Luta pela paz
Movimentos, organizações e intelectuais debaterão em Havana os desafios da América Latina e Caribe como Zona de Paz
Quase três anos desde a declaração da América Latina e do Caribe como Zona de Paz pelos chefes de Estado e Governo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), movimentos regionais e do mundo reúnem-se em Havana, Cuba, entre 21 e 23 de setembro de 2016, para debater a conjuntura. A presidenta do Cebrapaz e do Conselho Mundial da Paz (CMP), Socorro Gomes, também participará do evento, o Primeiro Seminário Internacional “Realidade e Desafios da América Latina e Caribe como Zona de Paz”. Leia a convocatória a seguir, difundida pelo Movimento Cubano pela Paz e a Soberania dos Povos (MovPaz), à frente da coordenação regional do CMP.
Convocatória: Primeiro Seminário Internacional “Realidade e Desafios da América Latina e Caribe como Zona de Paz”
A proclamação da região da América Latina e Caribe como Zona de Paz, subscrita pelos chefes de Estado e Governo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), celebrada em Havana em janeiro de 2014, constitui um verdadeiro fato histórico, porque significa o acordo de maior profundidade e transcendência política entre os concertados ao longo dos séculos por países latino-americanos e caribenhos.
A emissão da Proclama foi possível devido à confluência histórica dos chefes de Estado e Governo com vontade política para reverter em seus países o impacto nocivo de séculos de colonialismo, neocolonialismo e neoliberalismo, e para desenvolver na região uma cooperação fraternal e solidária entre as nações, com base no respeito à soberania e à individualidade dos seus integrantes e dos Propósitos e Princípios estabelecidos na Carta das Nações Unidas e no Direito Internacional, o que representa uma força indiscutível diante das políticas e ações imperialistas contrárias a esses projetos.
A Proclama enaltece a paz como “… bem supremo e anseio legítimo de todos os povos, [cuja] preservação é um elemento substancial da integração da América Latina e Caribe e um princípio e valor comum da … CELAC”. De acordo com estes postulados, uma parte substancial do seu texto enfatiza a necessidade de desmilitarizar a região, uma das condições essenciais para que exista uma verdadeira Zona de Paz.
Apesar da aprovação da Proclama, a América Latina e o Caribe não estão isentos de vulnerabilidades. Para que exista uma Zona de Paz perdurável, devem ser erradicados os múltiplos problemas que fraturam a paz nos países que conformam a região, assim como os outros que proveem das políticas e ações dos países imperialistas.
O Movimento Cubano pela Paz e a Soberania dos Povos (MovPaz) se propõe, com este primeiro seminário internacional:
– Convocar os movimentos pela paz, a sociedade civil regional e internacional, pesquisadores e líderes políticos interessados em debater problemas globais e sua incidência na América Latina e no Caribe, as vulnerabilidades da região e as particularidades dos países que a conformam.
– Fomentar uma cultura de paz sustentável na região, que priorize a elevação do nível cultural, o acesso à saúde pública e aos esportes e o empoderamento da mulher, assim como a eliminação das desigualdades e de todo tipo de violência.
– Eliminar a possibilidade de reinstauração do neoliberalismo, cujas consequências fatais subsistem na região.
– Promover a solidariedade entre os povos e o apoio aos governos democráticos e revolucionários que fomentam o bem-estar social de suas nações e a cooperação regional.
– Conscientizar a opinião pública internacional e os líderes políticos sobre os benefícios reais da eliminação das armas nucleares e do desarmamento geral e completo a nível mundial, e os custos sociais, econômicos e ambientais derivados da sua manutenção.
– Rechaçar a existência de bases e enclaves militares disseminados em quase todos os países da América Latina e o Caribe, e das operações militares nos mares da região, da Quarta Frota dos EUA, apetrechada com a mais moderna tecnologia militar e nuclear.
– Avaliar a existência, na região, de conflitos militares internos que são alentados pela extrema-direita nacional, com apoio financeiro do imperialismo, que ocasionam milhares de mortos, feridos e mutilados nas populações civis, além de danificar a infraestrutura e o ambiente, fatos que contravêm a Paz que proclamamos.
A humanidade tem a responsabilidade transcendental de lutar para que prevaleça a Paz no mundo, atuar à altura das legítimas expectativas da humanidade e contribuir de maneira decisiva para a segurança internacional, para a sobrevivência da especie humana ameaçada pelos enormes arsenais nucleares, pela mudança climática global e pela depredação dos recursos naturais.