Colômbia
Farc sobre o resultado da eleição presidencial na Colômbia: “Uma alternativa política começa a emergir”
A Força Alternativa Revolucionária do Comum (Farc) divulgou, neste domingo (17) uma declaração sobre o resultado das eleições presidenciais colombianas. Segue a íntegra:
Declaração
O processo eleitoral que termina hoje é um evento sem precedentes na história recente do país.
A ausência de atos de violência, tanto no dia das eleições parlamentares, como nos dois turnos das eleições presidenciais, somada ao aumento significativo de eleitores, são indicadores de uma nova realidade que tem sua origem, entre outros fatores, no Acordo de Havana.
Outro indicador desta nova realidade foi que, neste segundo turno, pela primeira vez em nossa história, duas opções diametralmente opostas se confrontaram. Isso indica que, como resultado do descontentamento de milhões de colombianos com o atual sistema econômico e social, uma alternativa política começa a emergir, distinta daquelas que tradicionalmente têm governado o país. A opção dos milhões de excluídos e esquecidos.
Este processo eleitoral é, sem dúvida, um avanço na conscientização de um número muito importante de colombianos que, com sua participação eleitoral, assumem uma posição de mudança e transformação social.
Conhecido o resultado, que aponta como vencedor o candidato Iván Duque, a Força
Alternativa Revolucionária do Comum (FARC) manifesta sua disposição de reunir-se com o presidente eleito para apresentar seus pontos de vista sobre a implementação do Acordo de Paz.
A totalidade das forças políticas, econômicas e sociais que sustentam o programa governamental do candidato Iván Duque não pode se deixar levar por enganos, em face da responsabilidade que pesa sobre seus ombros neste momento histórico. Interpretar o resultado como uma autorização para ignorar o que foi feito em termos de paz e para fugir aos compromissos assumidos pelo Estado, contra a sociedade colombiana e a comunidade internacional, terá como único resultado levar a nação a um novo ciclo de violência múltipla; algo que as gerações presentes e futuras nunca perdoariam.
É necessário que o bom senso seja imposto; o que o país exige é uma paz integral, que nos leve à esperada reconciliação, baseada no bem-estar social, na verdade, na justiça, na reparação integral às vítimas do conflito e na garantia da não repetição. Burlar este propósito não pode ser um plano de governo.
Portanto, nunca como agora, a unidade de todos os setores se torna mais urgente, acreditamos na possibilidade de um futuro diferente do caminho pelo qual a nação tem sido conduzida desde a declaração de nossa independência. O resultado eleitoral da Colômbia Humana mostra que isso é possível.
Somente esta unidade, transformada em organização e mobilização, poderá deter a tentação dos setores mais reacionários da política nacional de aprofundar os ódios e as diferenças de todos os tipos, com o único propósito de perpetuar seus privilégios.
Conselho Político Nacional – Força Revolucionária Alternativa do Comum – FARC
17 de junho de 2018
Tradução da Redação do Resistência