África do Sul
CNA e PC Sul-Africano exigem demissão de Jacob Zuma
Na segunda-feira (12) uma reunião especial de emergência do Comitê Executivo do Congresso Nacional Africano (CNA) em Pretória, a capital administrativa do país, decidiu determinar que o presidente Jacob Zuma, que enfrenta várias acusações de corrupção, apresente sua demissão do cargo de presidente da república em 48 horas.
Pela constituição da África do Sul cabe ao partido majoritário no Parlamento indicar o presidente. Caso a demissão seja efetivada, deve assumir o cargo de presidente da república o atual vice-presidente Cyril Ramaphosa, que também é presidente do CNA, eleito em dezembro de 2017.
Nesta quarta-feira (14), quando termina o prazo dado pelo Comitê Executivo do CNA para a apresentação do pedido de demissão, Jacob Zuma declarou que considera injusta a determinação do seu partido e afirmou que não irá renunciar.
O CNA passa então a considerar a hipótese de apoiar uma moção de censura ao ainda Presidente, que deverá tramitar no Parlamento já nesta quinta-feira (15). “Não podemos manter a África do Sul esperando mais, a decisão deve ser implementada e agora devemos proceder com o processo parlamentar”, afirmou o tesoureiro-geral do CNA, Paul Mashatile.
O Partido Comunista Sul-Africano (PCSA), que integra e é uma das organizações fundadoras do CNA, emitiu uma nota no dia 10 de fevereiro, portanto antes da decisão do Comitê Executivo, onde denunciava que Jacob Zuma recorre ao “tribalismo e a mobilização étnica” para se manter no poder. O PCSA foi a primeira organização do CNA a exigir a saída do presidente. Após a decisão do CNA de pedir a demissão, os comunistas emitiram nova nota, nesta terça-feira (13), onde “congratulam-se com o fato de o Congresso Nacional Africano ter, por fim, se decidido sobre a necessidade urgente de o presidente Jacob Zuma demitir-se (…) A decisão deve abrir caminho para uma autocorreção profunda e decisiva e uma maior unidade do CNA e da Aliança (…) As tarefas imediatas incluem o desmantelamento das redes de parasitas em torno do nosso Estado e de lidar de forma decisiva com a captura corporativa do Estado e outras formas de corrupção (…) A prioridade deve ser dada à redução radical e eventual eliminação dos altos níveis de desigualdade de classe, raça e gênero e o desenvolvimento desigual entre áreas urbanas e rurais, desemprego, pobreza e insegurança social”. Leia abaixo a íntegra da nota emitida no dia 10, traduzida pela redação do Resistência.
Informe do Partido Comunista Sul-Africano sobre a situação no país
O Partido Comunista Sul-Africano condena, com toda a veemência, o tribalismo e a mobilização étnica, incluindo a de Amabutho (Regimento Zulu), das quais o presidente Jacob Zuma vem participando, aparentemente como uma estratégia de seu plano para continuar no poder.
O PCSA reitera a decisão de o presidente Zuma renunciar e o CNA permanecer intransigente se o presidente recusar a demitir-se. A Constituição do nosso país exige que o Presidente una a nação e não a divida. A conduta do presidente Zuma é imprudente e inaceitável. O PCAS convoca todos os sul-africanos para unirem-se em defesa do país e não permitir o fim da nossa democracia duramente conquistada.
Mais uma vez, o PCSA desafia o presidente Zuma a negar ou confirmar seu posicionamento urgentemente e, levando em conta seu desespero, acreditamos na informação de que o presidente se prepara para demitir o vice-presidente Cyril Ramaphosa, a qualquer momento, e substituí-lo por Nkosazana Dlamini-Zuma, que tem sua preferência para assumir o cargo de presidente interino, caso seja removido da presidência. Dlamini-Zuma foi o candidato apoiado pelo presidente Jacob Zuma na 54ª Conferência Nacional do CNA, realizada em dezembro de 2017. Nesse sentido, fica muito evidente que o presidente Jacob Zuma já estava determinado a dividir e destruir o CNA, por meio de uma conduta de camarilha, sem quaisquer constrangimentos.
O PCSA apela a todo o movimento comunista, assim como a todo o povo sul-africano, para que rejeitem as formas retrógradas de mobilização e de abuso do poder estatal, na tentativa de manipular e polarizar ainda mais as políticas internas do CNA e da Aliança Política.