Colômbia
Onu alerta sobre problemas do processo de paz na Colômbia
O chefe da missão da ONU na Colômbia, Jean Arnault, alertou nesta terça-feira (21) sobre o abandono de ex-combatentes das Farc nos espaços de reincorporação, diante da perda de confiança no que foi acordado com o governo.
Segundo Arnault, somente 45 por cento dos ex-guerrilheiros que participaram do processo de paz com o governo permanecem nos Espaços Territoriais de Capacitação e Reincorporação (ETCR).
“Os ex-guerrilheiros eram oito mil em 20 de maio nas zonas veredais, onde segundo o acordo deveriam ser concentrados para posterior incorporação na vida civil, quando se concluiu o desarmamento. Restavam 70 por cento em agosto e hoje restam 45 por cento”, afirmou o diplomata no foro Colômbia 2020.
Porém, ele esclareceu que isto não quer dizer que tenham optado por ingressar nas denominadas dissidências das Farc.
“Um número de ex-guerrilheiros quiseram reunir-se com suas famílias, fazer política, buscar reincorporação por sua própria conta, entre outros”. Contudo, a maioria das saídas foi atribuída à falta de confiança no processo.
Disse também que estão desatualizadas as bases de dados das autoridades, o que implicou que membros das Farc que estão certificados pelo Escritório do Alto Comissariado da ONU ainda estão detidos pela polícia e outros têm dificuldades para acessar o sistema bancário ou assinar contratos com o Estado.
Insistiu na necessidade de agilizar o acesso à terra como uma prioridade, devido a que 77 por cento dos membros da agora Força Alternativa Revolucionária do Comum (Farc) são camponeses.
Através do Alto Comissariado para a Paz, Rodrigo Rivera, o governo discordou e se mostrou surpreso com as declarações do representante das Nações Unidas.
“Lamentamos que a ONU não tenha utilizado os canais diplomáticos e os espaços de trabalho com o governo para manifestar estas preocupações que sem dúvida geram um alerta que não corresponde à realidade”, indicou.
Para Rivera, muitos ex-guerrilheiros “iniciaram seus processos de reintegração de maneira individual, outros foram estudar, mais de cem estão em cursos para se tornar guardas de escolta. Quando acabaram as zonas veredais terminou a concentração de ex-guerrilheiros”, é necessário esclarecer isso”, disse.
O representante do governo considerou que há mais avanços do que atrasos em matéria de reincorporação das Farc na vida civil.
Resistência, com Prensa Latina