Economia

China aplica novas taxas a 128 produtos provenientes dos EUA

02/04/2018

A China anunciou a imposição de novas taxas a 128 importações provenientes dos EUA, com início para esta segunda-feira (2), em resposta às taxas impostas pelos EUA sobre as importações de aço e alumínio, em vigor há uma semana.

A Comissão de Taxas Alfandegárias do Conselho de Estado decidiu impor uma taxa de 15% sobre 120 produtos, incluindo frutas dos EUA, e uma taxa de 25% em 8 produtos, como a carne de porco, de acordo com um comunicado publicado no domingo no website do Ministério da Fazenda.

A comissão, liderada pelo ministro das Finanças, Xiao Jie, disse que as tarifas têm como alvo assegurar os interesses da China e equilibrar as perdas causadas ao país pelas novas taxas estadunidenses sobre as importações de aço e alumínio.

Durante um comunicado do Ministério das Finanças, comentando a decisão, a China instou os EUA a recuar com as medidas protecionistas, que violam as regras da OMC, para normalizar o comércio bilateral.

Os EUA começaram a impor uma taxa de 25% sobre as importações de aço e 10% nas de alumínio a 23 de março, sob a Seção 232 do Ato de Expansão Comercial dos EUA de 1962, no qual as importações estrangeiras alegadamente representam uma ameaça à segurança nacional.

A ação, anunciada a 1º de março, desencadeou uma forte resposta por parte dos parceiros comerciais dos EUA, que prometeram uma retaliação.

As novas tarifas levantaram preocupações de que os consumidores e empresas estadunidenses que usam o aço e o alumínio como matérias-primas sejam lesados pelo aumento dos custos.

A campanha sem fins lucrativos “Farmers for Free Trade”, liderada por Max Baucus, ex-senador democrata do estado do Montana, e por Richard Lugar, ex-senador republicano do Indiana, veiculou anúncios nas principais redes televisivas norte-americanas, advertindo Trump para os efeitos adversos das taxas nos agricultores americanos, muitos dos quais votaram em Trump nas eleições presidenciais de 2016.

Economistas e especialistas de comércio expressaram que esta medida poderá alavancar medidas semelhantes por parte de outros países, usando o pretexto da segurança nacional para justificar medidas protecionistas semelhantes.

Dan Ikenson, diretor do centro para estudos de políticas comerciais do Cato Institute, comparou o protecionismo de Trump, justificado pela segurança nacional, com a abertura de uma caixa de Pandora. “A durabilidade das regras baseadas num sistema comercial será testada como nunca antes, com a segurança econômica global na corda bamba”, disse.

Os principais exportadores de aço e alumínio para os EUA: Canadá, México, União Europeia, Coreia do Sul, Austrália, Brasil e Argentina, estão excluídos desta taxa, por enquanto. Não incluída nos 10 principais exportadores de aço para os EUA, a China não está isenta.

A China anunciou primeiramente, a 23 de março, a lista dos 128 produtos dos EUA, no valor de 3 bilhões de dólares, que estarão sujeitos às novas taxas, após um período de discussão pública.

As tensões sino-estadunidenses aumentaram dramaticamente nos últimos tempos, após as taxas da Secção 232 e a assinatura de um memorando presidencial por Donald Trump, a 22 de março.

O memorando prevê a imposição de tarifas de até 50 bilhões de dólares de importações da China, bem como restrições ao investimento chinês nos EUA, de acordo com a Secção 301 da investigação do Ato Comercial dos EUA de 1974, sobre as políticas e práticas de propriedade intelectual da China.

A China apelou à resolução das disputas econômicas e comerciais através do diálogo e de negociações. Contudo, deixou a garantia que iria tomar medidas retaliatórias para defender os seus direitos e interesses legítimos.

Os receios de uma guerra comercial foram minimizados nos últimos dias, após ambas as partes expressarem a disponibilidade para negociar. O representante comercial dos EUA, Bob Lighthizer, disse na semana passada estar “esperançoso” de que ambas as partes encontrem uma solução para evitar as tarifas da Secção 301.

Adam Posen, presidente do Instituto Peterson para a Economia Internacional, disse que uma guerra comercial desencadeada pelas últimas taxas de Trump, poderiam provar a sua “economia Afeganistão – cara, ilimitada, infrutífera”.

Fonte: Diário do Povo Online

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