Preso político nos EUA
Independentista porto-riquenho Oscar López Rivera é libertado após 36 anos de prisão nos EUA
O independentista porto-riquenho Oscar López Rivera, que passou 36 anos na prisão nos Estados Unidos, assinou sua libertação definitiva nesta quarta-feira (17/05) em um tribunal federal norte-americano em San Juan, capital de Porto Rico.
Rivera, de 74 anos de idade, foi um dos 209 presos a terem sua pena comutada pelo então presidente Barack Obama em janeiro. Assim como Chelsea Manning, o independentista foi libertado definitivamente hoje, embora já estivesse em prisão domiciliar na casa de sua filha, em San Juan, desde fevereiro.
Momentos antes de entrar no tribunal, Rivera instou a população porto-riquenha a “não se resignar, a lutar, a não se conformar”, em relação à dominação norte-americana sobre a ilha caribenha, oficialmente um Estado Livre Associado aos EUA.
“Podemos superar tudo o que está acontecendo, nunca vamos nos render e se amamos esta pátria temos a obrigação de defendê-la”, disse o ativista, que passou 12 de seus 36 anos de prisão em uma cela solitária e sem contato com seus familiares.
Nascido em San Sebastián, no Porto Rico, em 1943, Oscar López Rivera foi veterano de guerra do Vietnã, pela qual foi condecorado com a Estrela de Bronze. Em Chicago, onde vivia, participou de movimentos pela defesa dos direitos dos porto-riquenhos, e em 1976 passou a ser membro das FALN (Forças Armadas de Libertação Nacional), movimento a favor da independência do Porto Rico, colônia dos EUA desde 1898.
A Justiça norte-americana condenou Rivera em 1981 a 55 anos de prisão por “conspiração sediciosa” contra os EUA, aos quais foram adicionados outros 15 anos em 1988 após uma suposta tentativa de fuga.
Ele criticou as privatizações de entidades estatais que têm ocorrido em Porto Rico e acusou o governo “colonialista” da ilha de colocar em prática políticas impostas por Washington.
“A política de privatizações que tem sido promovida em Porto Rico por quase três décadas provocou a maior fuga de cérebros da história” e está “destruindo a economia” da ilha, afirmou.
Ele também condenou a decisão da Secretaria de Educação de Porto Rico de fechar 179 escolas públicas com o objetivo de poupar 7,7 milhões de dólares, a serem aplicados no pagamento da dívida pública da ilha, que chega a 70 bilhões de dólares.
Rivera classificou a Junta de Supervisão Fiscal, entidade imposta pelos EUA para reestruturar a dívida de Porto Rico, como “criminosa” e “ameaça à pátria”.
“Gostaria que os EUA desistissem desse mau hábito de usar suas estruturas para chegar à população e criar um ambiente de hostilidade e violência”, disse em referência ao intervencionismo norte-americano na região, especialmente em relação à crise política na Venezuela.
Ele prometeu retomar seu ativismo pela independência de Porto Rico e visitar os 78 municípios da ilha para dialogar com a população.
Ao ficar definitivamente livre, Rivera telefonou ao Herói da República de Cuba e presidente do Instituto Cubano de Amizade com os Povos (Icap), Fernando González, e confirmou que visitará a ilha em novembro próximo para reunir-se com as autoridades e o povo e retribuir todo o apoio dado a sua causa.
Durante a conversação telefônica, realizada na sede do Icap perante centenas de ativistas pela independência de Porto Rico, González transmitiu a seu interlocutor a alegria sentida ao escutá-lo novamente, pois ambos foram companheiros de cela nos Estados Unidos.
O herói cubano rememorou os anos juntos na prisão como os melhores de seu período de encarceramento, se é possível que de alguma maneira os anos de privação de liberdade sejam bons, principalmente quando se cumpre uma pena por defender uma causa justa.
González felicitou o povo porto-riquenho e assegurou que são muitos no mundo aqueles que se alegram com a definitiva liberdade de Oscar López Rivera. E manifestou sua confiança em que Rivera continuará contribuindo para a luta pela descolonização e a independência de sua terra.
Com Opera Mundi e Prensa Latina