Opinião
Israel abre nova frente de guerra e comete crime de lesa-humanidade no Líbano
Por José Reinaldo Carvalho (*) – Israel mais uma vez deixou sua marca indelével no mapa da barbárie. Segundo informação da Reuters nesta terça-feira (24), 569 pessoas foram assassinadas no Líbano em apenas 24 horas, incluindo mulheres e crianças. Tel Aviv alega que o objetivo da operação é eliminar a liderança do Hezbollah, o que não suaviza o caráter de suas ações. Mas, além da perseguição e repressão contra a organização que é a principal força da Resistência, um partido político, um movimento de massas e um exército popular, os militares israelenses atingem a população civil e praticam um massacre de imensas proporções.
Esses ataques, longe de serem incidentes isolados, fazem parte de um padrão consolidado de agressão. Trata-se de uma escalada que atinge em cheio o povo libanês, viola a soberania do país e constitui uma ameaça à paz mundial. Essas ações não podem ser vistas de outra forma, um crime de lesa-humanidade, portanto seus executores têm que ser julgados, punidos e condenados com todo o rigor pela opinião pública e o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ).
A agressão israelense, além de violar flagrantemente os direitos humanos e as normas mais básicas do direito internacional, tem como objetivo claro a desestabilização da região, provocando um conflito de dimensões catastróficas no Oriente Médio. Nesse sentido, Israel compromete a segurança coletiva internacional.
Diante desse cenário, a Resistência Libanesa se ergue como uma força legítima de defesa de seu povo e de sua soberania. A Resistência tem todo o direito de reagir à altura.
A normalização da violência israelense é uma das maiores tragédias políticas do nosso tempo. Enquanto Israel lança bombas, os líderes ocidentais oferecem declarações mornas e evitam qualquer crítica contundente. No entanto, a realidade dos massacres no Líbano e em Gaza exige uma resposta muito mais forte. Tais ações merecem a mais dura condenação dos governos, movimentos de solidariedade, movimentos sociais e movimentos pela paz. É inaceitável que tais ações continuem a ocorrer sem uma resposta contundente. É necessário que as forças amantes da paz se mobilizem de maneira firme e decisiva contra o governo genocida de Benjamin Netanyahu que continua a perpetuar um ciclo de violência e ocupação ilegal. Somente com ações concretas será possível evitar essa escalada bélica e garantir a autodeterminação dos povos da região, especialmente o direito do povo palestino ao seu Estado independente.
O silêncio do mundo e a inação dos organismos multilaterais expressam a impotência e a pusilanimidade, em alguns casos a cumplicidade diante de um Estado bandido, um pária internacional, que só merece a repulsa da humanidade e o ostracismo político e diplomático. Nenhum país que desrespeite de forma tão aberta as convenções internacionais deveria continuar a receber apoio financeiro e militar das potências imperialistas ocidentais.
Se nada for feito, o ciclo de violência e sofrimento será perpetuado, com mais vidas inocentes sendo perdidas em nome dos interesses expansionistas do Estado sionista, que, como se tornou evidente com as ações terroristas em Gaza e no Líbano, não se detém diante dos mais hediondos crimes. O futuro do Oriente Médio depende da capacidade do mundo de se unir contra a barbárie e a injustiça. É preciso quebrar o silêncio e dizer: chega de massacres, chega de impunidade. De outra maneira, cumprir-se-ia o plano genocida anunciado por Netanyahu no mesmo dia em que a Resistência palestina decidiu com as ações de 7 de outubro, avançar na luta contra a ocupação de sua pátria. Segundo tal plano, Israel pretende reconfigurar toda a geopolítica do Oriente Médio e exercer hegemonia em cumplicidade com o imperialismo estadunidense.
(*) Jornalista, editor do Resistência, membro do Comitê Central e da Comissão Política Nacional do PCdoB, onde coordena a área de Solidariedade e Paz. É presidente do Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz)