Opinião

Brasil e Cuba, uma amizade indissolúvel

15/09/2023

Presença de Lula em Havana simboliza a amizade, a cooperação e a gratidão por Cuba

Por José Reinaldo Carvalho (*) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita a República de Cuba nesta sexta-feira (15), onde manterá contatos de alto nível com o Governo Revolucionário encabeçado pelo presidente Miguel Díaz-Canel, firmará convênios que alargarão as relações bilaterais e participará na Cúpula do Grupo 77+China, atualmente sob a presidência rotativa da ilha. A visita de Lula marca a retomada das relações de cooperação entre os dois países, que foram praticamente interrompidas durante o governo Jair Bolsonaro (PL). A comitiva de Lula contará com a presença de ministros, que devem assinar acordos em diferentes áreas.

Desde junho de 1986, quando Brasil e Cuba reataram as relações diplomáticas rompidas com a instauração da ditadura militar em nosso país em 1964, Brasil e Cuba têm mantido uma relação proveitosa para ambos os lados, uma relação entre países amigos, com benefícios mútuos, impacto positivo na região latino-americana e caribenha e para a luta anti-imperialista, quando os intercâmbios foram desenvolvidos entre o Governo Revolucionário de Cuba e os governos progressistas do Brasil, sob Lula e Dilma. Durante os governos dos presidentes Sarney, Collor, Itamar e Fernando Hdenrique Cardoso, apesar das diferenças políticas e ideológicas, as relações bilaterais permaneceram amistosas, deteriorando-se apenas na vigência do governo de extrema direita de Jair Bolsonaro, que em seu fanatismo anticomunista e reacionário rebaixou as relações e chegou mesmo a ameaçar rompê-las. 

A amizade entre Brasil e Cuba remonta a décadas, marcada por laços culturais e históricos profundos. Ambos os países compartilham uma herança de luta contra o colonialismo e o imperialismo. Esses laços de amizade se refletem em cooperações nas áreas de saúde e educação, nas quais médicos e professores cubanos têm desempenhado um papel fundamental em comunidades carentes do Brasil.

A relação entre Brasil e Cuba é, em grande parte, mutuamente benéfica. Enquanto o Brasil se beneficiou da mão de obra médica cubana para atender às necessidades de saúde de suas populações mais vulneráveis, Cuba recebeu créditos. Além disso, a cooperação em áreas como agricultura e biotecnologia também trouxe benefícios significativos para ambos os países. O fluxo de comércio ainda é modesto, da ordem de 293 milhões de dólares, superavitário ao Brasil em quase 100 por cento. 

Durante os governos progressistas liderados por Lula e Dilma, a relação entre Brasil e Cuba assumiu uma feição anti-imperialista. Ambos os países têm se oposto ao domínio imperialista e defendido a autodeterminação dos povos. Esta postura conjunta tem sido evidenciada em fóruns internacionais, como a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), onde Brasil e Cuba colaboram para fortalecer a integração regional. Os governos progressistas do Brasil se opuseram energicamente ao cruel bloqueio estadunidense à ilha. 

A parceria entre Brasil e Cuba também contribui para o multilateralismo global, especialmente no âmbito das Nações Unidas. Ambos os países compartilham posições comuns e se empenham na construção do mundo multipolar. 

Esta cooperação se manifestará com força renovada durante a cúpula do G77+China, um mecanismo voltado à busca por soluções globais para os desafios contemporâneos do desenvolvimento compartilhado. 

A visita de Lula a Cuba será um momento especial de gratidão. No Fórum de São Paulo de 2018, sediado em Havana e no Encontro Anti-Imperialista, um ano depois, o presidente cubano Miguel Díaz-Canel fez pungentes pronunciamentos em favor da libertação de Lula da prisão. O Partido Comunista de Cuba, o Governo Revolucionário e as organizações sociais da ilha lideraram uma campanha de coleta de assinaturas de cidadãos cubanos pedindo a libertação de Lula. No dia 2 de novembro de 2019, mais de 2 milhões de assinaturas de cubanos a favor da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram entregues à delegação brasileira presente no Encontro Anti-imperialista de Solidariedade, pela Democracia e contra o Neoliberalismo. O povo brasileiro jamais esquecerá.

(*) Jornalista, editor do Resistência, editor internacional do Brasil 247, secretário-geral do Cebrapaz – Centro Brasileiro de Silidariedade aos Povos e Luta pela Paz. Coordena a atividade de solidariedade internacional do Comitê Central e da Comissão Política Nacional do PCdoB. Este artigo orienta e assessora os dirigentes e membros do partido nessa atividade.

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