Colonialismo

Povo de Porto Rico luta por libertação de patriota preso há 35 anos nos EUA

29/05/2016

O combatente portorriquenho Oscar Lopez Rivera, de 73 anos, completa 35 anos preso nas masmorras dos Estados Unidos. Neste domingo (29), milhares de seus compatriotas se manifestam exigindo sua soltura.

López Rivera, condecorado por seu valor pelas forças armadas norte-americanas quando cumpriu o serviço militar obrigatório durante a guerra de agressão contra o Vietnã, é hoje um símbolo da resistência do povo portorriquenho que – acima de discrepâncias ideológicas – exige que o presidente estadunidense Barack Obama lhe conceda indulto.

Com uma vontade de ferro que o levou a suportar com iredutível valor 12 anos de prisão em solitária, o lutador independentista se transformou em símbolo da resistência do povo portorriquenho à dominação colonial dos Estados Unidos, iniciada em 1898 com a invasão à ilha no marco da Guerra Hispano-Cubano-Norte-americana.

O porta-voz do Comitê pelos Direitos Humanos de Porto Rico, Eduardo Villanueva Muñoz, disse que a marcha de 2,6 milhas que se realiza neste domingo em San Juan tem como objetivo solicitar a soltura de López Rivera, “não sua liberdade”, “porque não se puede libertar um homem livre, comprometido com a independêcia e a soberania de sua pátria”.

Villanueva Muñoz, ex-presidente da Ordem dos Advogados de Porto Rico, sublinhou que com a marcha se quer enviar uma mensagem ao governo dos Estados Unidos, em particular ao presidente Obama, de que esta é uma exigência do povo portorriquenho, não de umas poucas pessoas.

Esclareceu que, ao contrário do que se divulgou dias atrás em alguns meios de comunicação do país a propósito de sua visita a Porto Rico, o ex-presidente Bill Clinton “está a favor de que se reveja o caso de Oscar”.

O ex-presidente norte-americano indultou em 1999 19 portorriquenhos prisioneiros políticos e de guerra, mas López Rivera rechaçou uma oferta de sair em uma década porque não foram incluídos outros camaradas seus, os quais já estão fora da prisão.

Muñoz Villanueva detalhou que em 20 de junho próximo, quando o caso colonial de Porto Rico voltará a ser analisado nas Nações Unidas, em pelo menos 35 países, um por cada ano em que Oscar Lopez Rivera está preso, serão feitas atividades diante de missões diplomáticas dos Estados Unidos “para reclamar que ele seja solto”.

Jan Susler, que por ser sua advogada se reúne com frequência com Lopez Rivera, o descreveu como homem “cheio de humildade e dignidade, ao mesmo tempo que sabe quem é, porque o povo o ama”.

“Trinta e cinco anos de encarceramento é mais tempo do que Nelson Mandela passou preso na África do Sul”, destacou a ex-secretária do governo de Porto Rico Ingrid Vila Biaggi.

Anunciou que nas próximas semanas haverá iniciativas nos Estados Unidos para aumentar a pressão pela soltura de Lopez Rivera.

“Oscar está encarcerado por querer libertar-nos do colonialismo. Sua soltura é um passo para negociar o futuro de Porto Rico” com Washington, disse em uma coletiva de imprensa.

Clarissa Lopez Ramos manifestou que com seus 45 anos de idade sonha com caminhar ao lado de seu pai pelas ruas de Porto Rico que o viu nascer e que deixou aos 14 anos, quando emigrou aos Estados Unidos.

“Meu papai tem muito a oferecer e a desfrutar, como sua neta Karina, seu povo com seu coração gigante; falta um portorriquenho em casa, falta-nos Oscar”, disse emocionada.

A marcha pela soltura de Oscar foi convocada pelo Comitê pelos Direitos Humanos de Porto Rico, com apoio do Partido Independentista Portorriquenho (PIP) e do Movimento Independentista Nacional Hostosiano (MINH), entre outras organizações.

Os organizadores da atividade, Félix Adorno e Carlos Lopez, explicaram que a marcha terminará na Praça da Barandilla no Velho San Juan, onde haverá um ato político-cultural.

Prensa Latina

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