Venezuela
Partido Socialista Unido da Venezuela envia carta aos povos do mundo em defesa da Revolução Bolivariana
O vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Adán Chávez Frías, enviou em 7 de setembro às forças progressistas um documento sobre a situação política na Venezuela, os desafios da Revolução Bolivariana e a batalha das eleições legislativas marcadas para 6 de dezembro próximo. Intitulado “Carta aos Povos do Mundo”, o documento destaca a posição combativa e a unidade do povo, sob a liderança do presidente Nicolás Maduro. Leia a íntegra
É um prazer dirigir-me a vocês, na oportunidade de enviar-lhes uma saudação fraterna e ao mesmo tempo expressar-lhes em nome do povo venezuelano e sua vanguarda, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), algumas considerações em relação à atual situação política em nosso país, a fim de fornecer alguns elementos que permitam uma melhor compreensão da mesma, e como contribuição para a análise de cada uma das organizações políticas, populares, sociais e de trabalhadores de que fazem parte,em torno da realidade nacional.
Isso, em um momento de grande dor e angústia, devido ao tremor humano causado pela terrível pandemia do Covid-19; e uma profunda recessão na economia mundial, que se agrava a cada dia, como expressão da continuada e severa crise do sistema capitalista à escala global, com as suas consequências de desemprego e contração da produção de bens e serviços, entre outros.
Esta conjuntura é um grande desafio para as venezuelanas e os venezuelanos, que lutam uma batalha sem precedentes para, ao mesmo tempo conter a pandemia, recuperar a nossa economia, afetada pela crise a que nos referimos, e pelo bloqueio criminoso imposto a nós pelos centros de poder imperialistas; enfrentando, ao mesmo tempo, as agressões econômicas, financeiras-comerciais, político-diplomáticas e militares do governo supremacista dos Estados Unidos.
Mesmo em meio a um panorama tão complexo, o Governo Bolivariano liderado pelo camarada Presidente Nicolás Maduro Moros não mediu esforços para preservar a saúde do povo, afinando toda a capacidade do sistema de saúde venezuelano, para garantir de maneira totalmente gratuita o atendimento médico, tratamentos e exames necessários, bem como as condições para a participação do país na fase 3 de desenvolvimento da vacina Sputnik V, alternativa oferecida à humanidade pelos cientistas da Federação Russa, graças a um acordo entre os dois países.
Nesta batalha, aprendemos que no atendimento aos pacientes são essenciais o amor, o carinho e a dedicação das heroínas e heróis que compõem o pessoal da saúde, que em nosso caso conta com o apoio inabalável das irmãs e irmãos das brigadas médicas cubanas, que há duas décadas estão no país junto com profissionais venezuelanos, levando uma experiência de solidariedade que se espalhou por outras nações da nossa América Latina e do Caribe e que reafirma princípios humanistas e internacionalistas que orientam as ações das Revoluções Cubana e Bolivariana.
Nada disso seria possível sem a consciência e capacidade organizativa do heroico povo de Simón Bolívar e Hugo Chávez, sem a decisão e a correta direção de nosso Governo e Partido, e sem a solidariedade de nações irmãs, como a República Popular da China, a Federação Russa, a República da Turquia, a República Socialista do Vietnã, a República Islâmica do Irã e, como já assinalamos, a sempre combativa Cuba Socialista, entre outros povos do mundo.
Cada um de vocês se perguntará: como os venezuelanos conseguiram resistir, em meio à mais brutal agressão imperial conhecida contra qualquer povo?
A explicação, novamente, está na consciência revolucionária do povo venezuelano, no protagonismo que desempenha no processo de amplas transformações iniciado em 1999 pelo Comandante Hugo Chávez; isto é, no desenvolvimento dos princípios da Democracia Bolivariana, bem como na implementação de uma política econômica desenhada pelo Governo Nacional para tempos de resistência, que enfrenta as medidas criminosas que de modo unilateral e violatório dos mais elementares princípios do Direito Internacional foram impostas pela atual administração dos Estados Unidos, a fim de evitar que nossa Nação realize transações de acesso a alimentos e medicamentos, e ao financiamento internacional – a proibição imperial inclui: títulos, empréstimos, extensões de empréstimos, garantias de empréstimos, cartas de crédito, faturas ou notas de desconto e papéis comerciais-; além de bloquear as atividades financeiras do Banco Central da Venezuela (BCV) e proibir a realização das operações da Petróleos da Venezuela (PDVSA), da qual depende grande parte das receitas do país, impedindo também que cheguem à Pátria os insumos necessários para produzir combustível.
Além disso, fomos proibidos de fazer qualquer transação com ouro e criptomoedas; ao mesmo tempo, empresas petrolíferas pertencentes à Venezuela foram criminosamente confiscadas; e recursos, em ouro e moeda estrangeira, que havíamos depositado em bancos da Europa e dos Estados Unidos.
Tudo isso no âmbito de um plano permanente e deliberado de destruição de nossa economia, empreendido pelo governo belicista de Donald Trump, com a cumplicidade e participação direta da facção antipatriota da extrema-direita venezuelana e de alguns governos lacaios da região, que seguem o jogo do imperialismo; um plano que antecede inclusive o atual ocupante da Casa Branca, e que tem como precedente o infame decreto do ex-presidente Barack Obama, por meio do qual a Venezuela foi declarada em 2015 como uma “ameaça incomum e extraordinária” à segurança nacional dos Estados Unidos.
É essencial que saibam que mesmo nas condições que o país enfrenta, se mantém a política de distribuição progressiva dos recursos da Revolução Bolivariana, que temos feito todos os esforços para desenvolver o mercado interno – com bons resultados em algumas áreas -, que tomamos medidas muito profundas para atender à pequena e média produção industrial e agrária, que a classe operária trava uma intensa batalha para recuperar a indústria petrolífera venezuelana, afetada pela traição de alguns e pelo brutal bloqueio que já mencionamos, o que limita significativamente a capacidade de ter os insumos de que precisamos para seu funcionamento completo.
A política de Recuperação, Crescimento e Prosperidade delineada pelo Governo Bolivariano liderado pelo camarada Presidente Nicolás Maduro Moros, possibilitou a reorganização do mercado interno de hidrocarburantes, a entrega de verbas econômicas aos setores mais carentes, a proteção de nossa produção da indústria alimentar e a criação e promoção do Conselho Científico Nacional, alavanca fundamental na resposta à pandemia e na recuperação econômica.
Caras companheiras e caros companheiros, saibam também que no dia 6 de dezembro acontecerão as eleições no país para eleger os representantes do povo venezuelano perante a Assembleia Nacional, conforme o caso, conforme estabelece a Constituição da República; uma batalha na qual nós bolivarianas e bolivarianas estamos unidos, com a confiança que nos dá o fato de termos derrotado no campo político e militar aqueles que querem fazer da Pátria de Bolívar e Chávez uma colónia dos Estados Unidos, e se apropriar de nossos recursos naturais.
Eventos como a resposta popular ao plano de invasão do país iniciado em 23 de Janeiro de 2019; a vitória das forças revolucionárias sobre a pretensa violação da soberania nacional a partir da irmã República da Colômbia, em 23 de Fevereiro; e a tentativa de golpe de 30 de Abril do mesmo ano; bem como os acontecimentos de 3 e 4 de maio de 2020, quando uma força invasora foi detida pela ação rápida e contundente do povo de Bolívar e Chávez, e da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), em uma união cívico-militar; são exemplos claros da forte vontade das venezuelanas e dos venezuelanos em defender a dignidade, a soberania e a independência nacional.
Esta é a 25ª eleição desde que o Comandante Hugo Chávez iniciou o processo de amplas transformações em 1999 que nos permitiu alcançar a libertação de nossa Pátria; um acontecimento em que temos a certeza de que as forças revolucionárias vão reconquistar a Assembleia Nacional, colocando-a novamente ao serviço do povo venezuelano, depois de anos de frustrada aventura golpista por aqueles que, com toda a certeza, já não representam ninguém.
As ameaças do governo supremacista de Donald Trump não tardaram a chegar, com um novo plano sendo anunciado com o objetivo de boicotar o processo eleitoral do próximo mês de dezembro; ao mesmo tempo, renovou sua ameaça de intervir militarmente na Venezuela.
Este plano foi assumido pela facção neofascista e antipatriota, que, seguindo as ordens do imperialismo norte-americano, anunciou que não participará nas eleições parlamentares, como fez em 2005, um erro que os próprios representantes da oposição posteriormente reconheceram.
É incrível como partidos e dirigentes políticos, que participam frequentemente de processos eleitorais, e por isso obtêm vitórias e derrotas, como é natural em uma democracia, só reconhecem eleições quando os resultados são favoráveis para eles. Essa é a oposição fascista que temos na Venezuela.
Felizmente, a grande maioria das venezuelanas e dos venezuelanos, incluindo aqueles que se opõem democraticamente à Revolução Bolivariana, estamos decididas e decididos a participar nas eleições do próximo mês de dezembro, que são fundamentais para a paz e a estabilidade política no país. Isso, produto de um amplo processo de diálogo e reconciliação nacional promovido pelo camarada Presidente Nicolás Maduro Moros, que reiterou o apelo aos setores da oposição venezuelana para que encontrem meios pacíficos e democráticos de resolver as diferenças políticas; processo pelo qual, amparado pelo poder conferido pelo artigo 236º da Constituição Bolivariana, o chefe de Estado venezuelano concedeu uma medida de perdão presidencial a 110 cidadãos, alguns deles reincidentes no cometimento de vários crimes contra a ordem e a estabilidade da República, incluindo a tentativa frustrada de assassinato contra o próprio Presidente, crimes de conspiração contra a segurança da Nação e a paz pública, apropriação de bens públicos, violência política e crimes de ódio, entre outros.
Em todo caso, os partidos democráticos da oposição estão participando de um processo eleitoral que conta com todas as garantias do Sistema Eleitoral Venezuelano, um dos mais confiáveis do mundo; sob a direção de um Conselho Nacional Eleitoral renovado (CNE) e com a ampliação da representação proporcional, um fato político de extrema importância. Assim, os grandes vencidos nas próximas eleições serão aqueles que quiseram fazer da Assembleia Nacional um instrumento do plano predatório do governo neofascista de Donald Trump.
Por nossa parte, as forças patrióticas vão a estas eleições unidas, com a mesma força com que enfrentamos os grandes desafios que temos pela frente, com o ensinamento que o Comandante Hugo Chávez nos deixou para estarmos sempre juntos com o povo. União cívico-militar para continuar construindo nosso Socialismo Bolivariano.
O desafio é enorme, mas as bolivarianas e os bolivarianos nos sentimos inspirados pela epopeia de nosso feito de independência liderada por Simón Bolívar, construtor de Repúblicas e paradigma da liberdade, e pelo legado do Comandante Hugo Chávez; assumindo ao mesmo tempo, e em toda a sua dimensão, aquelas belas palavras do poeta nacional Aquiles Nazoa, que dizia no seu Credo:
“Acredito na amizade como a mais bela invenção do homem, Acredito nos poderes criativos do Povo”.
Vós, irmãs e irmãos de todo o mundo, recebais a nossa saudação afetuosa e plena solidariedade com as batalhas que os vossos povos estão travando em defesa da soberania e da independência, que, segundo o Comandante Hugo Chávez no Plano da Pátria, é o bem mais precioso que reconquistamos após 200 anos. Contem conosco, com as filhas e filhos de Bolívar e Chávez, contem, para sempre, com esta Revolução Bolivariana e Chavista.
Nós vamos vencer!
Bolivarianamente,
Adán Chávez Frías, Vice-presidente de Assuntos Internacionais do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV)