Brasil
Movimentos sociais da Unasul e do Mercosul denunciam tentativa de golpe em curso no Brasil
Entidades do movimento popular e social que fazem parte do Fórum de Participação Cidadã da Unasul e Mercosul divulgaram nesta quarta-feira (16) uma carta de denúncia sobre a tentativa de golpe que está em curso no Brasil, como parte da ofensiva reacionária de caráter continental. Leia abaixo a íntegra.
CARTA AOS MOVIMENTOS SOCIAIS DA AMÉRICA LATINA
NÓS, movimentos sindicais, sociais e populares do Brasil que compomos o Grupo Facilitador do Fórum de Participação Cidadã da UNASUL e Mercosul vimos DENUNCIAR o processo reacionário que está em curso no país contra o Estado Democrático de Direito.
Desde que a Presidenta Dilma foi eleita democraticamente pelo povo brasileiro, em 26 de outubro de 2014, a oposição de direita não se conformou com os resultados das urnas. Junto os monopólios de comunicação e setores do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal e com apoio de grandes grupos de empresariais, começou uma operação ininterrupta com o objetivo de derrubar a presidenta da República, criminalizar os movimentos sociais e partidos progressistas e destruir a maior liderança popular do país, o ex-presidente Lula.
Esse movimento incitou o ódio e a intolerância, impondo no Congresso Nacional e no debate público do país uma agenda de retrocessos. Propostas e discursos machistas, racistas, homofóbicos, xenofóbicos discriminatórios e injuriosos tomaram as redes sociais e as ruas do país, em uma tentativa de golpe contra o governo eleito, disfarçado de “impeachment”, que seria um basta à “corrupção”.
Todavia, a seletividade com que a questão da corrupção está sendo abordada, seja pelo Congresso Nacional, seja pelo judiciário, pela mídia ou por grupos de extrema-direita, concentra-se apenas no ataque aos movimentos sociais, ao PT (Partido dos Trabalhadores) e tenta atingir de todo o modo o ex-presidente Lula, de forma a inviabilizar sua possível reeleição sua em 2018.
Não admitimos retrocessos. Muito menos pregações intolerantes que tem como objetivo manipular o povo para colocar milhões de pessoas contra os instrumentos democráticos e as conquistas sociais duramente legitimados no país após décadas de estagnação.
A intenção destes grupos reacionários, companheiros, é de demonizar e pré-fabricar uma “vontade geral” contra o Estado Democrático de Direito! É de incutir na população a ideia de que está sendo “roubada” pelo Estado e governo e não pelo mercado. Este sim, representado pelo poder financeiro internacional, pelas grandes corporações multinacionais e pelas oligarquias tradicionais que veem os seus interesses afetados pelos governos populares.
A situação agravou-se nos últimos dias. Registrou-se, no último dia 12 de março, uma invasão arbitrária e sem mandado da Polícia Militar do Estado de São Paulo no Sindicato dos Metalúrgicos em Diadema, tentando ilegalmente prender representantes de movimentos sociais e de apoiadores do ex-presidente Lula.
Também em São Paulo, no dia 13, vândalos atacaram a sede da União Nacional dos Estudantes (UNE), a sede do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), lembrando os ataques que antecederam o golpe militar de 1964 no Brasil. Além disto, nestas datas (12 e 13 de março) vários websites de esquerda foram atacados e retirados do ar, bem como a conta de alguns militantes e políticos de esquerda.
E, no dia 13 de março, foram para as ruas do país multidões de manifestantes golpistas pró-impeachment que entoaram gritos fascistas, estimularam o ódio, pintaram em faixas frases machistas, preconceituosas e injuriosas, tais como “os pobres não foram feitos para a política”; “pretos não entram no nosso Brasil”. Muitos chegaram a realizar saudações nazistas, além de enforcarem bonecos pintados de preto em uma das principais avenidas da cidade de São Paulo.
Sabemos que essa onda conservadora não se limita ao Brasil. Outros países e governos progressistas da América Latina também estão sendo ameaçados, com ataques coordenados da grande mídia e grupos econômicos, com cortes de direitos sociais, tentativas de desestabilizar a ordem democrática e impor medidas neoliberais, e campanhas do capital internacional com as burguesias nacionais a fim de combater os avanços conquistados pela região nos últimos anos.
Neste sentido, consideramos que se faz necessário mais do que nunca, nos unirmos em prol da proteção aos direitos humanos e da democracia, sendo este um valor fundamental para a existência da própria integração social e do desenvolvimento de forma sustentável social e ambientalmente de nossa sociedade.
Conclamamos a unidade de todos os movimentos sociais e progressistas da América Latina. Solicitamos que se manifestem a favor da democracia no Brasil, contra as tentativas de impeachment da presidenta Dilma, de perseguição ao ex-presidente Lula e à esquerda. Ajudem-nos a denunciar a tentativa de golpe no Brasil.
Viva a democracia! Viva a integração latino-americana!
São Paulo 16 de março de 2016
Assinam:
Associação de Moradores da Mangueira
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB
Central única dos Trabalhadores – CUT
Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante – CDHIC
Centro de Estudo e Mídia Barão de Itararé
Coletivo Nacional de Juventude Negra – Enegrecer
CONAQ – COORDENAÇÃO NACIONAL DE ARTICULAÇÃO DAS COMUNIDADES
Fórum Nacional de Juventude Negra – FONAJUNE
Grupo Arco Íris – RJ
Grupo Conexão G de Cidadania LGBT de Favelas
Instituto de Promoção e Estudos das Juventudes (IPEJ)
Jornalistas Livres
Marcha Mundial das Mulheres- MMM
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST
Movimento Nacional de Direitos Humanos – MNDH
O ESTOPIM – Coletivo Nacional de Juventude
QUILOMBOLAS
União Brasileira de Mulheres – UBM
União de Negros pela Igualdade – UNEGRO