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Ban Ki-moon: situação dos refugiados sarauís é “inaceitável”

09/03/2016
O Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, visita forças de paz da Minurso durante sua viagem à região do Saara Ocidental. 5 de março de 2016. Foto porta voz da ONU

Ao apelar pelo alívio do sofrimento dos refugiados sarauís na Argélia, que se encontram em uma “situação inaceitável”, o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse que as partes envolvidas no conflito do Saara Ocidental não fizeram qualquer progresso real nas negociações, com vistas a uma solução política justa, duradoura e mutuamente aceitável.

“O que realmente mudou e, até mesmo, entristece-me foi a indignação. Muitas pessoas expressaram sua raiva – pessoas que há mais de quarenta anos viveram nas condições mais adversas e sentem que o seu sofrimento e suas causas foram esquecidos pelo mundo “, disse Ban Ki-moon à imprensa após um encontro com os refugiados e os representantes da juventude no acampamento de Smara e, mais tarde, com o secretário-geral da Frente Polisário, Mohamed Abdelaziz.

Os combates eclodiram entre Marrocos e a Frente Polisário após o final da administração colonial espanhola do Saara Ocidental, em 1976. Um cessar-fogo foi alcançado em setembro de 1991, e uma missão conhecida como Minurso foi encarregada de monitorar esse cessar-fogo e organizar um referendo da ONU sobre a autodeterminação no Saara Ocidental, que o Conselho de Segurança tem demandando desde 2004.

Neste ínterim, Marrocos apresentou um plano para a autonomia, enquanto a posição da Frente Polisário é de que a determinação da condição final do território deve ser decidida por meio de um referendo sobre a autodeterminação, o que inclui a independência como uma opção.

“Meu primeiro objetivo ao visitar a região foi fazer minha própria avaliação e contribuição para a busca de uma solução”, disse o executivo da ONU. “Meu segundo objetivo foi o de visitar a Missão das Nações Unidas para o Referendo no Saara Ocidental. Vou visitar o local onde está a equipe em Bir Lahlou, bem como o pessoal que executa as atividades vitais da extração de minas. ”

Ban Ki-moon acrescentou que ele pôde ver o trabalho “notável e eficiente” que a Missão vem fazendo, sob as duras condições do Hammada (deserto).

Espera-se que o Secretário Geral da ONU visite também a sede da Minurso, em Laayoune, Saara Ocidental.

“Em terceiro lugar, gostaria de dar meu testemunho de uma das tragédias humanitárias esquecidas dos nossos tempos. Os campos de refugiados sarauís, próximos a Tindouf, são alguns dos mais antigos do mundo. É doloroso ver aquelas famílias separadas por tanto tempo”, frisou, acrescentando que a situação é” inaceitável “e deve ser tratada independentemente do processo político.

O executivo da ONU observou ainda que o seu quarto objetivo é ” finalizar a situação de segurança”, uma vez que a ONU está preocupada com a criminalidade crescente, o tráfico de drogas e a possibilidade de extremistas e terroristas virem para a região.

“Ao mesmo tempo, eu estou apelando aos países doadores a aumentarem o seu apoio a esta população esquecida e a prestarem a sua ajuda humanitária para salvar vidas”, acrescentou. “Temos de mostrar que o mundo se lembra do povo sarauí. Com esta finalidade, convocarei em breve uma reunião em Genebra, entre os doadores e prestadores de assistência ao povo sarauí “.

Finalmente, o Secretário-Geral observou que a Reunião de Cúpula Mundial da Ajuda Humanitária será realizada em maio deste ano, em Istambul, e será uma oportunidade a mais para mobilizar a solidariedade global.

“Estou sensibilizado com a confiança que o povo sarauí tem nas Nações Unidas, em seus princípios e no direito internacional. Vamos combinar isso com a determinação de aliviar seu sofrimento e resolver este conflito, que vem de longa data, pensando no futuro de todos os sarauís “, concluiu.

Clique aqui e veja o vídeo, em inglês, com a visita de Ban Ki-moon.

Fonte: Representação da Frente Polisário no Brasil

Tradução: Maria Helena D’Eugênio para o Resistência

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