João Amazonas (1912-2002)

Há 20 anos morreu João Amazonas, o dirigente que defendeu o PCdoB do oportunismo e do liquidacionismo

28/05/2022

Por José Reinaldo Carvalho (*)

Há 20 anos, no dia 27 de maio, faleceu o camarada João Amazonas . Eterna saudade. Quanta falta nos faz, à luta do povo, ao PCdoB, à frente democrática-popular , à atividade internacionalista. Ele combateu com todas as suas energias o revisionismo, a negação da teoria revolucionária do marxismo-leninismo, o oportunismo de direita e “esquerda”, o taticismo e o liquidacionismo.

Toda a sua ação como princpal dirigente do PCdoB, desde fevereiro de 1962 até finais de 2001, foi marcada pelo empenho para orientar o Partido contra esses desvios e defendê-lo em face das variadas ofensivas de inimigos externos e internos.

A refundação do Partido, em 18 de fevereiro de 1962, foi uma reação a esse fenômeno. O antigo partido, fundado em 1922, desviara-se de rumo, perdera sua essência, sob a liderança de Prestes, que avalizou as teses oportunistas do 20º Congresso do Partido Comunista da União Soviética e a Declaração de Março de 1958, adotada pela maioria do Comitê Central do PCB.

Amazonas sempre lutou pela frente ampla, advertindo ao mesmo tempo que o Partido nunca devia se dissolver nela. Era rigoroso com a organicidade do Partido , valorizava os militantes e os quadros. Foi crítico severo do carreirismo e das tendências personalistas . Estimulava a inteligência coletiva. Jamais subordinou os interesses supremos do Partido e do povo a caprichos pessoais de lideranças picadas pela mosca azul da celebridade.

Amazonas sempre esteve em sintonia com o desenvolvimento da realidade nacional. Legou-nos um Programa, no qual inscreveu sua sentença sobre a formação social brasileira e as classes dominantes: “O desenvolvimento deformado da economia nacional, o atraso, a subordinação aos monopólios estrangeiros e, em consequência, a crise econômica, política e social cada vez mais profunda são o resultado inevitável da direção e do comando do país pelas classes dominantes conservadoras. Constituídas pelos grandes proprietários de terra, pelos grupos monopolistas da burguesia, pelos banqueiros e especuladores financeiros, pelos que dominam os meios de comunicação de massa, todos eles, em conjunto, são os responsáveis diretos pela grave situação que vive o país. Gradativamente, separam-se da nação e juntam-se aos opressores e espoliadores estrangeiros. As instituições que os representam tornaram-se obsoletas e inservíveis à condução normal da vida política. Elitizam sempre mais o poder, restringindo a atividade democrática das correntes progressistas. A modernização que apregoam não exclui, mas pressupõe, a manutenção do sistema dependente sobre o qual foi construído todo o arcabouço do seu domínio”.

Percebendo que a luta democrática e patriótica pelo desenvolvimento nacional, a soberania nacional, em defesa da nação ameaçada pela voragem neoliberal, era no fundo um aspecto da luta de classes, inseparável da luta pelo socialismo na fase peculiar que o Brasil vivia, Amazonas era taxativo em suas conclusões acerca da evolução desse combate. No mesmo documento, o Programa Socialista, dizia: “Tais classes não podem mudar o quadro da situação do capitalismo dependente e deformado. Sob a direção da burguesia e de seus parceiros, o Brasil não tem possibilidade de construir uma economia própria, de alcançar o progresso político, social e cultural característicos de um país verdadeiramente independente. Na encruzilhada histórica em que se encontra o Brasil, somente o socialismo científico, tendo por base a classe operária, os trabalhadores da cidade e do campo, os setores progressistas da sociedade, pode abrir um novo caminho de independência, liberdade, progresso, cultura e bem-estar para o povo, um futuro promissor à nossa Pátria”.

(*) Membro do Comitê Central e da Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil. Foi vice-presidente do Partido, por indicação de João Amazonas e aprovação coletiva, de finais de 2001 a finais de 2005.

 

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