Luta pela paz
Presidenta do Conselho Mundial da Paz repudia a persistência do para-militarismo na Colômbia
A presidenta do Conselho Mundial da Paz (CMP), Socorro Gomes, emitiu uma nota de repúdio e solidariedade ao povo colombiano pelos assassinatos de diversos líderes comunitários, defensores de direitos humanos, líderes de movimentos sociais e ex-combatentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (Farc-EP), neste domingo (22). Socorro reafirmou o apoio do CMP à demanda do povo colombiano pelo fim da impunidade, do para-militarismo e da violência e pela construção de uma paz justa e duradoura. Leia o texto a seguir:
Rejeitamos a persistência do para-militarismo na Colômbia e exigimos justiça
Com consternação e revolta, denunciamos nos termos mais firmes os assassinatos de ao menos seis ex-combatentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército Popular (FARC-EP), relatados em 20 de outubro por René Hertz, porta-voz da Zona Veredal Transitória de Normalização de La Paloma.
Os ex-combatentes foram encontrados amarrados e mortos no município de Charco. Seus assassinatos somam-se às constantes denúncias de ex-combatentes e membros do novo partido político FARC (Força Alternativa Revolucionária do Comum) sobre a continuidade da violência. A transição para a luta pela justiça social e a transformação na legalidade demonstrara o compromisso com a paz e a construção de uma sociedade melhor para todos.
No entanto, as mortes de José Miller Exstupiñán Toloza, Carlos Sinisterra, Edinson Martínez Ordoñez, Duque Alberto Obando Vallecilla, José Alfredo García Estupiñán e Johan (cujo nome completo ainda não é conhecido) e de quaisquer outros colombianos não podem passar incólumes. A violência e a impunidade podem descarrilar um longo processo diplomático que possibilitou vislumbrar a paz após cinco décadas de conflito armado e que inúmeros partidos políticos, movimentos populares, sindicatos, organizações internacionais e organizações de paz como o Conselho Mundial da Paz saudaram com esperança.
Os grupos paramilitares continuam a atuar na região, na contramão de todos os compromissos assumidos pelo governo colombiano com a promoção de um cenário de segurança para o processo de paz e o desmantelamento dessas gangues. Reiteramos, veementemente, que a persistência do para-militarismo é inaceitável.
Além das vítimas acima mencionadas, dois membros do povo indígena Awá (Alirio Zabala e Geovany Zabala), o líder comunitário de Tumaco, José Jair Cortés, o professor e líder sindical de Tolima Liliana Astrid Ramírez, o defensor dos direitos humanos de Medellín Liliana Patricia Castaño e José María Eliecer Carvajal, de Putumayo, também foram mortos.
Os movimentos colombianos denunciam que, em menos de um mês, 19 líderes sociais foram mortos por paramilitares e sete camponeses foram mortos pela polícia em Tumaco, mantendo o ambiente de violência, ameaças e perseguições que vigorou nas últimas décadas.
Os solidários com o povo colombiano expressam profundo pesar às famílias das vítimas e seu firme apoio na demanda por mudança, para que uma paz justa, sólida e duradoura possa ser construída na Colômbia e na América Latina. Para isso, é urgente desmantelar as gangues paramilitares como uma das principais causas da persistência da violência.
Instamos as autoridades colombianas a reconhecer esses casos, punir os culpados e atuar com urgência para evitar a sua repetição.
O Conselho Mundial da Paz reitera frequentemente a nossa crença na possibilidade de paz para toda a região desde que todos assumam seus compromissos com a sua construção, para uma transformação real e efetiva.
Socorro Gomes,
Presidenta do Conselho Mundial da Paz
22 de outubro de 2017