Guerra contra a Síria
EUA erguerão postos de observação no norte da Síria
O Pentágono planeja instalar alguns “postos de observação” ao longo da fronteira entre a Síria e a Turquia para atender às preocupações turcas em torno das relações de Washington com as Unidades de Proteção Popular curdas, consideradas terroristas por Ancara.
Especialistas estão seguros de que o desejo dos EUA de permanecer militarmente na Síria se relaciona tanto com a necessidade de prestar assistência militar à Turquia como de continuar lutando contra o terrorismo internacional.
Os postos de observação permitirão que os EUA “entrem em contato com os turcos e os avisem se virmos algo saindo de uma área em que operamos”, declarou o secretário da defesa James Mattis a repórteres na quarta-feira (21).
O grupo Forças Democráticas da Síria (FDS) anunciou o desejo de combater o chamado Estado Islâmico (Daesh, em árabe) na região, mas tem limitações militares por sofrer bombardeios do exército turco. As FDS são aliadas dos EUA, mas a Turquia as considera uma divisão síria do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que é considerado na Turquia como organização terrorista.
“Nosso posicionamento sobre o PKK é claro. Nós não designamos as FDS como uma organização terrorista, da maneira que designamos o PKK”, declarou o enviado dos EUA para a Síria, James Jeffrey.
O lado turco, por sua vez, observou que os Estados Unidos deveriam reconhecer ambas as organizações como terroristas. No entanto, os Estados Unidos se recusam a fazê-lo. Falando com o canal russo RT, especialistas russos indicam que a instalação de postos de observação não é um sinal de amizade dos EUA com a Turquia, mas apenas uma medida política.
“Se eles não tiverem esse contato, a presença deles no território da Síria parecerá ilegal. É claro que os Estados Unidos estão tentando não perder o que sobrou da cooperação com a Turquia, que é membro da OTAN e um país aliado dos EUA”, disse Yuri Rogulev, diretor da Fundação Roosevelt da Universidade Estatal de Moscou.
Segundo o especialista, os Estados Unidos mascaram suas ações na luta contra o Daesh (organização terrorista proibida na Rússia) com o terrorismo internacional. Antes lutaram em território iraquiano, e agora eles estão no território da Síria, onde ninguém os chamou.
“Eles contam com algumas resoluções do Conselho de Segurança sobre a necessidade de combater o terrorismo, mas, ao mesmo tempo, sabemos que [EUA] mantêm relações com grupos que são considerados terroristas”, acrescentou o especialista.
Outro analista, chefe do Centro de Estudos Político-Militares do Instituto dos EUA e do Canadá, Vladimir Batyuk, tem certeza de que Washington está tentando por todos os meios deixar seus militares na região.
“A própria presença de tropas norte-americanas no território sírio sem o consentimento do governo legítimo deste país é uma violação grosseira do direito internacional. Os Estados Unidos estão fazendo todo o possível para, sob qualquer pretexto, manter sua presença militar nesse país árabe”, afirmou.
Maria Zakharova, representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, expressou preocupação em relação às ações norte-americanas na Síria e relembrou os recentes ataques aéreos da coalizão ocidental, durante os quais civis foram mortos.
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia ressalta que “mantendo presença militar ilegal na Síria [sem objetivos concretos e prazo], Washington deixa escapar que não está interessado em superar em breve a crise neste país”.
O presidente Vladimir Putin, em outubro último, declarou que as regiões da Síria patrocinadas pelos EUA ainda enfrentam problemas. Segundo ele, os norte-americanos confiam nas formações armadas curdas, mas não cumprem seu objetivo.
Portanto, em várias localidades ainda existem representantes do Daesh ampliando sua presença.
“Nosso posicionamento consiste em, depois de resolver uma série de questões, inclusive após a vitória final contra o terrorismo, retirar todas as tropas estrangeiras do território da Síria”, concluiu Putin.
Ao mesmo tempo, os Estados Unidos continuam sancionando a Rússia. Recentemente, os Estados Unidos acusaram empresas russas de ajudar no fornecimento de petróleo iraniano à Síria. Os EUA consideraram que Teerã gasta o dinheiro recebido dessa maneira para financiar o Hamas e o Hezbollah.
Omar Nashaba, editor do jornal Al-Akbar, disse em entrevista ao RT que o exército sírio continua operações militares com o apoio da Rússia e do Irã para destruir essa organização terrorista e seus grupos associados, mas os EUA impõem sanções ilegais àqueles que lutam contra o Daesh.
Resistência, com Sputnik