América Latina

Maduro visita Cuba para fortalecer relações

20/03/2016

Dois dias antes da chegada do presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, a Cuba, o presidente venezuelano Nicolás Maduro realizou uma visita oficial à ilha nesta sexta-feira (19) e no sábado (20).  Raúl Castro, mandatário cubano, se reuniu com o chefe de estado e governo venezuelano. No sábado foi a vez do líder histórico da Revolução Cubana, Fidel Castro, manter conversações com o dirigente da Revolução Bolivariana.

No ambiente de fraternal amizade que ca­racteriza as relações entre ambos os países, Maduro e Raúl constataram o excelente estado dos vínculos bilaterais, que cobra impulso com essa visita oficial, e ratificaram a vontade de continuar fortalecendo os programas de cooperação. Igualmente, dialogaram sobre te­mas da agenda regional e internacional.

Raúl Castro reiterou a irrestrita solidariedade de Cuba com a Revolução Boli­va­riana e chavista e a união cívico-militar do povo venezuelano que o presi­dente Maduro encabeça.

Os dois chefes de Estado e governo assinaram uma ata do encontro em que se explicita o compromisso mútuo de ampliar e aprofundar a cooperação bilateral ajustada às prioridades atuais. Foram assinados vários acordos bilaterais que simbolizam a determinação de aprofundar os vínculos comerciais e de colaboração entre ambas as nações.

História comum heroica

Raúl Castro condecora Nicolás Maduro com a Ordem de José Martí

Raúl Castro condecora Nicolás Maduro com a Ordem de José Martí

O presidente venezuelano foi condecorado com a Ordem de José Martí, ocasião em que fez um pronunciamento ressaltando a “história comum heroica” entre os dois países.

Com o olhar voltado para a integração, Maduro disse que ambas as delegações revisaram o caminho percorrido e desenharam a rota dos próximos anos. “Pelo menos, visualizamos os passos que daremos juntos de 2016 até 2030, “sempre vendo o século 21 como o nosso século, como sonhou Bolívar, como sonhou Martí, o século da independência definitiva, da identidade comum americana, o século da libertação de todas as formas de opressão que têm existido, o século da união de nosso Caribe e de nossa América, o século da felicidade e do direito ao futuro”.

Maduro disse que os dois países retomaram “os caminhos Martí” líder que “conseguiu sintetizar de maneira única os anseios de liberdade, do direito à independência do povo cubano e do povo de nossa América de então”. O presidente venezuelano valorizou em termos elevados a figura de José Martí, “o maior bolivariano do século 21, o intérprete fiel do genuíno espírito do Libertador”.

Sensibilizado com a homenagem, Maduro enalteceu Fidel e Chávez. “Receber esta condecoração, que aceito embora pessoalmente ainda não a mereça, significa para mim um compromisso, um compromisso de lealdade aos ideais dos fundadores, de lealdade a Fidel e a Chávez, de lealdade às ideias gloriosas que puseram de pé os nossos povos, para que sejam povos dignos, respeitados hoje por toda a humanidade. A Cuba de Fidel, a da Revolução, a Cuba de sempre, e a Venezuela, a de Chávez, a de Bolívar, são dois caminhos que se encontram sempre e que buscamos durante muito tempo, todo o século 20, repleto de invasões, de ditaduras imperiais em Cuba e na Venezuela”.

Depois de mencionar as façanhas dos guerrilheiros da Sierra Maestra comandados por Fidel Castro e as lutas do povo venezuelano, Maduro recordou o primeiro encontro entre Fidel e Chávez, em Havana.   “Em 14 de dezembro de 1994 o comandante Hugo Chávez Frias chegava pela primeira vez na terra cubana. Esperava-o na escada do avião outro comandante que tinha passado por todas as batalhas do século 20 e que tinha levantado Cuba com sua dignidade na primeira linha da verdade do mundo: Fidel Castro Ruz; os dois se abraçaram. Era uma noite fresca e nesse dia se reencontraram todos os caminhos das lutas, dos sonhos, dos anseios das esperanças; nesse dia selaram o começo de um novo pacto que hoje levamos adiante, um pacto de sangue, de amor, de vida e de verdade, que é o pacto da união de Cuba e da Venezuela e que eu levo agora nesta medalha”.

Não são dias, nossa união vem do amor, da irmandade, dos sonhos de grandeza, pela igualdade, pela justiça, pela independência. Nosso amor vem da identidade, do encontro de dois povos que temos duas histórias heroicas; nosso amor vem da verdade. Nós não andamos fingindo condutas, nem sorrisos nem saudações, nós nos abraçamos verdadeiramente, com confiança porque somos irmãos e sabemos que por trás de um abraço o que existe é um sorriso e não um punhal.

Caminhos da união

Nós, Cuba e Venezuela, com Fidel e com Chávez, conseguimos construir este caminho que já é longo, intenso e extenso; quantas coisas ocorreram desde 1994, quantas lutas temos feito. Cuba perseguida por um bloqueio infernal; a Venezuela submetida a todas as formas de ameaças internas e externas, e aqui estamos, de pé, como sempre estaremos nos anos que estão por vir. Já não poderão fazer-nos desaparecer, como disse Lula nestes dias diante da perseguição a que estão sendo submetidos ele e a presidenta Dilma”.

Nicolás Maduro recordou também a fundação da Alba. “Dez anos depois, em 14 de dezembro de 2004, Hugo Chávez e Fidel Castro fundaram um sonho quixotesco: a Aliança Bolivariana para os Povos de nossa América, a Alba. Semanas depois foi fundada a Petrocaribe, dois motores – a Alba e a Petrocaribe – para o que veio depois, um processo histórico de surgimento, consolidação de novas lideranças, um processo histórico de surgimento da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos e da Unasul; um processo histórico do  surgimento de uma nova realidade, de uma nova geopolítica que ninguém poderá desconhecer, mas  que nós, os povos de Cuba, da Venezuela, a juventude de Cuba e a da Venezuela temos de conhecer, reconhecer e defender, cabe a nós e cabe sobretudo às gerações do futuro ter clareza dos caminhos percorridos por todas as gerações e pelos heróis que nossas lutas acumularam, os mártires que nossas lutas acumularam e segurar sempre firmes esta bonita bandeira que está desfraldada, estas bandeiras de Cuba e Venezuela que estão desfraldadas unitárias, esperançosas nos tempos que estão por serem construídos.

Ao fazer os agradecimentos finais, Maduro afirmou: “Eu creio, sinto e sei que nosso povo também sente, sobretudo diante de um homem como Raúl, general de exército, combatente de tantas batalhas de dignidade de nossa América, em qualquer circunstância o amor pela pátria vencerá, o amor por nossa América vencerá, o amor por Cuba vencerá, o  amor por Chávez vencerá, o amor por Fidel vencerá, o amor pela Venezuela vencerá; em qualquer circunstância nossos povos levarão esta marca heroica de Bolívar e de Martí e em qualquer circunstância nossa causa vencerá. É assim que creio”.

Encontro com Fidel

Acompanhado por Miguel Díaz-Canel Bermúdez, primeiro vice-presidente dos Conselhos de Estado e Ministros de Cuba, Maduro foi recebido pelo líder histórico da Revolução Cubana, Fidel Castro, que estava, segundo Maduro “cheio de otimismo”.

“Vimos Fidel com uma força tremenda, como sempre, atualizado mais do que ninguém, afirmou Nicolás Maduro, presidente da República Bolivariana da Venezuela, momentos antes retornar ao seu país.

“Quando chegamos, Fidel estava escrevendo uns artigos, corrigindo-os; falamos sobre sua visão do mundo, do continente, sua tremenda paixão por Bolívar, pela história da Pátria Grande”, narrou o  mandatário venezuelano.

Maduro mostrou o conteúdo de uma pasta amarela que trazia nas mãos com imagens que retratam sua conversação com Fidel e o escrito por este de próprio punho: “Recordações de março. Um abraço para Cília [Flores, esposa do presidente venezuelano] e Maduro”.

O presidente bolivariano disse que Fidel está atento aos planos dos 14 motores que foram lançados para fazer a Venezuela caminhar para a frente, em especial os que se referem à produção de alimentos, ás novas técnicas “à necessidade de nos tornarmos independentes na produção de sementes e muitas outras coisas”.

Ao referir-se à visita oficial de dois dias que realizou na ilha, Maduro reiterou que volta cheio de força e otimismo.

Foi uma jornada extraordinária: as conversações com Raúl, a recepção, os documentos assinados, os novos aspectos da cooperação para o desenvolvimento compartilhado; foi muito emocionante porque nos move a paixão pela Pátria Grande, destacou.

Antes de partir, Maduro enviou sua última mensagem ao povo cubano: “Deixamos nosso amor, uma saudação e o compromisso de sempre. Os agradecimentos a Raúl e Fidel, continuaremos nosso trabalho de 2016 a 2030, com novas metas, novos impulsos e com a mesma visão profética de Chávez”. “O século 21 será o século de Nossa  América, estou seguro de que chegaremos a 2030 mais unidos que nunca, mais prósperos e mais felizes. Obrigado, Cuba”, concluiu.

Fonte: Granma e Prensa Latina; tradução da redação de Resistência

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