Colômbia
Conferência das Farc proclama: “Acabou a guerra, vamos todos construir a paz!”
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (Farc-EP) apresentaram nesta sexta-feira (23) a declaração da Décima Conferência Nacional Guerrilheira, na qual reiteraram a aprovação em sua totalidade do Acordo Final de Paz e sua transição para se transformar em partido político.
“Acabou a guerra, vamos todos construir a paz!” – foram as primeiras palavras do comandante Ivan Márquez ao ler a declaração final da Conferência.
“A conferência determinou que o Acordo Final de Paz seja aprovado em sua totalidade e decidiu instruir todas as estruturas de blocos e de frentes, nossos comandos e toda a nossa militância para que este seja acolhido e respeitado; referendamos assim nosso compromisso irrestrito com o cumprimento de tudo o que se acordou”, leu Márquez.
Indicou também que as Farc-EP esperam que o governo “atue com a devida correspondência”.
A declaração final da Décima Conferência das Farc-EP ressalta que “o acordo final contém um grande potencial para a abertura de uma transição política para a transformação da sociedade colombiana” e a materialização de seus direitos.
O acordo de paz com o governo colombiano deve servir para o “bem-viver de homens e mulheres, da classe trabalhadora, povos indígenas, a comunidade LGBTI” e, em especial, os jovens.
Márquez, na leitura da declaração, chamou os jovens colombianos a “abraçar e proteger os acordos, a acompanhar e exigir sua implementação”.
“Alcançaremos os propósitos comuns de conquistar uma paz com justiça social, a reconciliação nacional e a democracia avançada para a nova Colômbia”, leu o comandante insurgente.
O partido político se formaria em maio de 2017
Na declaração política da Décima Conferência Nacional Guerrilheira, a militância das Farc-EP decidiu tomar todas as medidas necessárias para a transição da estrutura política-militar para um novo partido político”.
Se todos os acordos de paz forem implementados, a primeira reunião das Farc-EP como movimento político se realizaria em maio de 2017.
As Farc-EP asseguraram que convocarão a uma grande convergência nacional que abarque o espectro das lutas sociais, políticas e econômicas do país.
“A grande convergência deverá ter a capacidade de construir poder social, político e popular desde baixo e ao mesmo tempo disputar o poder do Estado nos espaços institucionais de eleição e representação”, leu Márquez.
Timochenko: “É o tempo da paz na Colôombia”
O chefe máximo das Farc-EP, Timoleón Jiménez Timochenko, expressou que “é o tempo da paz na Colômbia” e o anseio de que “nunca mais os colombianos e as colombianas se levantem em armas para que suas demandas sejam escutadas”.
“Não há argumento civilizado para atiçar o fogo de uma guerra que se apaga”, disse.
Também destacou o significativo aporte da comunidade internacional nas negociações, das Nações Unidas, dos países garantidores Cuba e Noruega, e os países acompanhantes Venezuela e Chile.
Timochenko manifestou o inabalável compromisso das Farc-EP com o cumprimento do acordado em Havana, Cuba. “E se o governo o cumpre, a vida dos camponeses mudará e eles poderão ter melhores condições de vida”.
“Temos a oportunidade de construir uma democracia que não deve ser somente política, mas também econômica e social”, acrescentou.
Cerimônia nacional
Com a presença de 15 presidentes, 27 chanceleres e três ex-presidentes, se realizará na cidade colombiana de Cartagena de Índias na próxima segunda-feira (26) a cerimônia de assinatura do acordo de paz entre o governo da Colômbia e as insurgentes Farc-EP. A Prefeitura decretou feriado para celebrar o dia cívico.
Aproximadamente 2.500 pessoas entre representantes da comunidade internacional, as vítimas do conflito, meios de comunicação, personalidades públicas, autoridades do governo, dirigentes de partidos políticos serão testemunhos desse momento histórico, no qual se porá fim a 52 anos de enfrentamento entre o governo e as guerrilheiras Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (Farc-EP).
Também estará presente o secretário geral das Nações Unidas, o presidente do Conselho de Segurança da ONU e os dirigentes dos principais organismos globais do planeta.
Com Telesul e Prensa Latina