Resistência

A Venezuela reiterou sua disposição de mudar as relações bilaterais que mantém com os Estados Unidos e construir uma agenda positiva para ambas as nações, baseada nos princípios da Carta da Organização das Nações Unidas.

Foi o que declarou nesta terça-feira (27) o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, referindo-se ao encontro que manteve na segunda-feira com o secretário de Estado estadunidense, John Kerry, em Cartagena, no final do ato protocolar de assinatura do acordo de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.

Durante um programa de televisão, o chefe de Estado assegurou que confirmou a Kerry a disposição de iniciar um intercâmbio diplomático com os EUA, baseado na igualdade de direitos, livre determinação dos povos e abstenção de recorrer a ameaças ou uso da força.

Foi uma reunião muito boa e franca, desenvolveu-se de forma diplomática e agradável, em um clima de respeito mútuo, disse o mandatário sul-americano, antes de expressar que ‘o governo bolivariano está preparado para manter intercâmbios pacíficos com seu homólogo Barack Obama’ e com as próximas administrações norte-americanas.

Comprometemo-nos a trabalhar para construir uma agenda de paz para nossos povos e governos, repetiu.

Maduro afirmou que tem esperança nos efeitos positivos do encontro, para promover a criação de oportunidades e políticas enfocadas na abertura de uma ‘etapa diferente na história’ comum das duas nações.

Nesse sentido, revelou que proximamente Thomas Shannon, subsecretário de Estado para Assuntos do Hemisfério, visitará a Venezuela, e indicou que Kerry viajará a Caracas se melhorarem as relações entre os dois países.

Igualmente, confirmou que desejar uma relação respeitosa com a nação norte-americana não implica abaixar a cabeça diante das ambições e interesses políticos e econômicos da direita internacional.

A Venezuela jamais se submeterá a um império, este é um detalhe que devem ter em conta as autoridades desse país, sublinhou.

Queremos ter com os Estados Unidos, disse, a mesma relação de paz e respeito que temos com os demais países, e pela qual presidimos fundamentais organizações internacionais como a União de Nações do Sul, e pertencemos ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.

A diplomacia de paz sempre foi uma caracterísitca de nossas relações exteriores, desde 1999 com a chegada do comandante Hugo Chávez ao poder, concluiu.

Durante os três últimos quinquênios, Washington tem mantido uma atitude de ingerência em sua relação com a Venezuela, apesar das reações contra isso por parte do governo bolivariano e as inúmeras propostas de estabelecer relações com respeito à soberania e conforme os princípios das Nações Unidas.

Em março de 2015, o governo de Barack Obama declarou que o país sul-americano representa uma ‘ameaça extraordinária para a segurança do país norte-americano’, decreto condenado pelos cidadãos venezuelanos e a opinião pública internacional.

A chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, se reuniu com Kerry em junho último, no contexto da 46ª Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos, em São Domingos, República Dominicana, onde se manifestou a vontade de ‘designar embaixadores e regularizar as relações bilaterais’, depois da retirada de ambas as representações diplomáticas em 2010.

Prensa Latina