Bolívia

Ministro assassinado: Evo Morales denuncia conspiração e revela as motivações do crime

26/08/2016

O presidente da Bolívia, Evo Morales, denunciou nesta sexta-feira (26) que o assassinato do vice-ministro do Interior, Rodolfo Illanes, pelas mãos de cooperativistas mineiros, constitui uma conspiração política contra o governo desta nação sul-americana. Os assassinos sequestraram, torturaram e mataram Illanes nesta quinta-feira (25) na localidade de Panduro, a 186 quilômetros de La Paz, quando o vice-ministro os procurou tentando estabelecer um diálogo.

“Estamos diante de um complô permanente”, alertou Morales em uma coletiva de imprensa oferecida no Palácio do Governo.

Os pontos de discórdia

Os principais pontos de discórdia dos donos de cooperativas, que assassinaram o vice-ministro, é a defesa do governo boliviano da Constituição do país que proíbe a venda da exploração das minas ao capital privado enquanto os donos de cooperativas defendem que este ponto seja revogado e que possam negociar suas concessões inclusive com as transnacionais. Outro fator de discórdia é uma lei proposta pelo governo que permitirá que os trabalhadores das cooperativas criem sindicatos.

“Nós lutamos pelos recursos naturais, e estes pertencem aos bolivianos, trata-se de uma provocação e o povo não vai ceder, não vamos entregar nossas riquezas às empresas estrangeiras”, assegurou Morales.

Esperamos – afirmou – que os autores materiais e intelectuais do assassinato do vice-ministro do Interior respondam perante a justiça, esperamos isso contra aqueles que defendem a privatização.

Querem usar a maquiagem das cooperativas, forma de associação liberada de regime impositivo, para atrair empresas transnacionais e entregar-lhes os recursos minerais que pertencem ao povo, declarou Evo.

Também exigem mais privilégios para as cooperativas mineiras como zero impostos para a importação de maquinaria e equipamentos, subvenção estatal no consumo elétrico, eliminar as obrigações ambientais e ampliar suas áreas de trabalho para poder subscrever contratos de associação com empresas estrangeiras, denunciou o mandatário.

Meios de comunicação insuflaram o ódio

Evo Morales responsabilizou alguns meios de imprensa que se somaram à corrente de mentiras surgida desde o princípio desta situação, “que trouxe consigo o luto à família boliviana”. Esses órgãos informativos contribuem para convulsionar o país, sentenciou o primeiro presidente indígena desta nação andina-amazônica. Morales qualificou como falsos dirigentes os empresários mineiros disfarçados de líderes do setor que enganaram os verdadeiros representantes das cooperativas mineiras.

Flagelado

Também nesta sexta-feira foram divulgados resultados preliminares da autópsia de Rodolfo Illanes. Segundo o promotor de La Paz, Edwin Blanco, o vice-ministro sofreu traumatismo cerebral e torácico além de ter as costelas fraturadas, “foi uma cena muito dura que mostra uma verdadeira flagelação”, afirmou o promotor.

Trabalhadores condenam assassinato

Ministro Rodolfo Illanes tentava o diálogo: foi sequestrado, torturado e morto

Ministro Rodolfo Illanes tentava o diálogo: foi sequestrado, torturado e morto

O líder da Federação Sindical de Trabalhadores Mineiros da Bolívia (FSTMB), Orlando Gutiérrez, repudiou o assassinato.

Em nome da FSTMB repudiamos a atitude de tirar a vida de um ser humano. É repudiável esta barbárie quando precisamente o companheiro Illanes, corajosamente, chegou para resolver o conflito, querendo buscar um diálogo com o setor, reafirmou Gutiérrez ontem à noite em diálogo com a Bolívia TV.

O dirigente sindical falou sobre o confronto suscitado pela direção da Federação de Cooperativas Mineiras da Bolívia (Fencomin) que exortou o bloqueio de estradas e uso de dinamite, ação que nesta semana deixou dezenas de feridos, alguns deles gravemente, assim como causou a morte de dois trabalhadores do setor.

Em dado momento alertamos que, em vez de chamar à pacificação, (a Fencomin) saiu com discursos incendiários. Esta atitude a condena diante do povo boliviano, assegurou.

De igual forma, considerou lamentáveis posturas que “já deixam de fazer sentido reivindicativo e atentam contra a democracia de maneira direta”.

Isto saiu do controle. Muitos dirigentes nacionais de setores sindicais a nível nacional repudiamos esta situação. É necessário defender a estabilidade do país, em vez de gerar mais convulsão, que só faz é afetar os trabalhadores do setor cooperativo, reivindicou.

No Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Revolucionários da América Latina e do Caribe (leia aqui sobre o evento) os representantes do Partido Comunista da Bolívia denunciaram o “bárbaro assassinato” como parte da ofensiva conservadora que tenta desestabilizar o governo de Evo Morales.

Da Redação do Resistência com Prensa Latina e Telesul

 

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