Colômbia

Os colombianos têm de abraçar a reconciliação

10/03/2017

O representante do movimento Vozes de Paz (VP), Jairo Rivera, apelou nesta quinta-feira (9) aos colombianos que vestissem a camisa da reconciliação e apoiassem a implementação do acordo entre o governo e as Farc-EP.

Por Adalys Pilar Mireles

Necessitamos construir um país distinto, encerrar definitivamente o imenso capítulo da violência, insistiu o porta voz do VP em declaração à Prensa Latina.

Em sua opinião, apesar dos tropeços da etapa do pós-conflito, o processo pacificador está triunfando.

“A adequação das zonas e pontos transitórios sofrem atrasos por uma única razão, ou seja, a negligência de alguns funcionários, não há outra explicação. Não se trata de que o governo queira sabotar o acordo de paz, nem que as Farc-EP estejam demandando requisitos desmedidos, realmente houve contratações mal feitas, sob um regime que não funciona neste caso”, ressaltou.

Em 24 de novembro último, o presidente Juan Manuel Santos e o líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército Popular (Farc-EP), Timoleon Jimenez, assinaram o tratado final comprometendo-se a pôr fim a luta e hostilidades.

Tal documento inclui medidas como o cessar-fogo bilateral e a deposição de armas nos acampamentos provisórios, nos pontos e zonas mencionados.

Em vez de obstruir o processo de paz, temos de mobilizar o povo para que nos ajude a levá-lo em frente, e exigir que o Executivo tenha já preparados  os locais  de alojamento para os guerrilheiros, inclusive, para além dos seis meses que é o tempo do desarmamento, para em vez de um habitat pra ex-combatentes, esses lugares possam se converter em um símbolo da transição para uma sociedade melhor, acrescentou.

Cerca de sete mil guerrilheiros estão concentrados nesses espaços (26 ao todo) divididos em 14 departamentos.

“Se há algumas áreas que deveriam ser preparadas para meio ano de uso e são entregues 15 dias antes de terminar o prazo – de acordo com o pacto inicial – seria um contrassenso, depois disso, dizer aos homens e mulheres das Farc-EP para irem ver o que conseguem com 500 mil pesos no bolso (cerca de US$ 160)”.  Isso não faz o menor sentido, disse ele.

O êxito deste processo – considerou – depende,  em grande medida, de que haja uma reincorporação exitosa dos guerrilheiros, não apenas do ponto de vista político, mas também social. Há de estender-se as mãos aos integrantes desse agrupamento, declarou.

Ao fazer um balanço do que aconteceu nos últimos três meses, Rivera disse que uma das boas notícias é que as Farc-EP chegaram aos alojamentos na data estipulada e deram os primeiros passos para o processo de abandonar as armas em seu poder.

O que precisamos agora é que o povo vista a camisa da reconciliação e assim consigamos um país distinto, onde não nos matem por pensarmos diferente. É hora de encerrarmos o capítulo da violência que arruinou a Colômbia, enfatizou.

Vozes de Paz é um movimento que vem defendendo, no Congresso da República, durante os quase quatro anos de difíceis conversações, o acordo de Havana, que suavizará o caminho, para que as Farc-EP possam fundar o seu partido político.

A guerra interna deixou cerca de 300 mil mortos, quase sete milhões de deslocados de seus lugares de origem e, ao menos, 45 mil desaparecidos.

Fonte: Prensa Latina, Tradução de Maria Helena D’Eugênio para o Resistência

Compartilhe: