Opinião
União e mobilização do povo venezuelano para derrotar a contrarrevolução
A República Bolivariana da Venezuela encontra-se mais uma vez sob intensa pressão e uma brutal ofensiva do imperialismo estadunidense e das forças oligárquicas locais. No país bolivariano, a direita fascista, contando com o respaldo dos meios de comunicação controlados pelo grande capital, pretende derrocar a revolução inaugurada pelo comandante Hugo Chávez, hoje sob a liderança do presidente Nicolás Maduro.
Por José Reinaldo Carvalho (*)
Desde os primeiros dias de abril, repetindo episódios anteriores, vândalos da direita, mancomunados com representantes da direita fascista na mídia, no parlamento e setores econômicos e sociais estão levando a cabo uma intentona golpista. O plano é derrocar o governo legítimo e provocar uma intervenção externa.
A direita venezuelana recorre a métodos violentos, depois de realizar a guerra econômica e a midiática, que prosseguem. Exigem a deposição ou a renúncia do presidente da República, contando com apoio externo. A reunião que a OEA realizou em Cancun na semana passada foi uma tentativa de preparar o ambiente para a intervenção externa, com a cumplicidade de governos reacionários da região, entre eles o governo golpista de Michel Temer. O intento fracassou, fruto da resistência da chancelaria venezuelana e da solidariedade de países amigos.
Assembleia Nacional Constituinte
As forças progressistas brasileiras, convencidas de expressar os sentimentos profundos de nosso povo, respaldam os esforços que o presidente Nicolás Maduro está realizando para pacificar o país através do diálogo e da busca de saídas políticas que salvaguardem e levem ainda mais adiante as conquistas da Revolução bolivariana. É como vemos desde nosso país a convocação da Assembleia Nacional Constituinte (ANC), caminho viável para conter a violência, isolar as forças recalcitrantes da direita, garantir a paz, recuperar a economia nacional e assegurar as missões sociais. As forças progressistas, e com maior razão os comunistas, os revolucionários, as correntes de esquerda, além dos movimentos sociais, devem ter presente que é seu dever precípuo apoiar plenamente a revolução bolivariana, o governo do presidente Maduro e respaldar a eleição, em 30 de julho próximo, da ANC e sua subsequente instalação e funcionamento.
A Assembleia Nacional Constituinte, visa a promover uma transformação do Estado, a ser normalizada pela nova Constituição. Com a mirada centrada nas prioridades nacionais, as forças dirigentes da revolução bolivariana fixaram nove linhas programáticas para o debate constituinte.
Pode-se mencionar: o restabelecimento da paz – direito e anseio da nação; o aperfeiçoamento do sistema econômico nacional rumo à edificação de um país poderoso nos aspectos econômico, social e cultural; a constitucionalização das Missões e Grandes Missões Socialistas; a ampliação das competências do Sistema de Justiça, para erradicar a impunidade dos delitos; a constitucionalização das novas formas da democracia participativa e protagonista; a defesa da soberania e a integridade da nação e a proteção contra o intervencionismo estrangeiro; a reivindicação do caráter pluricultural da pátria; a garantia do futuro para a juventude e, finalmente, a preservação da vida no planeta.
A ANC ampliará o escopo da Constituição fundadora de 1999, que será aperfeiçoada e adequada aos tempos atuais e às aspirações do povo venezuelano, com a perspectiva de continuar o desenvolvimento do país como uma pátria soberana, independente, justa e produtiva.
Protagonismo popular
Como ensinou o presidente Chávez, reside no poder originário do povo, no poder popular, no protagonismo das massas a possibilidade de levar adiante a revolução bolivariana.
Nosso apoio ao governo bolivariano da Venezuela e à ANC, que corresponde à nossa concepção internacionalista, relaciona-se também com a maneira como encaramos o desenvolvimento da América Latina e do Caribe, que em seu conjunto também estão no alvo de uma brutal ofensiva do imperialismo e das oligarquias locais. A revolução bolivariana foi e segue sendo uma base de apoio à unidade e à integração regional, ajudando a criar mecanismos como a Alba, a Unasul e a Celac.
Com visão estratégica, o presidente Nicolás Maduro dá continuidade ao plano socialista da nação venezuelana, concebido por Hugo Chávez, como expressão de um novo pensamento político denso e qualitativamente diferente do da oligarquia. A luta pelo socialismo é feita em meio a imensas dificuldades objetivas e subjetivas. A favor do povo está o fato de que o poder popular e a liderança do presidente Maduro como estadista e dirigente político, mostram-se decididos a levar adiante com consequência um programa patriótico e de esquerda, bolivariano, democrático-popular, anti-imperialista e socialista, capaz de construir uma grande e poderosa nação progressista.
Trata-se do programa ao qual Maduro jurou fidelidade, como herdeiro do comandante Hugo Chávez, em cujo governo começaram a redenção nacional da Venezuela e a libertação social de seu povo. Através do programa chavista, a direção da revolução busca plasmar e dar concretude aos objetivos históricos, nacionais e estratégicos da revolução na presente etapa. Independência política, econômica, financeira, científica e tecnológica; socialismo, para superar o iníquo sistema capitalista vigente; poder econômico, social e regional, em uma perspectiva de integração entre iguais, com altos índices de desenvolvimento educacional e cultural, são alguns dos objetivos permanentes da revolução que o atual governo busca com pertinácia. Isto é o que a contrarrevolução busca interromper.
O poder nacional venezuelano conta com o legado teórico e prático de Hugo Chávez, a formulação programática acima sintetizada, a mobilização do povo e a união cívico-militar. Em repetidas ocasiões, Chávez sentenciou que as forças entreguistas, reacionárias, opressoras e exploradoras do povo venezuelano “não voltarão jamais”. Nicolás Maduro e os demais integrantes do comando revolucionário bolivariano são portadores dessa convicção, o que explica a segurança, firmeza, serenidade, prudência e decisão com que têm atuado na presente crise.
“A Venezuela tem em mim um filho”
A Venezuela é um país com milhões de amigos em todo o mundo, começando pelos povos fraternos da região, entre os quais o nosso. O maior líder latino-americano de todos os tempos, o comandante da revolução cubana Fidel Castro, em uma sentida declaração emitida por motivo do falecimento de Chávez em cinco de março de 2013, afirmou que o líder bolivariano tinha sido o melhor amigo que o povo cubano teve ao longo da sua história.
Na mesma ocasião, Fidel recordava que o apóstolo das lutas pela independência de Cuba, José Martí, dirigiu-se nos seguintes termos ao país que lhe serviu de refúgio: “Diga-me, Venezuela, em que posso servir-lhe: ela tem em mim um filho”.
No momento em que a contrarrevolução volta a levantar a cabeça na Venezuela, somos todos venezuelanos e bolivarianos. Com o herói cubano, repetimos que o país de Bolívar e Chávez tem em nós seus filhos, empenhados na solidariedade e na luta em defesa da revolução.
No momento em que a luta política na Venezuela atravessa um momento crucial, é importante recordar as palavras de Chávez na última batalha eleitoral que realizou e venceu: “Os povos do mundo têm dentro de si o que alguém chamava pulsão heroica. Os povos vivem de sua pulsão heroica e o povo venezuelano possui uma pulsão heroica que vive e viverá para sempre na alma do povo, em suas entranhas.
São ideias e convicções que nos dão a certeza de que a contrarrevolução uma vez mais será derrotada.
(*) Jornalista, editor do Resistência (www.resistência.cc), membro do Comitê Central, Comissão Política Nacional e Secretariado, responsável por Política e Relações Internacionais.