Rússia

Em resposta à política de Trump, Putin apresenta novo armamento nuclear: “Ocidente deve entender que não conseguiu conter a Rússia”

01/03/2018

O presidente russo Vladimir Putin falou, nesta quinta-feira (1º) sobre a blindagem estratégica alcançada pela Rússia e prometeu uma resposta imediata e contundente a qualquer tipo de ataque de armas nucleares contra o país e seus aliados. O discurso de Putin foi uma clara resposta ao anúncio feito por Donald Trump, no início de fevereiro deste ano, quando o presidente estadunidense anunciou a Nuclear Posture Review (NPR), a Revisão da Política Nuclear, onde, sem meias palavras, prometeu “expandir, desenvolver e modernizar o arsenal de armas nucleares”.

O presidente Putin também não usou de meias palavras. Para uma plateia de mais de mil convidados, advertiu que uma agressão com qualquer tipo de arma nuclear, seja tática, de baixa intensidade, ou estratégica, terá a resposta mais forte e imediata por parte do potencial estratégico russo.

O presidente citou seu próprio discurso de 2004, quando advertiu as potências ocidentais sobre a necessidade de discutir um sistema de segurança global, mas ninguém quis ouvir a Rússia, disse ele.

Putin advertira, no encontro de 2004, que seu país trabalharia para encontrar soluções adequadas para as tentativas de desenvolver sistemas antimísseis que colocassem em risco a sua capacidade de reação nuclear, ressaltando que não se tratava apenas de retórica.

Refiro-me àquela reunião, para mostrar que nunca fizemos nenhum segredo disso, sempre deixamos claro a todos, mas ninguém queria falar sobre isso, quando nos propusemos a conversar. “Ninguém quis nos ouvir então, que nos ouçam agora”, criticou.

Para demonstrar tais afirmações, Putin interrompeu seu discurso em várias ocasiões, na sala Manezh, que tem a maior capacidade e as melhores condições tecnológicas, para mostrar gravações de vídeo, nos quais a operação dos novos armamentos russos pode ser vista.

Entre esses armamentos está o novo míssil balístico intercontinental Sarmat, que deve substituir o Voevoda, conhecido no Ocidente como Satanás, que foi mostrado pelo líder russo. O novo míssil tem mais de uma dúzia de ogivas nucleares com autopropulsão e vetor de controle remoto independente.

As ogivas nucleares podem voar a uma velocidade supersônica, o que as torna imbatíveis com os sistemas antimísseis existentes hoje no mundo.

Além disso, Putin confirmou a existência de um submarino-drone, alimentado por energia nuclear, com gama de ação intercontinental e velocidade várias vezes maior do que os submersíveis existentes no momento no planeta. A esse submarino, junta-se um torpedo com características semelhantes.

Para essas duas armas, testadas com sucesso em dezembro passado, ainda não há nomes, então esperamos sugestões no site oficial do Ministério da Defesa, disse Putin.

O mandatário russo referiu-se também a um novo bloco de foguete, impulsionado por energia nuclear, que pode voar de forma independente, sem limites para o seu alcance, em uma faixa desde perto da superfície da Terra até alturas próximas à estratosfera.

Para isso, o armamento funciona com um princípio semelhante ao de um meteorito, porque pode atingir uma superfície com mais de mil graus centígrados. Nesse novo foguete, foram usados novos tipos de materiais, explicou o presidente russo.

Foram apresentados outros armamentos, como o sistema Kinzhal, que pode ser lançado a partir de um plano interceptor com um caminho que altera o vetor em sua trajetória, sem limite de distância para a sua rota, bem como um novo canhão laser, cujo funcionamento também foi mostrado em um vídeo.

O presidente russo esclareceu que milhares de cientistas russos trabalharam em todos esses projetos, muitos deles jovens e embora, em alguns casos, se baseassem em projeções da antiga União Soviética, são produções modernas, elaboradas nos últimos anos.

A tarefa consiste em alcançar que grande parte dos princípios tecnológicos utilizados para a defesa do país, sejam aplicados na vida civil, ressaltou.

Sei que, em algum momento, outros países poderão apresentar armamentos similares. Isso não nos preocupa, em absoluto, porque já os temos e logo teremos outros, declarou Putin.

As tentativas de conter a Rússia com sanções e outras medidas para reduzir seu potencial de defesa ou tecnológico, fracassaram, constatou.

Com Prensa Latina

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