Cuba

Informe preliminar divulgado em Cuba, sobre os prejuízos causados pelo furacão Irma

02/10/2017
As palmeiras lutam contra o forte vento na Praia de Santa Lucia em Camaguey, Cuba, em 8 de setembro de 2017 / Foto: Xinhua-Str

O Conselho de Defesa Nacional de Cuba informou na última sexta-feira os danos causados pelo furacão Irma, que indicam que 158.554 casas foram afetadas e 11.689 pessoas continuam recebendo apoio estatal.

O informe oficial foi elaborado com base nos dados preliminares fornecidos pelo Birô Nacional de Estatística e Informação (ONEI, sigla em espanhol) e pelos três chefes das Regiões Estratégicas ao presidente do Conselho Nacional de Defesa.

O documento publicado no jornal Granma ressalta que as áreas mais afetadas, com a passagem deste fenômeno meteorológico de grande intensidade, entre 7 e 10 de setembro, foram as províncias de Camaguey, Ciego de Avila, Sancti Spiritus e Villa Clara.

Outros territórios, como Guantánamo, Holguin, Las Tunas, Cienfuegos, Matanzas, Mayabeque e Havana também foram afetados, acrescenta a nota, que cita que o furacão causou inundações costeiras graves, ventos fortes e chuvas pesadas, principalmente na parte norte de Camagüey até Artemisa.

O relatório observa que um milhão, 863 mil e 589 pessoas foram protegidas e deslocadas antes da chegada do furacão Irma, entre elas 11.689 continuam a receber o apoio do Estado, com alimentos e outros recursos de primeira necessidade em Ciego de Ávila, Camagüey, Villa Clara, Holguín, Sancti Spíritus, Havana, Las Tunas, Matanzas e Guantánamo.

Quanto à habitação, os registros mostram 158.554 pessoas afetadas: 14.657 devido aos deslizamentos de terra totais e 16.646 aos parciais. Além disso, 23.560 habitantes sofreram destelhamentos totais de suas casas, enquanto 103.691 tiveram danos parciais nos telhados de suas moradias.

É reportado também que os conselhos provinciais de defesa estão trabalhando ativamente em Havana, Matanzas, Villa Clara, Cienfuegos, Sancti Spiritus, Ciego de Avila, Camaguey, Las Tunas e Holguín; bem como outros 57 conselhos municipais de defesa desses territórios, com o objetivo de realizar as ações de recuperação, com a maior brevidade possível.

O comunicado acrescenta que, para atender a esta grave situação, o Governo decidiu que o Orçamento do Estado deverá financiar 50% do preço dos materiais de construção vendidos para a população afetada pela destruição total ou parcial de suas casas.

Da mesma forma, enfatiza que 50% do preço de varejo atual dos bens de consumo foi subsidiado para a população afetada, incluindo colchões, produtos de limpeza e higiene pessoal, equipamentos de cozinha e outros utensílios domésticos.

Em casos de maior necessidade, o subsídio estatal foi de 100% para alguns sortimentos.

O informe afirma também que os inventários desses recursos e materiais de construção foram imobilizados na rede comercial e disponibilizados aos conselhos de defesa provinciais para atenção prioritária às vítimas.

Após a fúria do furacão Irma, cerca de 900 estabelecimentos de venda de alimentos foram disponibilizados, com preços módicos, nas áreas mais afetadas.

Do mesmo modo, os armazéns e outras unidades de varejo foram transferidos, a fim de manterem a venda de cestas básicas às famílias, além de outros produtos com a venda subsidiada.

O informe menciona que imediatamente após a passagem deste evento meteorológico, muitas doações começaram a ser recebidas, vindas de governos, associações de amizade com Cuba, empresas, organizações não governamentais, universidades, instituições religiosas, entre outras.

“Essas demonstrações de solidariedade, a que agradecemos em nome do povo cubano e do governo, complementam os esforços do nosso país para compensar danos e são distribuídas às vítimas, através de sistemas de distribuição estabelecidos”, ressalta a nota oficial.

Acrescenta que a comercialização de materiais de construção está sendo potencializada também com o uso de recursos disponíveis no país e a contribuição de indústrias locais.

As medidas organizacionais implementadas incluem a expansão da rede de vendas para aproximá-la das vítimas, juntamente com a seleção e capacitação de pessoal.

O relatório oficial indica que o Sistema Elétrico Nacional está praticamente restaurado e 99,9 % dos consumidores já recebem este serviço, apesar do imenso impacto que afetou quase todo o país, além de duas torres de alta-tensão, 3.166 postes, 2.176 quilômetros de linhas de transmissão, 1.379 transformadores, 1.300 quilômetros de conexões e 10 subestações, que foram totalmente danificados.

As províncias que ainda permanecem afetadas são Villa Clara, Sancti Spíritus, Ciego de Ávila e Camagüey, mas estão com cerca de 98% de restabelecimento.

No mesmo dia da divulgação do balanço esperava-se concluir, fundamentalmente, a restauração de circuitos secundários e primários no país, segundo o comunicado.

O informe ressalta que no processo de restauração do sistema elétrico do país é necessário destacar o trabalho das brigadas de apoio misto, que foram criadas nos territórios afetados para cobrir os serviços de limpeza, poda, abertura de buracos e o transporte de postes.

Quanto às comunicações, os principais danos foram causados ​​ao sistema telefônico, com a interrupção de 246.707 serviços telefônicos fixos e 1.471 de dados.

Além disso, 312 bases de rádio para telefonia móvel, 27 torres e 4.764 postes de transmissão foram danificados. Até agora, 95,3 por cento dos serviços de telefonia e dados, e de rádio e televisão foram restaurados.

A declaração do Conselho de Defesa Nacional diz que, em relação às vias, cerca de 537 quilômetros foram danificados e que o maior impacto ocorreu nas planícies de pedra das estâncias turísticas de Santa María e Coco, em que o trânsito já foi restaurado e o trabalho continua para alcançar a plena recuperação.

Em relação às inundações costeiras provocadas pelo Irma, o comunicado indica os efeitos de uma área da Via Blanca, na província de Mayabeque, bem como dos túneis da Baía de Havana, da Quinta Avenida e da Rua Line, na capital, o que exigiu trabalho ininterrupto para extrair grandes volumes de água.

A restauração dos sistemas técnicos dessas importantes rotas de comunicação de Havana foi alcançada em apenas 13 dias e para o próximo fim de semana já será possível novamente fazer a caminhada pela avenida do Malecón, que também foi gravemente danificada.

Em relação ao dano no setor educacional, o relatório destaca que, apesar dos efeitos, “o ano letivo recomeçou em todo o país, graças à recuperação de um número significativo de escolas e à implementação de outras alternativas nos territórios mais afetados”.

No caso da Saúde Pública, 289 das 980 instituições danificadas foram reparadas, o que não impediu a vitalidade do sistema, que continua a fornecer todos os serviços de saúde à população.

Além disso, foi possível conseguir estabilizar a situação epidemiológica, cuja atenção continua a ser priorizada..

“No campo, os principais efeitos foram concentrados na área da avicultura, com 466 granjas com grandes danos; dessas, 348 já estão totalmente prontas pra o trabalho.

Cerca de 95 mil hectares de várias culturas foram atingidos pelo furacão, dos quais mais de 35 mil foram recuperados, dentre eles destacam-se 20 mil hectares de bananais

“Também estão sendo desenvolvidas plantações emergenciais de hortaliças e outros vegetais, vários cultivos de ciclo curto, para garantir o fornecimento desses produtos à população”, acrescenta o informe.

No setor açucareiro, cerca de 338 mil hectares de cana foram destruídos, principalmente em Camagüey, Ciego de Ávila, Villa Clara e Matanzas, embora 180 mil já tenham sido recuperados e se trabalha incansavelmente nos demais, cujos danos estão entre 3 e 20% no momento, de acordo com o relatório.

Há também um trabalho intenso na restauração dos 20 moinhos de açúcar localizados no norte de Camagüey, Ciego de Ávila e Villa Clara,”que representam 40% do total de moinhos do país”.

No setor do Turismo, apesar dos sérios danos, “o trabalho foi intenso, o que permitiu que praticamente todos os centros turísticos do país já prestem serviços, com exceção de Chaves do Norte de Villa Clara e Ciego de Ávila, que reiniciarão suas operações no início da alta temporada e terão todas as suas instalações prontas para o 15 de novembro.

Por outro lado, a informação indica que as chuvas que acompanharam o furacão Irma favoreceram a situação hidrológica da ilha, impactada por uma seca intensa durante mais de três anos.

“A acumulação da precipitação em setembro atinge 256,4 milímetros, o que representa 137% da média histórica deste mês. As províncias onde mais choveu são Sancti Spíritus, Camagüey, Ciego de Ávila e Villa Clara, enquanto os menos favorecidos são Artemisa e Havana, bem como o Município Especial de Isla de la Juventud.

Os reservatórios, entretanto, acumulams 6 bilhões e 302 milhões de metros cúbicos, equivalentes a 68,4 por cento da capacidade total.

Quanto à rede de água, 99% dos aquedutos foram recuperados. Quatro sistemas estão interrompidos: três em Camagüey e um em Villa Clara, estes afetam 6.961 pessoas, que têm o fornecimento de água potável assegurado, por meio de carros-tanque.

As autoridades cubanas continuam trabalhando no processo de elaboração dos relatórios de avaliação de danos, sob a direção do ONEI. Além disso, a Agência de Meio Ambiente desenvolve as avaliações de impacto ambiental pós-desastre.

Finalmente, o Conselho Nacional de Defesa reconhece o excelente trabalho das Regiões Estratégicas e dos conselhos de defesa provinciais, municipais e locais.

Igualmente destaca-se o apoio e a disciplina da população que, juntamente com organizações de massas e outras organizações, tem trabalhado duro no saneamento e higienização, ações em que também há a participação significativa dos ministérios das Forças Armadas Revolucionárias e do Interior.

“Para que o país se recupere no menor tempo possível de todos os danos causados ​​pelo furacão, é essencial manter o trabalho conjunto e o espírito de luta que sempre distinguiu nossos combatentes”, destaca o relatório.

Fonte: Granma, tradução de Maria Helena De Eugênio para o Resistência

Compartilhe: