 da Rússia”, indicou Putin. “No passado, o volume total de trocas de mercadorias cresceu e alcançou US$ 87 bilhões (R$ 331 bilhões), e até agora, neste ano, durante os quatro primeiros meses, registrou-se o mesmo crescimento que tivemos em todo o ano passado”, salientou.

Putin agregou que ambos os países têm planos conjuntos na área de desenvolvimento da cooperação industrial, infraestrutura de transporte ferroviário e economia digital. “Esta última é uma das direções-chave”, indicando que isto está relacionado com áreas importantes do futuro como a robótica e inteligência artificial.

Além disso, o presidente russo destacou que tem uma relação muito boa com o líder chinês, Xi Jinping.

Desnuclearização da Península Coreana

As posturas de Moscou e Pequim em relação à solução da situação na Península Coreana são “muito próximas ou completamente coincidentes”, afirmou Putin. Ambos os países foram iniciadores do roteiro para resolver as tensões entre as duas Coreias.

Putin valorizou “as medidas sem precedentes” que foram adotadas pela Coreia do Norte com o objetivo de reduzir a tensão: anunciou a conclusão de testes nucleares e mísseis balísticos e destruiu um dos seus maiores polígonos para testes nucleares. “Tudo isso, é claro, são passos práticos para a desnuclearização, e esse é o nosso objetivo final comum”, ressaltou.

Putin também indicou que entende que a Coreia do Norte pede garantias absolutas a respeito de sua segurança antes de efetuar a desnuclearização completa, “especialmente depois dos trágicos acontecimentos que ocorreram na Líbia e no Iraque”.

Putin qualificou de “valente e madura” a decisão de seu homólogo norte-americano, Donald Trump, de se reunir pessoalmente com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e expressou o desejo de que a cúpula entre os líderes traga “resultados positivos”.

Rússia não abandonará seu caminho soberano

Ao abordar o tema das sanções internacionais impostas por vários Estados ocidentais à Rússia, Putin garantiu que “a presença de algumas restrições e sanções não nos surpreende, não nos assusta e nunca nos obrigará a abandonar o caminho de desenvolvimento independente e soberano, penso que ou a Rússia será soberana, ou não haverá nenhuma Rússia, e, claro, o povo russo escolherá sempre a primeira opção. Da mesma forma que os chineses, suponho. Não temos outro caminho. Mas entendemos que com essas restrições e sanções, nossos parceiros estão apenas tentando limitar o desenvolvimento”, ressaltou.

O líder russo expressou o desejo de que o “bom senso prevaleça”, e que todas as restrições, “ilegais e prejudiciais à economia global”, sejam canceladas gradualmente para a normalização das relações de Moscou com todos os parceiros, incluindo os EUA e “outros países que dançaram ao som que tocou” Washington, e também impuseram sanções antirrussas e agora começaram a sofrer as consequências negativas de sua decisão.

Copa do Mundo

A Rússia é a anfitriã da Copa do Mundo de 2018, “então nosso objetivo mais importante e básico é comemorar este campeonato corretamente, para ser uma festa para milhões de torcedores de futebol ao redor do mundo”, disse o presidente. Quanto à seleção russa, Putin garantiu que “ela mostrará um futebol moderno, interessante e bonito e lutará até o fim”.

Além disso, o presidente nomeou seus jogadores de futebol favoritos e entre as seleções, que poderiam levar a taça da Copa do Mundo de 2018, destacou as da Argentina, Brasil, Alemanha e Espanha. “Sem dúvida haverá outros competidores, mas o mais forte ganhará”, concluiu o presidente.

Resistência, com Sputnik

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