Fascismo

Fascismo cresce na Europa

11/02/2017
Candidata da extrema direita a presidente da França, Marine Le Pen

Na mesma perspectiva xenófoba de Donald Trump, o governo britânico decidiu suspender sem aviso prévio o programa de acolhimento de crianças refugiadas. A chanceler da Alemanha Ângela Merkel também tomou medida anti-imigração esta semana, para acelerar e aumentar a deportação de imigrantes. Na França, a candidata a presidente, Le Pen, de extrema direita e com mais chances de vencer as eleições, também apresenta o mesmo discurso nacionalista e xenófobo de Trump.

Segundo relata o jornal El Mundo, o anúncio foi recebido “com tristeza e choque” pelo arcebispo de Canterbury, Justin Welby, que encabeçou as petições pelo restabelecimento do programa criado há quatro meses para acolher 3.000 menores de idade desacompanhados dos campos de refugiados da União Europeia.

“Devemos resistir e dar as costas para as preocupantes tendências que estamos vendo no mundo”, disse Welby, referindo-se implicitamente à ordem executiva do presidente norte-americano Donald Trump que impediu a entrada de refugiados sírios nos EUA com o objetivo declarado de “proteger” os cidadãos do país contra a ameaça do terrorismo islâmico, ordem que foi suspensa há poucos dias por decisão judicial.

O programa britânico foi impulsionado pessoalmente pelo Lord Alf Dubs, sobrevivente do Holocausto, que conseguira a aprovação de uma emenda no Senado instando o governo a abrir as portas do país para as crianças refugiadas acampadas em Calais, na França.

Dubs reconheceu sua “frustração” com o anúncio e anunciou que pressionará novamente o parlamento para forçar a primeira-ministra Theresa May a cumprir seus compromissos.

A premiê britânica justificou a sua decisão nesta quinta-feira (9) em uma entrevista coletiva, alegando que o Reino Unido já recebeu “um bom número de crianças e famílias” e é o segundo maior doador internacional (com uma contribuição de 2 bilhões e 800 mil euros) em ajuda humanitária para os refugiados da guerra na Síria.

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, chegou a um acordo com os governadores dos 16 estados alemães nesta quinta-feira (9) para acelerar e aumentar o número de deportações dos estrangeiros que não conseguirem obter asilo no país.

A governante, que vive a expectativa de uma disputa acirrada nas eleições de setembro, vem defendendo a ideia de um grande esforço nacional para garantir que os imigrantes ilegais deixem a Alemanha rapidamente.

Atualmente, as deportações ficam a cargo dos governos estaduais, mas, como destaca a agência AP, altos funcionários federais têm deixado claro que Berlim deseja ter mais influência sobre o processo.

Em conversa com jornalistas após o encontro da última quinta-feira (9), na capital, a chanceler e os governadores disseram que vão trabalhar juntos para elaborar novos regulamentos. Uma das ideias, ainda segundo a AP, é criar diversos “centros de saída”, para onde os estrangeiros seriam levados antes da deportação, de forma a garantir o controle das autoridades sobre seu paradeiro até a data da saída efetivamente.

De acordo com os planos, aqueles imigrantes com poucas chances de conseguir asilo no país teriam suas solicitações processadas e seriam forçados a deixar a Alemanha, se for o caso, apenas algumas semanas depois de sua chegada. E os que concordassem em voltar para seus países voluntariamente, antes do final do processo, receberiam um incentivo financeiro do governo alemão.

Em 2016, cerca de 280 mil pessoas solicitaram asilo na Alemanha, contra 890 mil em 2015. Aproximadamente, 25 mil foram deportadas do país no ano passado.

O fascismo também está em evidência nas eleições da França. A candidata de extrema-direita à presidência da França, Le Pen, apresentou seu programa em comício em Lyon e reforçou discurso nacionalista.

A candidata à presidência da França pelo partido Fronte Nacional, Marine Le Pen, disse que em seu governo será privado o direito de dupla cidadania às pessoas que podem representar uma ameaça à segurança nacional.

“Duplas cidadanias com a ficha ‘S’ (indicador usado pela polícia para marcar indivíduos que possam apresentar ameaça à segurança nacional) serão privados do seu passaporte francês… e enviados de voltar aos seus países”, disse Le Pen em comício neste domingo (5).

O programa da Le Pen também prevê o restabelecimento das fronteiras nacionais, a saída da zona Schengen, o restabelecimento das estâncias aduaneiras.

No que diz respeito à “luta contra o terrorismo”, Le Pen sugeriu proibir todas as organizações ligadas de alguma forma ao islamismo fundamentalista, fechando mesquitas designadas pelo Ministério do Interior como vinculadas a extremistas e proibindo o financiamento estrangeiro de locais de culto.

As promessas pré-eleitorais de Le Pen parecem ir na esteira da campanha do presidente dos EUA, Donald Trump, que, usando de uma retórica nacionalista, repetidamente disse que sua prioridade é retornar empregos e negócios para os Estados Unidos e “contratar americanos”.

As pesquisas mais recentes mostram que Le Pen está à frente na disputa presidencial com 24% das intenções de votos, contra 21% do ex-primeiro-ministro François Fillon.

Resistência, com Sputnik Brasil

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