História
Há 79 anos triunfava em Stalingrado o heroísmo popular soviético
Em meio às tensões militares atuais, os povos rememoram a batalha que mudou o curso da Segunda Guerra Mundial, escreve o dirigente comunista José Reinaldo Carvalho
Por José Reinaldo Carvalho (*)
Há 79 anos, no dia 2 de fevereiro, o Exército Vermelho Soviético, contando com o inaudito heroísmo das massas populares, triunfava num dos episódios mais importantes da Segunda Guerra Mundial – a Batalha de Stalingrado.
A vitória às margens do Volga sobre um exército que se julgava invencível, mudou o curso da Guerra Patriótica dos povos soviéticos e criou as condições para decidir o desfecho da Segunda Guerra Mundial. Stalingrado foi o prelúdio da grande ofensiva soviética que só terminaria a 2 de maio de 1945 com a definitiva aniquilação da Wehrmacht de Berlim e o hasteamento da bandeira comunista na cúpula do Reichtag.
Estava em plena execução a Operação Barbarossa, iniciada pelos nazistas em junho de 1941. Os alvos principais eram as cidades de Leningrado, a capital Moscou e o parque industrial da região de Stalingrado.
O objetivo dos nazistas com a Operação Barbarossa era a conquista fulminante da União Soviética. Chegaram às portas de Moscou mas foram rechaçados.
O rápido avanço inicial transformou-se em um avanço lento e penoso. Em meados de 1942, a cidade de Stalingrado tornou-se um objetivo fundamental para Adolf Hitler. A cidade era um parque industrial importante da União Soviética, ficava às margens do Rio Volga e era porta de entrada para a região do Cáucaso, rica em minério e petróleo.
É sempre bom lembrar que não havia ainda sido aberta a segunda frente de guerra na Europa Ocidental. As potências europeias ainda nutriam a esperança de que os nazistas batessem a União Soviética, presas de uma mentalidade que combinava a “desonra” com a “derrota”, para usar as expressões de um dos seus líderes, Winston Churchill. “Vocês tinham a escolha entre a guerra e a desonra; vocês escolheram a desonra e terão a guerra”, dizia, em discurso na Câmara dos Comuns britânica, em outubro de 1938, após a assinatura dos acordos de Munich. “Escolhemos uma derrota sem guerra, e as consequências disto nos acompanharão em nossa rota”.
Diante da inexistência de uma segunda frente na Europa Ocidental e depois de ser contida na batalha de Moscou, em dezembro de 1941, a Alemanha nazista lançou novas divisões na frente de guerra contra a União Soviética.
A ocupação de Stalingrado era uma manobra estratégica dos alemães a fim de novamente abrir caminho para ocupar Moscou. O comando soviético compreendeu os planos hitleristas e atribuiu grande importância à batalha em defesa de Stalingrado. Milhares de cidadãos, mobilizados pelo Partido Comunista, imbuídos de patriotismo revolucionário, trabalhavam afanosamente para fortificar a cidade.
Depois de combates sangrentos, os alemães penetraram em Stalingrado. O comando militar soviético, com o povo em luta, criou as condições para uma forte contraofensiva. Em novembro de 1942, o Exército Vermelho lançou-se ao ataque e cercou as forças alemãs.
Na cidade ocupada irrompeu o heroísmo de massas, o povo lutou homem a homem, cada casa era uma trincheira, cada centímetro do território urbano foi disputado a bala. Ao todo, cerca de 2 milhões de pessoas morreram durante os combates travados em Stalingrado.
Em 2 de fevereiro de 1943, a batalha de Stalingrado foi coroada com a vitória soviética. Stalingrado não se entregou, Stalingrado venceu.
O triunfo de Stalingrado teve extraordinária importância, assinalou o começo de uma virada radical não apenas no desenvolvimento da Grande Guerra Patriótica, mas também no desenvolvimento de toda a Segunda Guerra Mundial. Começava, como disse Stálin, o crepúsculo do exército alemão.
(*) Membro do Comitê Central e da Comissão Política Nacional do PCdoB, secretário-geral do Cebrapaz e editor do Resistência