Geopolítica

Potências ocidentais acusam Rússia de ser ‘Estado pária’

05/10/2018

Países ocidentais emitiram nesta quinta-feira (4)acusações de que a Rússia executa o que descreveram como uma campanha global de ataques cibernéticos visando instituições desde entidades esportivas antidoping até empresas de energia nuclear e organizações reguladores de armas químicas. Usando termos ofensivos, o Reino Unido disse que a Rússia se tornou um “Estado pária”.

As acusações foram anunciadas em notas divulgadas em todo o mundo, emitidas enquanto os ministros de Defesa da Otan (foto) se reuniram em Bruxelas para apresentar uma frente unida contra a Rússia.

Os Estados Unidos disseram que a Rússia precisa pagar o preço por suas ações. E seus aliados ao redor do mundo emitiram fortes avaliações do que descreveram como uma campanha de invasão cibernética da agência de inteligência militar russa, a GRU.

Moscou negou o que a porta-voz de seu Ministério de Relações Exteriores classificou como “um coquetel de perfume diabólico” de alegações de alguém com “imaginação rica”.

As acusações visam aprofundar o isolamento da Rússia em um momento no qual seus laços diplomáticos com o Ocidente se esgarçaram devido ao envenenamento de um ex-espião russo na Inglaterra, e em que o país está sob sanções dos Estados Unidos e da Europa em decorrência de ações na Ucrânia.

Autoridades holandesas e britânicas acusaram a Rússia de enviar agentes com antenas wi-fi a Haia para tentar hackear a Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq). Na época da suposta tentativa de ataque, a agência da ONU investigava o veneno usado contra um ex-espião russo no Reino Unido e armas químicas que países ocidentais dizem terem sido usadas na Síria pelo presidente Bashar al-Assad, aliado da Rússia.

A inteligência militar russa “está ativa aqui na Holanda… onde muitas organizações internacionais estão (sediadas)”, disse o general holandês Onno Eichelsheim.

Os Estados Unidos indiciaram sete supostos agentes russos por conspirar para invadir computadores e roubar dados para deslegitimar organizações internacionais antidoping e punir funcionários que revelaram um programa de doping de atletas patrocinado pelo Estado russo.

Esses supostos agentes também foram acusados ​​de tentar invadir a Westinghouse Electric, uma empresa de energia nuclear norte-americana. O Departamento de Justiça dos EUA disse que um dos russos realizou o reconhecimento de pessoal e roubou credenciais de acesso à empresa. Três dos sete já haviam sido indiciados pelo procurador especial que investiga alegações de interferência russa na eleição presidencial norte-americana de 2016, o que Moscou nega.

Mais cedo nesta quinta-feira (4), o Reino Unido divulgou uma avaliação baseada no trabalho de seu Centro Nacional de Segurança Cibernética (NCSC, na sigla em inglês) que rotulou a GRU como uma agressora cibernética que usou uma rede de hackers para semear a discórdia em todo o mundo.

De acordo com o governo britânico, a GRU quase certamente esteve por trás dos ataques BadRabbit e à Agência Mundial Antidoping em 2017, à invasão do Comitê Nacional Democrata dos EUA em 2016 e do roubo de emails de uma rede de televisão sediada no Reino Unido em 2015.

“As ações da GRU são irresponsáveis e indiscriminadas: ele tentam minar e interferir em eleições em outros países”, disse o chanceler britânico, Jeremy Hunt.

Autoridades da UE disseram em comunicado que “o ato agressivo da Rússia demonstrou desprezo pelo propósito solene” da Opaq. A Austrália, a Nova Zelândia e o Canadá, entre outros países, divulgaram declarações com palavras fortes apoiando as descobertas de seus aliados.

Autoridades russas retrataram as acusações como parte de uma campanha anti-russa destinada a consolidar a reputação de Moscou como um inimigo. Acusações contra a Rússia “não conhecem limites”, disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Sergei Ryabkov.

Resistência, com Reuters

Compartilhe: