Geopolítica
Opinião: “Ameaça da China” ou “ameaça para a China”?
O “Relatório Estratégico de Defesa 2018” do Departamento de Defesa dos EUA define a China como sendo uma “nação revisionista” e um “competidor estratégico”. Os think thanks e veículos de imprensa americanos alegam a “força acutilante” da China e apregoam que “os EUA entregam a Ásia à China”.
Com este comportamento, os EUA visam atingir indiscretamente a China. Para além da imposição de tarifas a produtos como máquinas de lavar de grande porte e painéis solares importados, Washington deixou claro que planeja agir contra a China naquilo que rotula de “roubo de propriedade intelectual”.
Além disso, os EUA estão também ponderando adicionar novas tarifas sobre o aço e o alumínio.
Do outro lado do Atlântico, a Alemanha já elaborou um projeto de lei, em conjunto com a França e a Itália, a ser submetido à União Europeia, para reforçar a revisão e o controle das fusões e aquisições de capital estrangeiro.
Matthias Machnig, Secretário de Estado do Ministério Federal de Assuntos Econômicos e Energia da Alemanha, disse, sem rodeios, que é “efetivamente necessário conter o boom de aquisições por parte da China”.
As decisões referidas não são reconhecidas a nível interno. No que diz respeito à imposição de uma nova tarifa protetora sobre as células e painéis solares importados, a indústria dos EUA estima que tal medida venha a aumentar o custo de instalação de painéis solares, implicando bilhões de dólares de investimento e exterminando dezenas de milhares de empregos.
Quanto ao chamado “aumento de aquisições da China” na Europa, muitos exemplos demonstraram que os mercados europeus são geralmente geridos por empresas com dificuldades de operação. Com as vantagens do capital e mercado da China, uma situação de ganho mútuo foi finalmente alcançada. Um fator que deveria ser uma boa nova, mas que não tem, no entanto, sido interpretado dessa forma.
Os tempos mudaram. A humanidade atravessa um período de reajuste e grande mudança. A ordem internacional visa agora seguir uma direção mais justa, ordenada, equilibrada e inclusiva.
No entanto, esta situação tem causado ansiedade e pânico em algumas nações acostumadas a “olhar os restantes países de um pedestal”. Alguns estão preocupados com o fato de poderem perder gradualmente o seu domínio sobre o mundo, enquanto outros temem perder a sua posição na vanguarda tecnológica, visto que a China caminha a passos largos rumo a se tornar o centro de produção de alta tecnologia do mundo.
Em contraste com todos estes fatores, está a imponência e a receptividade do conceito de “construção de uma comunidade de destino comum para a humanidade”.
O New York Times referiu que, no Fórum de Davos dos últimos dois anos, o verdadeiro protagonista foi a China.
Num mundo dividido, a China lidera o recomeço de um futuro melhor, recebendo o apoio de todo o mundo.
A China não defende o isolacionismo, mas sim a confecção de “um bolo maior”. A China acredita no benefício e nos ganhos mútuos. Encarar um futuro promissor como uma ameaça é uma visão muito redutora.
Fonte: Diário do Povo on line, edição em português