Resistência

O Partido da Refundação Comunista, da Itália – integrante da Esquerda Europeia – divulgou no domingo (15) um documento onde condena o “golpe em andamento”, prestando solidariedade ao povo brasileiro. Leia a íntegra.

Refundação Comunista condena o golpe contra Dilma Rousseff

No último dia 12 de maio o Senado do Brasil aprovou um julgamento político contra a Presidenta da República Dilma Rousseff, acusada de haver mudado a destinação de itens do orçamento do Estado. Busca-se, assim, criminalizar uma decisão política e administrativa e isso certamente não acontece para combater a corrução, como se quer fazer crer. Na ausência de crime trata-se de um verdadeiro golpe de Estado, realizado por uma instância onde estão dezenas de parlamentares corruptos, contra a vontade de 54 milhões de brasileiros que votaram em Dilma. Um roteiro já visto no passado contra os legítimos presidentes de Honduras (2009) e do Paraguai (2012).

Durante o julgamento de seis meses em que a Presidenta ficará afastada de suas responsabilidades, os acusadores terão que encontrar provas que não foram apresentadas quer na Câmara ou no Senado, mas que, paradoxalmente, não foram necessárias para aprovar o processo de impeachment.

Graças a este golpe institucional, as forças políticas que traíram o governo juntamente com os derrotados na última eleição criaram um governo farsante, totalmente ilegítimo. À testa deste governo está o golpista Michel Temer, ex-vice de Dilma e marionete de Washington. Entre os novos ministros sete estão sob investigação por corrupção. O novo governo eliminou os ministérios da Cultura, do Trabalho, do Desenvolvimento Agrário (que cuidava da agricultura familiar), e incorporados ao Ministério da Justiça (equivalente de fato ao Ministério do Interior Italiano) os Ministérios de Mulheres, Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. O Ministro das Finanças, em acordo com a ala golpista da Fiesp, anunciou uma reforma previdenciária e trabalhista. O Ministro da Justiça comparou as manifestações de massa que se seguiram ao golpe como ações de guerrilha, sustentando que como tal devem ser tratadas. O neopentecostalismo fundamentalista ocupa o ministério da Educação e o da Saúde. Desde a ditadura militar não se vê um governo parecido, com a ausência total de mulheres e afrodescendentes e um programa obscurantista e de extrato rigorosamente neoliberal.

Através do contágio do “vírus golpista”, a direita latino-americana busca reconquistar o governo e o poder, com o apoio da administração Obama, que objetiva enfraquecer o bloco dos Brics (Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul).

O PRC condena com firmeza o golpe em andamento e reafirma a sua solidariedade com o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), o movimento social e as forças progressistas que estão unidas contra o golpe e que se manifestam nas ruas.

O PRC apela a seus militantes e aos verdadeiros democratas que se mobilizem em defesa da democracia e contra o golpe no Brasil.

Tradução: Wevergton Brito Lima, para o Resistência

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