Cuba
Personalidades e entidades brasileiras se engajam em campanha contra o bloqueio a Cuba
Personalidades e entidades brasileiras pronunciaram-se nos últimos dias contra o criminoso bloqueio estadunidense a Cuba. Como ocorre habitualmente, nas próximas semanas a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) votará resolução sobre este tema. O bloqueio fere gravemente os direitos humanos do povo cubano e constitui um ataque à soberania e direito à autodeterminação da Repúiblica de Cuba. Veja algumas dessas mensagens
Frei Betto
O escritor Frei Beto escreveu: “Minha condenação ao criminoso bloqueio imposto a Cuba pelo governo imperialista dos Estados Unidos. É uma blasfêmia falar de democracia e impedir um povo de viver a plenitude de sua soberania; falar de liberdade e asfixiar um povo; falar de respeito e manter a intervenção indevida em Guantánamo”.
Fernando Morais
O escritor Fernando Morais escreveu a nota intitulada Diga não ao bloqueio criminoso contra Cuba. Eis a íntegra:
No próximo dia 25 será instalada a 73ª Assembleia Geral da ONU. Na pauta estará, pela enésima vez, a proposta de suspensão do criminoso bloqueio imposto pelos EUA a Cuba desde 1962.O resultado da votação, por ser o de sempre, é previsível: excluídos Estados Unidos e Israel, os demais países membros votarão pelo fim do bloqueio.
Mas o bloqueio prosseguirá, já que seu autor, Estados Unidos, não se sente obrigado a cumprir determinações da ONU.
Três anos atrás, em dezembro de 2015, os povos civilizados celebraram, com razão, a decisão dos presidentes Raúl Castro e Barak Obama de reatarem as relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos, rompidas meio século antes.
A poderosa máquina de propaganda ianque, porém, vendeu ao mundo a falsa versão de que o aperto de mão de Raúl e Obama selava o fim do bloqueio econômico e zerava as contas dos Estados Unidos com Cuba.
Não foi isso o que aconteceu.
É essencial repetir, reiterar e deixar claro que as relações entre os dois países só voltarão à normalidade quando os Estados Unidos tomarem três decisões:
1a Decisão – Decretarem o fim do bloqueio econômico e de toda a legislação decorrente, como as leis Torricelli e Helms-Burton.
2a Decisão – Fecharem a prisão de Guantánamo e devolverem a Cuba a área de 117 km2, parte integrante do território cubano e hoje ocupada pela Base Aeronaval da USAF.
3a Decisão – Transferirem ao Tesouro Cubano a cifra de US$ 822 bilhões (R$ 3,4 trilhões) como pagamento de indenização pelo prejuízo causado à economia cubana em mais de meio século de bloqueio e de agressões de diversas naturezas. Nesse valor não está incluído um só dólar de indenização pelas centenas de milhares de vidas de cubanos mortos consequência de agressões militares e terroristas planejadas e/ou executadas pelos Estados Unidos.
Muita gente supõe, de boa-fé ou convencido pela propaganda americana, que o bloqueio é um ato simbólico, retórico, um reles pedaço de papel perdido na burocracia.
Nada mais equivocado. O bloqueio é um crime que vem sendo executado permanentemente contra Cuba por todos os últimos onze presidentes dos Estados Unidos, de Kennedy a Donald Trump.
Meus quarenta anos de fraterno convívio com Cuba facilitam a lembrança de alguns cases concretos de como funciona o bloqueio.
Anos atrás Cuba decidiu adquirir trinta tomógrafos computadorizados para atender e modernizar os serviços de saúde oferecidos à população. O lote total, de fabricação japonesa, custara aos minguados cofres cubanos a respeitável quantia de 3 milhões de dólares.
Os aparelhos foram comprados, pagos, embalados… E permaneceram por meses e meses nos almoxarifados da fábrica, no Japão. Por que tanta demora na entrega de equipamentos de que a população tanto necessitava? A resposta tem uma única palavra: o bloqueio.
Segundo reza o bloqueio, qualquer navio, de qualquer bandeira, que atraque em Cuba estará proibido pelo período de seis meses de atracar em qualquer porto norte-americano – punição duríssima para qualquer empresa internacional de cargas.
O segundo case diz respeito ao Brasil. Uma grande construtora brasileira, de cujo nome não me lembro – Odebrecht ou Andrade Gutierrez, talvez -, ganhou uma mega-licitação internacional para duplicar o já gigantesco aeroporto internacional de Miami. Ocorre que a brasileira ganhadora tinha negócios na área de prospecção de petróleo em Cuba.
De bloqueio em punho, os Departamentos de Estado e de Comércio anularam a licitação. A construtora recorreu, o caso atravessou gavetas de tribunais até parar na Suprema Corte dos Estados Unidos, que deu ganho de causa à empreiteira brasileira.
O terceiro caso é um exemplo de valentia de uma empresa espanhola de hotéis, a Meliá. Depois de instalar, em parceria com os cubanos, dezenas de hotéis na Ilha, a Meliá recebeu uma ameaça dos Estados Unidos: ou encerrava seus negócios com Cuba ou seria obrigada a fechar todos seus hotéis em território norte-americano. Ao contrário de muitos, que se acovardaram, a Meliá bateu o pé: se a escolha era entre Cuba e EUA, a empresa preferia permanecer em Cuba e fechar sua rede nos Estados Unidos. Os americanos fingiram de mortos e deixaram a Meliá em paz.
Às vésperas da assembleia-geral da ONU, democratas de todo o mundo devem se manifestar. Pelas redes sociais, em tribunas e artigos. Não importa se você é ou não solidário com Cuba e sua Revolução.
O que importa, neste momento, é lutar para todos os povos, não apenas os cubanos, possam exercer seu direito à soberania e à escolha de seu destino, sem qualquer interferência, pressão ou agressão norte-americana.
Se você é contra a brutalidade do bloqueio, diga não aos Estados Unidos. Chega de ameaças, de agressões e de intromissões.
Temos a obrigação de defender o direito de Cuba e de todos os povos à sua autodeterminação.
Diga não ao bloqueio criminoso”.
Partido dos Trabalhadores
Em nota assinada por sua secretária de Relações Internacionais, Mônica Valente, o PT assinala: “O Partido dos Trabalhadores (PT) expressa mais uma vez seu profundo rechaço contra a continuidade do injustificável e ilegal bloqueio dos Estados Unidos da América (EUA) contra Cuba, que se estende por mais de 50 anos.
Há 25 anos, a Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) se pronuncia contra esse bloqueio, apresentando anualmente a resolução “Necessidade de por término ao bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba”, que tem sido aprovada desde então. Também se pronunciaram contra o bloqueio o G-77/China, CELAC e Unasul, além de uma declaração no mesmo sentido durante a 7ª. Cúpula das Américas realizada em 2015. Entretanto, a decisão da AGNU nunca vigorou devido aos isolados vetos dos EUA.
Apesar das inegáveis dificuldades que o bloqueio causou ao longo de todas estas décadas, o povo cubano construiu seu desenvolvimento de forma soberana em busca de mais igualdade e justiça social, com destacados resultados positivos na saúde e educação para o conjunto da sua população.
O bloqueio imposto pelo governo estadunidense é meramente de caráter ideológico e geopolítico ao pretender destruir estas conquistas cubanas, contrárias aos dogmas políticos e econômicos que defendem para si e para o resto do mundo, sem se importar com as consequências sociais e econômicas advindas dessa atitude.
É importante reconhecer que este bloqueio é fruto de um passado político quando predominava a Guerra Fria e a bipolaridade Leste-Oeste, que não tem mais espaço no mundo moderno onde deve predominar o multilateralismo, uma vez que todas as nações são soberanas e iguais em seus direitos. Se no passado esta atitude unilateral já desrespeitava o direito internacional, a autodeterminação dos povos e a não ingerência, agora ela se mostra ainda mais condenável ao tentar impedir que Cuba possa exercer seus plenos direitos como nação soberana num mundo cada vez mais integrado.
Apoiamos as medidas negociadas pelo governo de Barack Obama e o Governo cubano em 2014 como um primeiro passo para pôr fim ao bloqueio e normalizar as relações entre os EUA e Cuba. Exortamos o atual governo dos EUA a cumprir estes acordos firmados pelos dois países e garantir sua correta aplicação. Isso seria uma importante demonstração para o mundo de seu comprometimento com o pleno funcionamento dos organismos e acordos internacionais”.
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras (CTB)
A CTB se manifestou através de nota assinada por seu presidente Adilson Araújo e o secretário de Relações Internacionais, Nivaldo Santana:
“Nos dias 25 de setembro a 1º de outubro ocorre a 73ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que novamente deve colocar em pauta o criminoso bloqueio imposto pelos EUA a Cuba desde 1962. Prejuízos bilionários têm sido acumulados pela Ilha.
O Instituto Nacional de Pesquisas Econômicas de Cuba avalia que o prejuízo causado pelo bloqueio econômico, no período compreendido entre 1960 e 2017, atingiu o montante de US$ 822,2 bilhões (R$ 3.414,92 bilhões). T
Tal agressão imperialista foi condenada reiteradas vezes pela comunidade internacional. Em 1º de novembro do ano passado, 191 Estados que integram a ONU aprovaram resolução exigindo o fim do bloqueio. Só EUA e Israel votaram na contramão do sentimento majoritário em todo o globo. Em outubro de 2016, resolução com conteúdo semelhante foi aprovada sem oposição, com abstenção de Washington e seu polêmico parceiro do Oriente Médio. A neutralidade ainda refletia os passos de aproximação ensaiados por Barack Obama, que restabeleceu os vínculos diplomáticos entre os dois países e acenou para o fim das hostilidades. Com a chegada do bilionário Donald Trump à Casa Branca a atitude mudou e o império retrocedeu à antiga tática de ameaças, pressões e chantagens. O bloqueio foi intensificado.
As Nações Unidas devem renovar neste ano o pronunciamento mundial pelo fim do bloqueio, também reclamado pela União Europeia e Celac, que em nota conjunta divulgada em 17 de julho deste ano rejeitam as “medidas coercitivas de caráter unilateral com efeito extraterritorial” impostas pelo governo estadunidense. É hora de manifestar mais uma vez nossa ativa e irrestrita solidariedade ao governo, à Revolução e ao povo cubano, cuja heroica resistência é fonte perene de inspiração para as lutas da classe trabalhadora e das forças que prezam o sagrado direito das nações à autodeterminação e rechaçam a política imperialista, criminosa, unilateral e hegemonista dos EUA”.
Resistência, com informações do Consulado Geral de Cuba em São Paulo