Opinião
Israel: 150 dias de crimes contra a humanidade
Por Sayid Marcos Tenório (*)
O massacre das forças de “Israel” contra a sitiada Faixa de Gaza, e com extensões na Cisjordânia, completa 150 dias. São dias infindáveis e aterrorizantes com mortes, mutilações, desaparecimentos e deslocamento forçado de 2 milhões de palestinos, dentre eles, 750 mil crianças e 50 mil mulheres grávidas. Um massacre que nestes 150 dias provocou a morte de 40 mil pessoas, se somados aos desaparecidos sob os escombros. E não menos que 80 mil feridos e mutilados, cuja grande maioria são crianças e mulheres!
Mulheres, crianças e idosos, representam 72,8% dos mortos, todos eles civis e desarmados, teoricamente protegidos pelas Convenções que regulam as guerras. Mas como se sabe, o “Estado Judeu” não respeita nem cumpre NENHUMA Lei Internacional.
Penso ser necessário trazer dados comparativos do genocídio sionista nestes 150 dias, incluindo essa aberração que ficou conhecida como o Massacre da Farinha, o maior crime de guerra da história, no qual 112 palestinos famintos foram fuzilados a sangue frio na Rua Harun al-Rashid, em Gaza, pelos terroristas sádicos do exército nazista de “Israel”, enquanto retiravam caixas de farinha e comida enlatada dos caminhões de ajuda humanitária.
Dados do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários e do Ministério da Saúde da Palestina, se a carnificina de “Israel” fosse em escala global, teríamos algo em torno de 137 milhões de mortos! No Brasil, seriam quase 3,5 milhões de mortos, mais do que toda população do Distrito Federal, com um total de 27 mil mortos todos os dias!
Segundo dados da Save The Children, considerando todas as guerras entre 2019 a 2022, morreu 1 criança por milhão de habitantes. Em Gaza, durante o genocídio israelense, foram assinadas 7.600 crianças para cada 1 milhão de habitantes. Ou seja, “Israel” assassina 7.600 vezes mais crianças palestinas que em qualquer outra guerra no mundo! E mais: “Israel” assassinou em Gaza, no mínimo, 236 vezes mais crianças que na 2ª Guerra Mundial.
Nesse contexto hediondo, lembramos os 124 jornalistas assassinados, quase um por dia! 340 profissionais de saúde, 246 professores e funcionários de escolas, 152 funcionários da ONU, 46 trabalhadores da Defesa Civil.
Em meio a reiterados crimes hediondos contra a humanidade, o debate que tem prevalecido na mídia não é sobre a urgência de um cessar fogo que estanque a carnificina dos nazi-sionistas em Gaza, ou dos mecanismos que levem “Israel” ao banco dos réus do Tribunal Penal Internacional, com a condenação ao enforcamento do chefão sionista, Benjamin Netanyahu.
Mas, vejam só, a mídia se dedica a debater se é correta ou se é antissemita a comparação corretamente feita pelo presidente Lula, com o holocausto nazista contra judeus e outras populações durante a 2ª Guerra na Europa. Uma mídia coadjuvante e responsável pela propagação de mentiras que beneficiam “Israel” no senso comum, porque “Israel” é uma força de ocupação, portanto, não possui o direito à autodefesa.
É deplorável ver “Israel” atacando como um Estado e se defendendo perante opinião pública como religião. Sionistas se apropriaram do termo semita e usam o pretenso antissemitismo de forma desavergonhada, para intimidar e fazer com que a opinião pública condene os críticos dos seus crimes, quando na verdade há uma clara distinção entre o antissemitismo como o ódio aos judeus, por um lado, e as críticas legítimas às políticas degradantes, opressivas e genocidas de “Israel” contra o povo palestino, por outro.
É preciso dizer mais uma vez que semitas não são apenas os judeus israelenses (um gentílico criado em 1948 e que não guarda laços com os israelitas dos livros sagrados), mas todos os hebreus, árabes, assírios e outros povos originários do norte da Península Arábica. E os membros das três grandes religiões monoteístas – judaica cristã e islâmica, que igualmente possuem raízes semitas.
A guerra genocida de “Israel” contra o povo palestino na Faixa de Gaza, com o apoio dos EUA, do Reino Unido, países europeus e a cumplicidade dos governos árabes, não conseguiu nem será capaz de alcançar nenhum dos seus objetivos agressivos, principalmente o de aniquilar a resistência palestina.
A única conquista que “Israel” pode ostentar nestes 150 dias de massacre contra palestinos, são os crimes contra a humanidade, o genocídio, o assassinato em massa de crianças e mulheres, o uso da fome como arma de guerra, a destruição de infraestruturas e a eliminação de todos os aspectos da vida na Faixa de Gaza.
O tempo e a luta persistente da heroica resistência palestina, está demonstrando que “Israel” já perdeu a batalha política, militar e na opinião pública mundial, através do evidente crescimento da impopularidade do estado sionista em todo o planeta.
O nazismo, que inspira o sionismo israelense, durou 6 anos na Europa e foi derrotado. Na Palestina o sionismo e seu projeto colonial supremacista dura 76 longos anos e será derrotado, porque o genocídio de palestinos por “Israel” não pode virar um modelo nefasto de colonialismo, opressão e extermínio de um povo.
(*) Sayid Marcos Tenório é historiador, especialista em Relações Internacionais, vice-presidente do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal) e coordenador do núcleo Autor do livro Palestina: do mito da terra prometida à terra da resistência (Anita Garibaldi/Ibraspal). Twitter/X: @soupalestina