Península Coreana
“Desnuclearizar”, o verbo que pode prejudicar o diálogo entre Coreia do Norte e EUA
Por Benito Joaquín, enviado especial da Prensa Latina a Pyongyang
A chamada ”desnuclearização” pode quebrar o diálogo marcado para 12 de junho próximo entre o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, e o presidente dos EUA, Donald Trump.
É que o conceito tem diferentes acepções em Pyongyang e Washington.
Desnuclearização significa para a República Popular Democrática da Coreia (RPDC), pôr fim a seu programa de desenvolvimento de armas nucleares e avançar até conseguir a paz em toda a Península Coreana.
Pyongyang nunca expressou que eliminará a mais letal arma defensiva e persuasiva conseguida em cerca de 70 anos de construção do socialismo.
Tal ideia está sublinhada no texto do comunicado conjunto divulgado por Pyongyang e Seul, em Panmunjom, em 27 de abril passado, depois da reunião entre Kim e seu homólogo sul-coreano, Moon Jae-in.
Também ficou confirmada recentemente quando em outra ação de total transparência em sua atual audaz ofensiva de paz, a RPDC anunciou que entre os próximos dias 23 e 25 de maio, dará fim ao campo de prova nuclear situado em um afastado vale em meio a uma cordilheira desabitada do norte do país.
Tal acontecimiento, impensado por qualquer prestidigitador em dezembro de 2017, poderá ser verificado pela imprensa estrangeira acreditada em Pyongyang.
Contudo, a desnuclearização significa outra coisa para Washington.
Os Estados Unidos entendem que o mencionado verbo quer dizer desfazer-se das armas nucleares, desmantelá-las e transportá-las até o principal centro de pesquisa nuclear de Oak Ridge, Tennessee, em territótio estadunidense.
Isto implica também que a RPDC desbarate, destrua cada parafuso de sua usina de urânio.
Desnuclearização completa, verificável e irreversível é o que os EUA exigem por intermédio de seu secretário de Estado, Mike Pompeo, encarregado pelo presidente Trump dos preparativos para a cúpula RPDC-EUA.
Pompeo, que visitou Pyongyang há pouco dias pela segunda vez em menos de um mês, reconheceu no último fim de semana que o mandatário Kim não se comprometeui com o conceito de desnuclearização de Washington.
Tal posição é óbvia, a história da humanidade demonstra com fatos contundentes o caráter, a filosofia belicista, expansionista e de conquista do imperialismo norte-mericano.
Desnuclearizar-se “a la americana” não é uma opção que se visualiza nem no longínquo horizonte da Coreia do Norte.
O encontro marcado para a segunda terça-feira do próximo mês de junho em Singapura entre Kim e Donald Trump está próximo mas também longe pelas diferentes interpretações sobre o que é desnuclearizar.
Tradução da Redação do Resistência