Fascismo, russofobia e anticomunismo na Ucrânia

27/07/2015

Há mais de dois anos a Ucrânia vive dramáticos acontecimentos, desde que, com o apoio das potências imperialistas ocidentais, fascistas travestidos de democratas ocuparam a Praça Maidan, no prelúdio do golpe de Estado que se consumaria em fevereiro de 2014.

Por José Reinaldo Carvalho, editor do Portal Vermelho

Desde então, a Ucrânia é um campo de prova para a aplicação de uma estratégia de cerco à Rússia, o que requer o aniquilamento da democracia e do partido comunista, alijado do governo desde o desaparecimento da União Soviética. É este o sentido da ofensiva atual do governo de Kiev, que decidiu proibir a participação do Partido Comunista nas eleições em todos os níveis, primeira etapa de um processo cuja finalidade é levar o partido à absoluta ilegalidade, numa demonstração de que o poder de Estado foi sequestrado por forças fascistas.

O grupo que se encontra no poder na Ucrânia mescla russofobia com anticomunismo. Promoveu a destruição dos monumentos dedicados a Lênin e aos soldados libertadores soviéticos na Segunda Guerra Mundial, cujo 70º aniversário da vitória transcorre este ano, revogando a lei sobre o status da língua russa, enviando bandos de criminosos aos centros industriais do leste, onde a população fala predominantemente a língua russa.

Chama a atenção também a utilização do território da Ucrânia para exercícios e manobras militares da Otan, braço armado dos Estados Unidos e da União Europeia na luta geoestratégica pela hegemonia mundial, suficiente para demonstrar-nos que acontecimentos em plagas assim distantes interessam-nos de perto, porque está em jogo a paz mundial.

É carregada de hipocrisia a argumentação das autoridades ucranianas para justificar a perseguição aos comunistas. O Ministério da Justiça diz que se baseia na lei que introduz o veto às ideologias comunista e fascista.

Ora, precisamente as forças políticas que mais se destacam no processo ucraniano são os fascistas, nomeadamente o “Setor de Direita”, cujas ações nada ficam a dever aos comandados de Hitler.

Comunismo e nazismo são ideologias e orientações políticas antípodas e inconciliáveis. A amarga experiência da Segunda Guerra Mundial é significativa a esse respeito. Lamentavelmente, as “democracias” ocidentais fecham vergonhosamente os olhos diante das ações dos herdeiros de Bandera, o cúmplice de Hitler.

Para rememorar: ucraniano nacionalista, Stepan Bandera foi chefe executivo regional da organização de extrema-direita Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN) e comandante da organização militar ucraniana Exército da Insurreição Ucraniana (UPA), que operava na clandestinidade na região da segunda República Polonesa, que ocupava grande parte do território ucraniano. O movimento que Bandera liderava era racista, propunha a instalação de um Estado ucraniano “puro”, sem lugar para outras etnias. As bandeiras rubro-negras do Exército da Insurreição Ucraniana (UPA) foram visíveis nas manifestações de 2013-2014 transmitidas pelas emissoras de televisão. Quando os nazistas invadiram a União Soviética, Bandera foi um ativo colaboracionista. Foi naquele momento que as suas “limpezas” deram mais resultado. Estima-se que cerca de 70 mil poloneses foram exterminados, além de ter colaborado com o “desaparecimento” de cerca de 200 mil judeus.

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