Opinião
Venezuela convoca frente antifascista global
A Revolução Bolivariana aposta na unidade das forças democráticas, progressistas e anti-imperialistas, escreve o dirigente comunista José Reinaldo Carvalho
Por José Reinaldo Carvalho (*) – A menos de um mês da posse do presidente legitima e democraticamente reeleito Nicolás Maduro, a Venezuela encontra-se imersa em uma mobilização antifascista geral e permanente, contra as ameaças da extrema direita.
Depois de derrotar as pressões internas e externas para anular o resultado das eleições presidenciais de 28 de julho, a Venezuela realizou três eventos marcantes que tendem a repercutir no curto e longo prazos e provocar impacto global.
Em setembro teve lugar em Caracas o Congresso Internacional Antifascista, que se transformará em uma organização com caráter internacional, reunindo movimentos, lideranças e intelectuais para combater o avanço do fascismo e da extrema direita no mundo.
Durante a realização do “Congresso Mundial contra o Fascismo, Neofascismo e expressões similares”, o presidente Maduro afirmou que a Venezuela se tornou o epicentro dos ataques imperialistas estadunidenses e o congresso terá a função de organizar movimentos ao redor do mundo para combater a ofensiva que pode tomar a forma de ações intervencionistas e golpistas violentas. Ao advertir para a ameaça, Maduro não hesitou em reafirmar a convicção de que o fascismo na Venezuela nunca chegará ao poder político. A Revolução tem meios e modos de se defender.
Por sua vez, a vice-presidenta Delcy Rodríguez associou as tendências antidemocráticas e de extrema direita ao agravamento da crise sistêmica do capitalismo, apontou a participação dos EUA na expansão do fascismo e explicou que isto altera a disposição das forças políticas no tabuleiro da geopolítica global.
Na sequência desse empenho para aprofundar o debate sobre as causas do ressurgimento do fascismo no século 21, a Venezuela sediou no mês de novembro o Fórum Parlamentar Antifascista Mundial, com a participação de mais de 300 legisladores de 70 países. novembro. O evento abordou questões cruciais como as novas formas de agressão manifestadas através do colonialismo, do neocolonialismo, do fascismo e do genocídio.
Finalmente, ainda em novembro, realizou-se também na capital venezuelana o Congresso Internacional da Juventude Antifascista, com mais de 500 delegados de pelo menos 70 países. Diosdado Cabello, vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), denunciou que por trás do fascismo há sempre o imperialismo e fez um veemente chamado à juventude: “Está nas mãos de vocês, jovens de todo o mundo, salvar o mundo do fascismo”. “Os jovens desempenham um papel fundamental na criação de uma frente antifascista global”, enfatizou
A Venezuela bolivariana é um exemplo emblemático na construção da resistência antifascista e anti-imperialista. O país tem enfrentado ataques do imperialismo e de governos reacionários, incluindo sanções econômicas brutais, tentativas de golpes e uma constante guerra midiática. Apesar das adversidades, o povo venezuelano tem demonstrado resiliência e capacidade de organização, construindo alternativas que colocam a soberania nacional e o bem-estar do povo em primeiro plano. Depois de todas as pressões e provocações após as eleições presidenciais de julho, tudo indica que estão sendo urdidos planos para fomentar nova crise política e desestabilizar o país no momento da posse de Maduro, marcada para 10 de janeiro. Os primeiros sinais são as declarações dos últimos dias do candidato derrotado Edmundo González Urrutia e lideranças da extrema direita venezuelana de que será ele o presidente a empossar.
Neste quadro, eleva-se ainda mais a importância da mobilização e união das forças antifascistas e anti-imperialistas globais para resistir às pressões hostis e criar instrumentos de luta em defesa da democracia e da soberania nacional.
A resistência ao imperialismo e à extrema direita é uma tarefa histórica que exige unidade, organização e audácia. É necessário mobilizar ativistas, movimentos sociais e populares e lutar em múltiplas frentes elevando o nível de coordenação internacional, o que valoriza ainda mais a iniciativa venezuelana de convocar o congresso antifascista e anti-imperialista global. A frente democrática, popular e anti-imperialista a se constituir será um instrumento poderoso na mobilização dos povos, organizações sociais, partidos e governos progressistas e revolucionários. A unidade e a solidariedade são indispensáveis, requerendo de articulações já existentes como Alba Movimentos e Fórum de São Paulo que exerçam protagonismo como espaços de articulação, formulação estratégica, organização e ação.
A luta contra o imperialismo e a extrema direita também exige uma aturada luta de ideias, desmascarando cada vez mais a propaganda dos porta-vozes do imperialismo.
Por José Reinaldo Carvalho (*) é jornalista, editor do Resistência, membro do Comitê Central e da Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil, onde coordena o setor de Solidariedade e Paz. É presidente do Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz)