Sionismo
Coplac reafirma que o sionismo é uma forma de racismo
Confederação Palestina Latino-americana e do Caribe lança campanha internacional de esclarecimento, assinalando que o sionismo é uma forma de racismo. Leia o texto na íntegra.
Quando, em 10 de novembro de 1975, a Assembleia Geral das Nações Unidas emitiu sua Resolução 3379 que definia o sionismo como uma forma de racismo o fez em rejeição aberta ao caráter supremacista com o qual o Estado de Israel abordou a ocupação do território palestino e a opressão e submissão do povo nativo que ali habitava, contrariando todas as normas do direito internacional e as resoluções da ONU sobre o assunto.
Mais tarde, em 1991, a referida resolução foi revogada pelo mesmo órgão em troca do Estado de Israel se comprometer com o diálogo de paz na segunda rodada de negociações do Quarteto de Madri, formado pela ONU, Estados Unidos e União Europeia e Rússia.
Israel violou todos os acordos, incluindo os Acordos de Oslo, assinados em 1993 pelo martirizado presidente Yasser Arafat e então primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin, na presença do presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton. Rabin foi posteriormente assassinado por um terrorista de extrema direita israelense, transformando os acordos em uma carta morta e agravando o processo de instalação de colônias, todas ilegais sob o direito internacional, no território destinado a construir um Estado palestino soberano com Jerusalém Oriental como sua capital.
Hoje, quase 700.000 colonos usurpam terras pertencentes aos palestinos na Cisjordânia sob a proteção do exército de ocupação israelense, transformando cidades e vilarejos palestinos em um grupo de ilhas no meio das colônias, sem continuidade territorial, com estradas segregadas onde os palestinos não podem transitar, com postos de controle militares fixos e móveis, projetados para dificultar a vida cotidiana de um povo inteiro, impedido de viver uma vida normal sob ocupação.
No próprio Estado de Israel, autodeclarado como “Estado Nação do Povo Judeu” vive 20% da população palestina e não judia, que na caracterização israelense são cidadãos de segunda e terceira categoria, em circunstâncias que qualquer pessoa de religião judia pode emigrar para Israel com todos os direitos e oportunidades que o povo palestino em sua própria terra lhe é negado.
Tudo isso responde à ideia sionista primária de obter a maior quantidade possível de território, com a menor quantidade possível de população nativa, o que marca claramente a concepção racista e supremacista da criação do Estado de Israel que, além do mais, desenvolve uma campanha internacional destinada a confundir a opinião pública, querendo instalar a ideia de que o anti-sionismo ou a crítica às políticas do Estado de Israel contra o povo palestino são uma expressão do antissemitismo, algo que rejeitamos e negamos categoricamente visto o grande número de judeus que, em todo o continente, militam lado a lado conosco, reivindicando o inalienável direito palestino à autodeterminação.
Sabemos que a tarefa é árdua para trazer clareza a todos os setores dos países em que vivemos como palestinos e descendentes de palestinos.
Por esse motivo, convidamos todos os governos e todas as organizações da sociedade civil em nosso continente a se unirem e se tornarem parte dessa campanha de divulgação e esclarecimento sobre a natureza de uma ideologia que hoje permite que um Estado subjugue um povo inteiro à opressão mais vergonhosa que viola os direitos humanos fundamentais, que aprisiona crianças, prende administrativamente quem quiser, sem acusações formais, que bombardeia civis na Faixa de Gaza e os submete a condições subumanas, impossibilitando a manutenção da vida.
Por tudo isso, iniciamos esta campanha para que a Assembleia Geral das Nações Unidas restabeleça a definição de sionismo como uma forma de racismo nos mesmos termos em que foi promulgada em 1975, tornando-a equivalente ao regime do Apartheid que então prevalecia na África do Sul.
O Sionismo, uma forma de racismo.
América Latina e Caribe, 6 de agosto de 2020.
Comitê Executivo da Coplac
Rafael Araya Masri, presidente