Opinião
PCP: Não à agressão do imperialismo à Síria
Quando este texto é escrito, está novamente em marcha uma ampla operação que visa promover a escalada de agressão contra a República Árabe Síria e o seu povo – uma agressão que, recorde-se, se iniciou há mais de sete anos.
Por Pedro Guerreiro*
São particularmente graves não só as inconcebíveis ameaças e retórica de guerra contra a Síria por parte dos EUA – secundadas por outras potências da Otan, como a França e o Reino Unido, assim como Israel e a Arábia Saudita –, como os preparativos militares para a levar a cabo, incluindo a campanha midiática de mentira e deturpação que visa impor a banalização da guerra.
É impossível não salientar como é particularmente chocante e vergonhoso o papel de órgãos de comunicação social que se assumem como autênticos paladinos da guerra de agressão, constituindo-se parte desta e, consequentemente, tornando-se corresponsáveis pelas suas hediondas consequências. Como se verificou na Iugoslávia, no Iraque e na Líbia, também a agressão contra a Síria se sustenta em pretextos que se veio a comprovar serem baseados em engendradas falsidades.
A atual escalada na agressão contra a Síria manobra em torno de uma alegada utilização de armas químicas em Douma, que os EUA e seus aliados atribuem à Síria e que esta rejeita veementemente, ao mesmo tempo que propõe que seja clarificado o que efetivamente se passou e reafirma que não possui este tipo de armas.
Recorde-se que vinha sendo denunciada a possibilidade de uma operação provocatória por parte daqueles que, não aceitando a sua derrota na Síria, se demonstram dispostos a cometer as mais abomináveis provocações, como a encenação ou, mesmo, a utilização real de armas químicas por parte dos grupos terroristas – agora, transfigurados de novo em “rebeldes” –, por forma a acusar as autoridades sírias e, assim, forjar um pretexto para “legitimar” um novo patamar na agressão dos EUA e seus aliados.
Contra a agressão, pela paz
Para compreender a nova escalada contra a Síria há que ter presente que a operação contra este país teve na hedionda, cruel e criminosa ação de grupos terroristas um instrumento central – aliás, como se verificou com a destruição da Líbia. Grupos terroristas que foram e são apoiados pelos EUA e seus aliados.
Não é demais salientar que os EUA intervêm militarmente de forma direta na Síria, procurando prosseguir a agressão e impor a divisão territorial daquele país, porque os grupos terroristas foram derrotados e falhou o seu propósito da destruição do Estado sírio.
É por isso que os EUA e seus aliados têm boicotado permanentemente os esforços para o diálogo e a paz, continuando a afrontar a Carta das Nações Unidas e o direito internacional, procurando insistentemente instrumentalizar a ONU, com a conivência de alguns dos seus altos responsáveis, para branquear a sua criminosa ação.
As atuais ameaças, preparativos e forma de agressão contra a Síria, a concretizarem-se, terão imprevisíveis e perigosíssimas consequências, com repercussões ao nível mundial.
Quem defende a paz, o cumprimento do direito internacional, o respeito da soberania, independência, unidade e integridade territorial da Síria e o direito do seu povo a decidir, livre de ingerências externas, o seu futuro, só pode denunciar e exigir o fim da agressão de que este país é vítima.
Portugal, no respeito pela Constituição da República, deve demarcar-se de uma qualquer escalada belicista contra a Síria, pugnar pelo fim da agressão e agir em prol da paz.
Agora, como antes, impõe-se a expressão da solidariedade para com a resistência da Síria e do seu povo face a uma brutal guerra de agressão.
* Membro do Secretariado do Partido Comunista Português (PCP)
Fonte: Avante!