Equador
Vice-presidente do Equador denuncia tentativa de golpe de Estado “similar ao que aconteceu no Brasil”
O vice-presidente do Equador Jorge Glas esteve, na última terça-feira (20), na Comissão de Fiscalização da Assembleia Nacional, onde assegurou que há, no Equador, um processo em curso para dar um golpe de Estado brando, contra o atual governo.
“Há um processo sistemático que tenta desacreditar o governo (…) Está em marcha no Equador um golpe de Estado brando, porém não vencerão” enfatizou o segundo mandatário, em relação à posição de certos setores que propõem o seu julgamento pela sua responsabilidade política no tratamento de setores estratégicos, nos quais foram detectados casos de corrupção.
“Este processo, que tem muitas similaridades com o que ocorreu no Brasil, esconde processos de desestabilização democrática para uma volta ao passado”, afirmou.
O você presidente Glas, que se dirigiu ao Legislativo, por iniciativa própria, para explicar a sua responsabilidade política na direção dos setores estratégicos no governo anterior, fez uma ampla exposição dos planos e projetos executados nos setores de hidrocarburetos, eletricidade, telecomunicações, entre outros, que tanto beneficiaram o país.
A intervenção do vice-presidente durou mais de quatro horas, sendo que ele respondeu às inquietudes dos delegados das diferentes bancadas legislativas, esses temores se baseiam principalmente no caso Odebrecht e apontavam para a responsabilidade política do mandatário.
A esse respeito, Glas assinalou que não tem nada a ocultar e deseja que se investigue tudo o que deva ser investigado. Recordou que seu patrimônio já foi auditado e que se encontra à disposição para submeter-se à auditoria, tantas vezes quantas sejam necessárias.
“Investigar tudo e todos (…) tenho claro meu papel histórico: primeiramente defender os 10 anos da Revolução Cidadã com a justiça e a verdade”, expressou.
Em sua exposição detalhou os casos de corrupção denunciados pelo próprio governo. Neste sentido, disse que “enquanto todos a estão difamando, a Revolução está denunciando”.
Glas defendeu que seja impulsionada uma iniciativa para que se investigue quarenta anos do passado e um igual número de anos no futuro.
“Se alguém quiser continuar me difamando, o desafio a ir à Fiscalização (…) e que investigue tudo e todos”, ressaltou.
Acerca da investigação a um parente seu, no âmbito da corrupção da empresa brasileira, o vice-presidente assegurou que o processo está sendo apurado e, no caso de se determinar alguma responsabilidade, o acusado responderá à justiça.
“Venho com a verdade para poder explicar em detalhes a responsabilidade política (…) Apresento-me aqui como um homem de honra que sou”, declarou ao início da sessão qualificada como histórica, devido ao fato de que o próprio vice-presidente pediu pra ser recebido pela Comissão, para prestar esclarecimentos.
“Da minha parte sempre haverá respeito à honra alheia”, declarou ao se referir às infâmias das quais foi vítima durante a última campanha eleitoral; e questionou como certos políticos, referindo-se ao ex-presidente Abdalá Bucaram, voltam ao país, após 20 anos, “não por terem enfrentado um processo judicial, mas porque tal processo prescreveu”.
“Não fui a lugar algum e nem vou ao Panamá, Miami ou Peru (…) minhas mãos estão limpas, só me ajoelho perante a Deus, para estar em pé perante aos homens”, declarou, assinalando a necessidade de uma norma internacional que impeça que “quaisquer corruptos possam esconder-se em lugar algum do planeta, mas que sempre respondam por suas ações”.
“Meu patrimônio é público, vivo do meu salário e do de minha esposa, não tenho contas em paraísos fiscais”, ressaltou ao propor uma investigação dos atos de corrupção no país, nos últimos 40 anos.
Glas declarou que a luta contra a corrupção não é um tema de denúncias baseadas em recortes de jornais, “mas um tema sério, que dever ser tratado com responsabilidade”.
Fonte: Andes, tradução de Maria Helena De Eugenio para o Resistência