Anti-imperialismo

Em Guantânamo, seminário internacional pede fim das bases militares estrangeiras 

14/05/2019

Realizou-se entre os dias 4 e 6 de maio, na província cubana de Guantânamo, o sexto Seminário Internacional pela Paz e a Abolição das Bases Militares Estrangeiras, organizado pelo Movimento Cubano pela Paz e a Soberania dos Povos (MovPaz) e outras entidades, em parceria com o Conselho Mundial da Paz (CMP).

Participaram do evento 90 pessoas de 35 países. A presidenta do CMP, Socorro Gomes, e o presidente do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), Antônio Barreto, lideraram as delegações das respectivas entidades e tomaram a palavra. A diretora do Cebrapaz Maria Ivone de Souza também participou.

Em entrevista à Prensa Latina, Socorro Gomes alertou que o mundo está à beira da guerra, o que preocupa sobremaneira as entidades que integram o CMP. Entre as táticas preocupantes estão a política de acosso e cerco imposta pelo governo Trump aos países da região, com sanções ilegais e unilaterais. Os EUA, por exemplo, apropriam-se dos recursos da Venezuela para financiar um autoproclamado presidente golpista respaldado pelo império para colocar em prática seus planos. Também ameaçam Cuba e tentam condicionar sua política externa em prol dos seus interesses geopolíticos.

Para Socorro, na entrevista e em seu discurso, fatos recentes como o destacamento da Quarta Frota da Marinha estadunidense na região, em conjunto com as medidas citadas, revelam o objetivo do imperialismo, que é o de intimidar e aterrorizar aqueles que se oponham aos seus ditames. Por isso, para impedir a confrontação na América Latina, “é preciso apelar à consciência dos povos, para que detenham essa política irracional e o domínio e saque dos nossos países.” E é assim que, passados 70 anos da sua fundação, o CMP continua vigente: “as causas que o originaram seguem presentes.”

Da mesma forma, Fernando González, presidente do Instituto Cubano de Amizade com os Povos (ICAP), disse à televisão cubana que “Tudo o que se fizer pela paz no mundo é importante, há um compromisso da parte de Cuba e de todos os seres humanos conscientes no mundo com a manutenção da paz diante das reais ameaças que existem em diferentes partes do planeta, e bastante próximas de nós, para destruir essa paz”.

Segundo González, citado pela Sputnik, “o evento se realiza no lugar mais indicado do nosso país, aqui em Guantânamo, onde existe uma presença ilegal há mais de 100 anos, de uma base militar norte-americana, contra a vontade do nosso povo e do nosso governo”. Os EUA ocupam parte da província cubana desde 1903, em território onde mantêm uma base naval e um centro de detenção condenado mundialmente pelas violações dos direitos humanos e humanitários em que se sustenta.

Falando no evento, o presidente do Cebrapaz Antônio Barreto condenou a “doutrina neocolonial do imperialismo estadunidense”, com consequências evidentes. “Na América Latina e Caribe, até recentemente contávamos com diversos governos progressistas, que clamavam e desenvolveram ações pela unidade e pela soberania das nações (…), mas muitos governos regionais aliaram-se ao imperialismo e continuam a permitir a construção de mais bases militares nos seus territórios, a exemplo do Paraguai, Argentina e, se depender do presidente do Brasil, também lá,” continuou Barreto, denunciando a concessão da Base de Lançamento de Satélite de Alcântara pelo governo Bolsonaro aos EUA.

Moara Crivelente, no Cebrapaz

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