Geopolítica
Parlamento da Escócia aprova negociação com Londres para realizar novo referendo sobre saída do Reino Unido
O parlamento da Escócia aprovou nesta terça-feira (28) uma moção que possibilita ao governo autônomo a negociação com Londres de uma convocação de um novo referendo sobre sua independência do Reino Unido, a ser realizado entre o segundo semestre de 2018 e o início de 2019. O SNP (Partido Nacionalista Escocês), liderado pela primeira-ministra Nicola Sturgeon, conseguiu o respaldo necessário à proposta com 69 votos a favor e 50 contra.
“A Escócia, como o restante do Reino Unido, se encontra em uma bifurcação”, disse a líder do SNP, que após sete horas de discussão somou os seis votos do Partido Verde aos seus 63 deputados para obter a maioria em uma câmara com 129 cadeiras. A discussão, que havia sido programada para a quarta-feira passada (22), foi suspensa devido a um atentado nas imediações do parlamento em Londres, que acabou com cinco mortes.
A decisão ocorre um dia antes da ativação do artigo 50 do Tratado de Lisboa, que iniciará um período de dois anos em que se realizará o processo de saída do Reino Unido da União Europeia, conhecido como Brexit. Sturgeon afirmou que, com o referendo, os escoceses poderão “escolher entre o Brexit ou se transformar em um país independente”. No ano passado, quando o Reino Unido decidiu sair da União Europeia, a Escócia e a Irlanda no Norte votaram por permanecer na UE.
“Quando o artigo 50 do Tratado de Lisboa for ativado amanhã, mudanças ao nosso país se tornarão inevitáveis. Haverá impacto no comércio, em investimentos e padrão de vida, e um impacto na própria natureza da sociedade em que vivemos”, afirmou Sturgeon.
Não é a primeira vez que o debate da independência da Escócia vem à tona: em setembro de 2014, o primeiro referendo sobre o assunto obteve como resultado a permanência do país no Reino Unido, com 55,3% dos votos em um referendo que teve a participação de 85% da população escocesa.
A primeira-ministra escocesa defendeu a realização de um segundo referendo, argumentando que os escoceses poderão, desta vez, tomar uma “decisão informada” após os termos finais do Brexit estarem “claros”.
A premiê britânica Theresa May, por sua vez, argumentou que “não é o momento” de realizar uma consulta popular, ao que Sturgeon respondeu que espera poder dialogar com Londres “não a partir de um confronto, mas através de um diálogo razoável”.
A líder escocesa ainda reiterou que, “por respeito à importância e ao significado do que ocorrerá amanhã” (referindo-se ao início do Brexit), os diálogos não serão iniciados até o fim da semana.
Fonte: Opera Mundi