Eleição na França

PCF destaca bom resultado de Mélenchon e apela a derrotar Marine Le Pen no segundo turno

23/04/2017
Pierre Laurent

Pierre Laurent

O secretário nacional do Partido Comunista Francês (PCF), Pierre Laurent, publicou na noite deste domingo (23) nota em que chama a atenção para o fato de que o segundo turno da eleição presidencial confrontará a candidata da extrema-direita racista e xenófoba, Marine Le Pen, com Emmanuel Macron, candidato que os círculos financeiros escolheram para amplificar as políticas liberais com as quais o país sofre desde há 40 anos.

“É uma situação extremamente grave para nosso país. A extrema-direita está no segundo turno e a esquerda foi eliminada”.

Apesar disso, o dirigente comunista ressaltou os aspectos positivos do resultado eleitoral. “Pela primeira vez desde há décadas, milhões de cidadãos e cidadãs que aspiram à transformação social quase conseguiram alçar seu candidato Jean-Luc Mélenchon ao segundo turno. Todos aqueles que foram traídos pelas políticas levadas a cabo por Hollande e Valls e se mobilizaram pela presença de Jean-Luc Mélenchon no segundo turno provam nesta noite sentimentos misturados e contraditórios. No momento em que nos exprimimos e tendo em vista os primeiros resultados à nossa disposição, nós lhes dizemos que os quase 20% de votos obtidos por Jean-Luc Mélenchon levantam uma nova esperança para o futuro, para reiventar a nova esquerda que o nosso país espera para destravar o sistema político e a democracia. É um resultado marcante e inédito para um candidato de transformação social desde 1981”.

Apontando para o futuro, Laurent afirmou que a luta continua, em nome “destes milhões de jovens, de mulheres e homens que aspiram a uma nova sociedade livre das lógicas de rentabilidade, a uma verdadeira política de esquerda, de justiça e de progresso social voltando as costas à austeridade, ao desemprego e à precariedade”.

A nota do secretário nacional do PCF aponta os aspectos novos da conjuntura política revelados pelo embate eleitoral: “Entramos em um período totalmente novo e inédito da história política de nosso país. Mesmo que ela esteja desnorteada com as armadilhas da presidencialização, o terremoto é forte: os dois partidos, o Partido Socialista e os Republicanos, que dominaram a vida política francesa durante 40 anos, foram eliminados no primeiro turno”.

Para o dirigente do PCF a lição essencial desta campanha é a “aspiração à mudança, a uma nova escolha de sociedade”, exemplificada pela “mobilização da juventude e dos bairros populares”.

O PCF reiterou seu chamado à unidade de todas as  as forças políticas, sociais e cidadãs disponíveis para a caminhada rumo à conquista de transformações políticas e sociais.

Laurent fez uma saudação especial à campanha de Jean-Luc Mélenchon, a todos os militantes comunistas, da Frente de Esquerda, da França Insubmissa, aos detentores de mantatos eletivos comunistas e da Frente de Esquerda, aos cidadãos que se empenharam na campanha e votaram.

E capitalizou o empenho do PCF: “O engajamento de nosso partido, de seus militantes, dos detentores de mandatos comunistas e republicanos na campanha de Jean-Luc Mélenchon permitiu uma promissora aglutinação de forças. Jean-Luc Mélenchon obtém muito bons resultados nas cidades, nas regiões interioranas, nas circunscrições onde o Partido Comunista tem boa implantação e dispõe de uma importante rede de militantes e detentores de mandatos eletivos”.

Laurent considera que “uma nova página da esquerda francesa começou a ser escrita nesta campanha”, constatando que “a esquerda muda de época” e que o Partido Comunista “está totalmente empenhado nesta reinvenção, com seu projeto”, intitulado “A França em Comum”, e inteiramemnte voltado para os desafios do século 21.

Visando ao segundo turno da eleição presidencial a se realizar em 7 de maio próximo, o dirigente do PCF fez um chamamento a “barrar o caminho da Presidência da República a Marine Le Pen, a seu clã e à ameaça que a Frente Nacional constitui para a democracia, a República e a paz”.

“Marine Le Pen quer uma sociedade de ódio, de rejeição ao outro, do racismo e da xenofobia, uma sociedade que dividirá aqueles que têm interesses comuns em benefício de seu clã e das potências do dinheiro, que substituirão os princípios fundamentais da igualdade e da fraternidade na República pelos princípios da discriminação entre os franceses, entre aqueles que vivem e trabalham em nosso país segundo sua origem e nacionalidade. Não desejamos isso”, enfatizou.

O secretário nacional do PCF também se referiu à repercussão de uma eventual vitória de Marine Le Pen para a paz mundial. Tornaria o mundo “mais perigoso, onde todas as aventuras guerreiras seriam possíveis”.

“Temos o dever, par com o presente e as futuras gerações, de impedir o acesso de Marine Le Pen à  Presidência da República, o que significaria a tomada de todos os instrumentos do Estado nas mãos da extrema-direita”, insistiu.

Laurent esclareceu que esse apelo relacionado com o segundo turno “não é evidentemente em nenhum aspecto um apoio ao programa liberal antissocial de Emmanuel Macron, que nós combatemos quando ele foi ministro e que combateremos amanhã sem concessão, toda vez que ele atentar contra o mundo do trabalho, aos seus direitos e aos serviços públicos”.

Os comunistas franceses também apelam a transformar as jornadas do Primeiro de Maio num “momento de mobilização social contra a extrema-direita, pela paz, a democracia e o progresso social”.

Além do segundo turno das eleições presidenciais, a França está também diante das eleições legislativas, que se realizarão em 11 e 18 de junho próximos. Segundo Pierre Laurent, estas eleições legislativas revestem-se de “importância crucial”, assinalando que a Assembleia Nacional pode tornar-se uma espécie de contraponto à política que será conduzida pela Presidência da República.

“Podemos eleger um grande número de deputados honestos, próximos de vocês, fiéis aos interesses populares (…) deputados que resistam à direita e à extrema-direita (…) deputados portadores da resistência e da esperança em face dos apetites da finança e contrários ao ódio e às divisões”.

“O Partido Comunista apela às forças de esquerda e do progresso, às equipes de Jean-Luc Mélenchon e da França Insubmissa, a todas as forças engajadas na campanha, às forças de Benoît Hamon, aos socialistas e aos ecologistas, às mulheres e homens desejosos de reconstruir uma esquerda de combate e de transformação social a se reunir, a debater publicamente e preparar juntamente as agendas decisivas que estão por vir, a do segundo turno da eleição presidencial, do Primeiro de Maio e a das eleições legislativas de 11 e 18 de junho”, finalizou.

Fonte: Página do PCF na internet; tradução da redação de Resistência

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