Opinião

Discurso de Barack Obama em Cuba: “É o momento de acabar com o bloqueio”

22/03/2016
Foto: Captura de tela

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em um dos últimos compromissos em sua histórica visita de três dias à Cuba socialista, fez um discurso ao povo cubano no Grande Teatro de Havana. Presentes, representantes da sociedade civil e altos dirigentes do Partido Comunista de Cuba e do Estado cubano, inclusive o presidente Raúl Castro.

Em sua chegada ao teatro, Obama foi recebido pela diretora do Ballet Nacional de Cuba, Alicia Alonso.

Em seu discurso, Obama disse que é chegado o momento de levantar o bloqueio que seu país mantém contra Cuba por mais de meio século. Segundo Obama, este bloqueio também é uma carga para os estadunidenses que desejam visitar e trabalhar em Cuba.

O presidente dos EUA afirmou que o povo cubano e suas características definiram um novo cenário para as relações entre Cuba e seu país, que evoluem para a normalização.

Segundo Obama, o povo da ilha desperta reconhecimento e admiração nos Estados Unidos. Isso foi fundamental, explicou, para que sua administração decidisse mudar a política de isolamento que Washington tem adotado para com Cuba desde o triunfo da revolução em 1959.

“Os cubanos são tão inovadores quanto qualquer outro povo do mundo”, sustentou Obama, que opinou que os habitantes da ilha podem inserir-se plenamente na economia global por sua capacidade criativa e empenho.

A este respeito, disse ainda que “o cubano inventa as coisas no ar”, uma frase corrente no país caribenho, que denota as capacidades de crescimento e perseverança dos cubanos ante as carências materiais, muitas delas determinadas pelo bloqueio econômico estadunidense que ainda persiste, apesar de recentes medidas para flexibilizá-lo.

Obama recordou o talento cubano, facilitado por um sistema educativo “que valoriza a todos os meninos e meninas”.

“Nos últimos anos Cuba está se abrindo ao mundo, permitindo que esse talento se desenvolva, e em conjunto com o povo estadunidense se pode conseguir muitas coisas”, sublinhou.

Obama condenou os atentados terroristas perpetrados nesta segunda-feira (22) no aeroporto e no metrô de Bruxelas, com dezenas de mortos, e também falou do cenário eleitoral em seu país, dizendo que ele seria impensável há apenas meio século atrás.

Segundo Obama, o fato de dois descendentes de imigrantes cubanos disputarem com uma mulher e um candidato socialdemocrata a indicação à presidência dos EUA evidencia “o avanço democrático nos Estados Unidos”. Aliás, Obama aproveitou seu discurso para um previsível proselitismo a favor dos “valores americanos”. Disse que todos “devem votar em eleições democráticas” e coisas do tipo que, como se sabe, não passam de mera propaganda, pois as eleições americanas são um show milionário do mercado financeiro que há 150 anos deixa ao cada vez mais descrente eleitor americano a função de escolher quem entre os fiéis seguidores do imutável sistema seguirá à frente da nação, representando basicamente os mesmos interesses e tendo apenas a separá-los diferenças secundárias que fazem de democratas e republicanos quase que um mesmo partido, com siglas diferentes.

Uma das provas da vitalidade da democracia cubana é que o discurso de Obama foi transmitido por rede de rádio e TV para todo o povo da ilha, que recebeu com entusiasmo a fala do presidente estadunidense, pois entende perfeitamente que o discurso significa essencialmente a vitória da resistência de Cuba socialista, que obrigou o imperialismo a abandonar sua tática de confronto aberto.

Mas o que se deve principalmente ressaltar na fala de Obama é sua opinião clara de que o bloqueio precisa acabar. Este também é o principal saldo da visita pois o fim do bloqueio será um passo decisivo para que se possa falar em normalização das relações entre Cuba e EUA, como constantemente tem sido reiterado pela liderança da revolução.

Da redação do Resistência, com informações do Prensa Latina

 

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